quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Cena 1

Cenário:
Uma sala ampla, vazia, a não ser por uma mesa e cadeira onde um sujeito está sentado absorto no seu trabalho. Há uma lámpada acessa suspensa logo acima de sua cabeça.

Ação:
- O sujeito está escrevendo e desenhando, agitado resmungando consigo mesmo, tentando organizar o atabalhoamento de ideias que querem sair.
Os papeis se amontoam enquanto o sujeito aumenta aos poucos a velocidade do traço e agora rí infantilmente enquanto rabisca.

- A lámpada dá uma piscada rápida... o sujeito para, olha em volta, e continua trabalhando (um pouco mais devagar agora).

- A lámpada pisca novamente. Finalmente apaga de vez, deixando a sala numa penumbra silenciosa.

- O sujeito para, deixa cair o braço, a mão, o lápiz... a cabeça.

- Murmura de si para si (mesmo porque estava sozinho): "des#$%...."

- Lentamente se levanta da cadeira e abandona a sala.

- Volta carregando uma sacola de papel. Vai até a mesa onde ainda paira a lámpada apagada. Abre a sacola e tira uma outra lámpada. Dessatarraxa (ufa!) a lámpada desligada e a troca por uma nova. Puxa o cordão do interruptor e a lámpada acende.

- "Humpf, cem anos meu pé!" Diz olhando com enfado a lámpada queimada.

- Senta novamente à mesa e aos poucos recomeça sua escrevinhação.

(fade-out)

domingo, 21 de outubro de 2012

Galinha vermelinha

Algumas coisas me molestam sobremaneira. Por isso, tento racionalizar sobre elas e desmontar em pedacinhos "esquecíveis" e facilmente perdidos pelo caminho. Para tal me aproveito de TODO o que possa me ajudar a encontrar forma e poder esquartejar o conceito. Fábulas e contos infantís se prestam enormemente para esta função. Um dos meus favoritos: "A Gansa dos Ovos de Ouro". Lembram?
Para mim um aviso: Cuidado com a ganância!

Pois bem, ando às voltas com uma situação recorrente a me incomodar, e hoje enquanto cozinhava me deixei divagar e revisando a tal situação fui parar na galinha do título acima.
Resumo da história (para quem não lembra):
1. uma galinha (vermelha. claro) encontra alguns grãos de milho;
2. ao invés de comé-los, decide aumentar e tirar proveito deles;
3. convida seus amigos a participar da empreitada;
4. ninguem quer colaborar, -é muito trabalho, é cansativo, não vêem lucro nem benefício-;
5. a galinha planta e colhe o milho;
6. com ele faz pão e o divide com seus pintinhos;
7. seus amigos pedem uma parte e reclamam quando não a recebem;
A galinha ainda tem muita paciência e explica todos os passos acima e porque não teve auxílio e tal e coisa não dividirá nada com eles.
Para mim parece que não consegue convencer os tais "amigos" da razão do seu proceder. Mas, isso será lá com eles.

Enquanto isso, cá no mundo real como se ajusta a tal historinha à minha situação?
Fácil; trabalho com conceitos intangíveis e informação explicita. Não se preocupe se não entende.
Siga meus passos e talvés consiga ver meu raciocínio.

Trabalho -entre outras coisas- na internet. Dou forma à informação. Transformo dados e histórias em imagens agradáveis e (às vezes até) atraentes para que sejam lidas (consumidas).
Não gosto de trabalhar com truques nem muletas que desviem a atenção para o suporte. Há de haver intenção até na ausência de significantes. E isto cria, no resultado final, atalhos para significados relativamente únicos. Tento evitar redundâncias que levariam o leitor à entropia, ou mensagens com vários significados divergentes.

Aprender a fazer isso não foi fácil. Ainda me lembro a alegria de poder criar código html que funcionasse em (quase) todos os browsers da época. Isso foi parte do aprendizado. Outra parte foi como ler e apresentar a leitura para um visitante ávido de informações e sensações.

Afinal, estamos na internet!! Tem que ser rápido, interativo, 3D, visually appealing, zip-zap!!!
E a informação é o de menos, não passa de mera coadjuvante.

Tento resgatar o significado, pô-lo à altura do seu significante no documento. Hierarquias de informação, alguns chamam de arquitetura da informação, outros de leitura. Eu almejo elegância visual (redundante?).
Isto tudo sem perder toda a qualidade que possa obter do código (lembram do html?) em que trabalhe. A argila não deixa de ser argila porque se transformou num vaso.
Pode dar o nome que quiser...

A apresentação do "resultado do meu trabalho" -notem as aspas- é a combinação do código com a hierarquia numa linha de significados que seja visualmente elegante. Quando escuto: "clean", meus cabelos da nuca arrepiam. Procuro a elegância de um perfume que não acabe com o oxigênio da sala. Odeio entrar num site onde TUDO chama desesperadamente a atenção ao mesmo tempo.
"Ô moço compra um lanche pra mim!! Eu! Eu! Eu!"
Saio correndo, não quero nem saber o que era! No entanto, ao fazer isto, ou fazer desta forma, o intangível adquire uma outra dimensão. A etérea, quase nada, imperceptível...

E aqui vem a parte que me irrita. Este exercício todo não é simples, preciso saber mexer com o código, mexer com a informação, saber um pouco de estética e ter alguma noção do público-alvo. Fora alguns programas e habilidades externas. Tudo isto finamente equilibrado para obter reações como: "tá caro", "você faz isso com as mãos nas costas", "tudo isso por cinco minutos do seu dia?", "pago depois, pode ser?", "tenho um sobrinho que faz isso em meia hora", "meus amigos falaram que não gostaram", "esse serviço vale menos", "ensine nossa auxiliar o que deve fazer para mudar", "posso pagar mês que vem?". Engraçado é que não se encontra um sobrinho, um amigo ou uma auxiliar quando TEM que ser feito!
Começar do zero ninguem quer!

E quem, como eu, vive disto não precisa de mais incómodos. Tente balançar fumaça na mão e terá uma amostra da sensação.

Há, contudo, casos em que as discussões podem dar passo a resultados interessantes. Me lembro de um ou dois casos em que, de tanto torrar sobre apresentação, houve mudanças significativas na qualidade da apresentação por parte dos clientes. Houve melhoras... eles finalmente entenderam. Conseguiram ver a diferença entre um slide e um slide bem feito.
Com a mesma informação.

Ninguem discute com o padeiro sobre o pão estar quente ou não, ninguem discute com o mecánico sobre a suspensão não ser Ferrari. Mas com desenhistas, ilustradores, fotógrafos freelancers deve haver um código tácito de condutas, tipo: "devo não nego, pago quando puder".
É isso?

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Lurker 1

"Seus instrumentos são tão toscos e primitivos que não conseguem registrar emanações particulares. Seus tomógrafos e sensores mais avançados não conseguem diferenciar minhas assinaturas daquelas de uma máquina de Capuccino com uma colher de arábica no moedor! Trabalham numa faixa tão estreita de leitura que me pergunto se vale a pena desperdiçar toda essa energia para obter um resultado tão primário.
Isso sem falar na leitura e interpretação dos resultados!! È como tentar encontrar foco em Seurat!!
Parecem macacos lendo fitas de cromatógrafo...

Ainda ir-ão aprender, mas minha paciência está acabando."


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O que não é abstração


Pensamos re-fazer a ponte entre a percepção e pensamento. Temos tentado mostrar que a percepção consiste na captação de elementos genéricos relevantes do objeto. Inversamente, pensar, na medida de ter algo para pensar, deve ser baseado em imagens do mundo no qual vivemos. Os elementos do pensamento na percepção e os elementos perceptuais no pensamento, são complementares. Transformam a condição humana em um processo unitário, que nos leva sem falhas da adquisição elementar de informação sensorial às ideias teóricas mais genéricas.

O traço essencial desse processo unitário cognitivo é que a cada passo ele envolve abstração.
Então, a natureza e o significado da abstração deve ser examinado com cuidado.
...


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sábado, 18 de agosto de 2012

Ócios

Se existem as condições para um novo mercado -seguindo a tese do Domenico De Masi- porque continuamos trabalhando cada vez mais, produzindo cada vez mais e aproveitamos cada vez menos?
Deveriamos pensar -e tentar aplicar- mais um novo projeto de vida e menos um ajuste contábil!!


Veja os paradigmas de De Masi em: http://www.youtube.com/watch?v=dQVVgqiV-lc

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Bibliotecas

Me lembro que, quando era criança e já frequentava escola, passava todo dia em frente à Biblioteca Nacional.
Naquele tempo ficava de frente ao Palácio Legislativo. (Estou falando de quando ainda vivia na Cidade de Panamá na República do Panamá.) Era um prédio velho, em estilo francês, com pé direito alto e vários andares. Eu achava o máximo. Nada me dava mais prazer do que TER que ir à biblioteca fazer pesquisa para desenvolver trabalho escolar! Intimamente achava que aquela quantidade de livros só podia ser algo pouco menos que um milagre, um portento. Uma sorte enorme ter, ao alcance das mãos, todo esse conhecimento.
Era um lugar mágico!!


As pessoas que trabalhavam lá então, deviam ser especiais.
Escolhidas a dedo, marcadas pela sorte como beneficiadas. Eu queria ser um bibliotecário! Ou, pelo menos saber onde guardar todos esses livros e ter acesso a eles.
O tempo passou, mudei de escola, mudamos para mais longe, contudo a biblioteca continuou um lugar especial.

Crescí e comecei a pensar seriamente em bibliotecário como modo de vida, mas nem sei porque, cresceu em mim a percepção de que todo aquele conhecimento que estava guardado lá, era estático. Parado.
Parado, até alguem vir fazer pesquisa e colocá-lo em movimento. O essencial era: parado, como num cemitério. "O lendário cemitério do conhecimento humano", tal como o dos elefantes. Um encontro de realidade e lenda. Mas, não um bom encontro.

Esta associação não me trouxe entendimento, nem explicou a coisa. Entendam, até então minha associação de cemitério não era homenagem, e sim, despedida. E despedidas, naquele então, não eram boas.
Mesmo hoje, raramente o são.
Tanto que abandonei completamente a ideia de ser bibliotecário.

A vida continuou e sempre o "conhecimento" como leitmotif no meio da canção aparecia e me dominava. Como aconteceu quando, em história, me apresentaram a Revolução Francesa e a Enciclopédia. Esta assumiu a dimensão de uma aventura muito maior do que aquela simples revolta popular, a troca de tiros e perdas de cabeça. Um regime acabou, uma época morreu e eu num canto querendo saber mais sobre aqueles sujeitos que pesquisavam e escreviam sobre conhecimento!
Estava irremediavelmente fisgado.

Comecei a faculdade e -adivinha meu lugar favorito- alias, meu lugar favorito de São Paulo?
Acertou: a biblioteca Mário de Andrade, no centro da cidade.
Sábado sim, sábado também, lá estava eu enfurnado na Biblioteca Municipal. Conhecia pelo cheiro, as ruas ao redor, poderia fechar os olhos e, não fossem as pessoas e os carros, andar sem bater nos postes pelos arredores.

Antes de acabar meu curso de Comunicação Visual na faculdade já intuia que informação fazia parte importante de qualquer projeto que fosse ser desenvolvido. A informação estava bem no centro do desenho, da imagem, da fotografia. E a incipiente tecnologia trazia velocidade à equação. Meu TCC: Sistema de Orientação Visual para o Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da USP. Que, depois de uma reunião surpresa com o então Superintendente do Hospital, se transformaria em uma análise de todo o complexo hospitalar para implementação de um sistema de orientação.
Coisa pouca. Hoje, olhando para trás, sinto calafrios.

Tem mais, mas tenho que interromper...

terça-feira, 17 de julho de 2012

Comentários à Sherazade

"
Um homem entra num restaurante com uma avestruz atrás dele.
A garçonete pergunta o que querem.

O homem pede :

Um hambúrguer, batatas fritas e uma coca.
E vira-se para a avestruz:
E você, o que vai querer ?

Eu quero o mesmo - responde a avestruz.

Um tempo depois a garçonete traz a conta no valor de R$ 32,50.
O homem coloca a mão no bolso e tira o valor exato para pagar a conta.
No dia seguinte o homem e a avestruz retornam e o homem diz:

Um hambúrguer, batatas fritas e uma coca.
E vira-se para a avestruz lhe perguntando o que queria:
Eu quero o mesmo - responde a avestruz.

De novo o homem coloca a mão no bolso e tira o valor exato para pagar a conta.
Isto se torna uma rotina até que um dia a garçonete pergunta:
Vão querer o mesmo?

Não, hoje é sexta e eu quero um
filé à francesa com salada. - diz o homem.
E eu quero o mesmo. - diz a avestruz.

Após trazer o pedido, a garçonete trás a conta e diz:
Hoje são R$87,60.

O homem coloca a mão no bolso e tira o valor exato para pagar a conta colocando em cima da mesa.
A garçonete não controla a sua curiosidade e pergunta:
Desculpe, senhor, mas como o senhor faz para ter sempre o valor exato a ser pago ? - E o homem responde:

Há alguns anos, eu achei uma lâmpada velha e, quando a esfregava para limpar, apareceu um gênio e me ofereceu 2 desejos.
Meu 1º desejo foi que eu tivesse sempre no bolso o dinheiro que precisasse para pagar o que eu quisesse.

Que idéia brilhante! - falou a garçonete.
A maioria das pessoas deseja ter um grande valor em mãos ou algo assim. Mas o senhor vai ser tão rico quanto quiser, enquanto viver!

É verdade, tanto faz se eu for pagar um litro de leite ou um Mercedes, tenho sempre o valor necessário no bolso. - respondeu o homem.

E a garçonete perguntou :
Agora, o senhor pode me explicar a avestruz ?

O homem faz uma pausa, suspira e responde:
Meu 2º desejo foi ter uma companheira com bunda grande, pernas longas, esbelta e que concordasse comigo em tudo... "

Viu?
Tem que pensar no que você pede.
I rest my case...

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sun Tzu 3


Meu irmão me lembrou:

"Concentre-se nos pontos fortes, reconheça as fraquezas, agarre as oportunidades e proteja-se contra as ameaças ".

Sun Tzu

Que Harvard Business School, que nada...

quarta-feira, 6 de junho de 2012

É óbvio, não é?


Estava pensando em como as coisas mais óbvias são, quase sempre, as mais difíceis de explicar. Ou pior: de perceber!

As vezes dá quase para perceber os padrões coloridos do "desenvolvimento humano" (isso mesmo, mas veja onde estamos). E como esses padrões se repetem por iteração (isso mesmo, de novo) em diferentes niveis. Como deveria ser; teoricamente.
Mas, ninguem está mais interessado.


domingo, 20 de maio de 2012

Stars my destination

"...

    Um homem de força física e de potencial intelectual atrofiados por falta de ambição. Reações reduzidas ao mínimo. Estereótipo do homem comum. Um choque inesperado poderia, eventualmente, despertá-lo, mas desconhecemos a chave. Não o recomendamos para promoção.
Foyle atingiu um beco sem saída.

..."




A. Bester

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Pós-Facebook

(Comentário 1)
Uma situação sui géneris onde o mínimo de interação somado cria um volume enorme de informação. Iteração? Se falarmos em fractais... Fractal.

(Comentário 2)
Estamos assombrados, como os marujos de Colombo, que viram a costa espanhola sumir no horizonte e esperam cair da beira do mundo a qualquer hora. Como eles, cometeremos muitos erros. Mas, no fim dará tudo certo.

(Comentário 3)
Confesso, comecei a escrever meu comentário anterior duas ou três vezes diferentes. Após pouco tempo, na re-leitura, me parecia que o que tinha escrito estava mais para: "Foi em Diamantina, onde nasceu JK, que a Princesa Leopoldina... " etc, e me dava vergonha de conseguir engendrar tanta sandice. Apagava todo rapidamente, antes que alguem visse minhas bobagens. Parei, como disse, várias vezes e me obrigava a ler outras coisas para desviar do assunto. Uma vez me peguei lendo um artigo sobre cooperação e co-evolução e depois outro do Ralph Abraham chamado "Human Fractals: The Arabesque in our minds". Da leitura deste saiu o meu comentário, muito sintetizado: "Estamos assombrados, como os marujos de Colombo..." para ilustrar o que vejo como nossa postura frente ao que a tecnologia e a internet têm feito com nosso modo de viver.

Acredito que acabamos de passar a soleira de uma nova e maravilhosa era. O começo está ainda visível no horizonte e o fim nem sequer podemos imaginar. Mudamos muito, mudamos todo dia, e a cada dia mudamos mais rápido.

Nossas tímidas experiências nos mostraram problemas que nunca imaginavamos poder vir a ter. 1984 veio e se foi sem maiores conseqüências. O ano 2000 fez o mesmo. 2012 então, so far, so good...

O que faremos com a tecnologia e não o que a tecnologia fará conosco é o "X" da questão. Às vezes nos esquecemos que somos nós -humanos- que fazemos as ferramentas e não o contrário. Temos, isso sim, que (re)aprender a "ser" sem a ferramenta. Aprender, primeiro, a usar a ferramenta universal: nosso cérebro. A sós e em grupos, e talvés essa passividade seja menor. Essa interação seja melhor. Quem me diz que as ideias dos formadores de opinião são as melhores? E, porquê deveria seguí-las sem questão? Não, não proponho, de modo algum, o abandono total da tecnologia e nem o descarte dos formadores de opinião. Uma e outros são úteis, cada qual ao seu modo. Mas sim, saber que existem e são permitidas, muitas outras opções além do "curtir" e "compartilhar". Mesmo sem o concurso obrigatório da tecnologia.

E então nossas tímidas experiências nos mostrarão soluções que nunca antes tinhamos imaginado.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Cult Inut

Na atual conjuntura das coisas, não existe mais a tal "cultura inútil". O fluxo de iterações é tanto que, ou assume as ligações ou o inútil é você.




09/05/2012




Muitas generalizações mas, assim está bom...

terça-feira, 1 de maio de 2012

O errado devo ser eu, claro!


Quando começo um projeto, primeiro tento imaginar o ambiente em que "vou trabalhar" (leia-se: onde meu cliente está inserido) e como é a ecologia desse ambiente. Como ele funciona.
Entender onde eu fui me meter... enfim.
As primeiras idéias recolho sempre dos clientes. O que ele faz, o que quer fazer, como quer fazê-lo, quais seus objetivos. As vezes, às duas últimas perguntas, eles não têm a menor idéia de como responder. Agradeceriam qualquer sugestão. Mais ou menos, começar do zero, literalmente.
Primeira nota: poucos sabem o que seja um Plano de negócio. Este processo não se faz com muitos rituais cabalisticos ou exercícios físicos extenuantes. Resumindo; é só prestar atenção, aprender.
De onde vem os tais comentários: "Você está trabalhando?" "Nem suou a camisa!", "Você só brinca!" "Você faz isso com uma mão nas costas!", "Nem levou cinco minutos para fazer!".
E depois começam a invocar o japonês: "Takaro nê!".

Estratégias podem ser comumente definidas como mapas de ação para obter ou atingir um resultado específico. Usualmente, quando bem feitas, elas deveriam contar com mais de um, e não menos de 3, caminhos diferentes e alternativos facilmente acessíveis entre eles. Os famosos: Plano B e C, que também devem ser conhecidos da equipe toda. Comumente, não existem e não o são. O que leva a, dadas as condições certas, aumentar o estresse e diminuir o desempenho das equipes. Em empresas grandes isso equivale à perda de um dente numa roda dentada. Outro belo passo nessa mesma desastrosa direção é a ignorância por parte da equipe da estratégia a seguir como um todo. As famosas estratégias de cima-para-baixo. Onde cada elemento age como se fosse separado de todo o resto por razões que somente a altíssima gerência e Deus devem saber. E, a vezes até o próprio Deus desconhece, afinal ele não é da gerência.
Em qualquer uma das direções que isso aconteça o resultado é sempre o mesmo: um desperdício enorme de todo tipo de energia para conseguir resultados aquem do ideal.

Merchant no seu livro "The New How" sobre estratégias colaborativas diz que, usualmente, as pessoas não são culpadas pelas falhas das estratégias. Principalmente quando estas são implementadas de cima para baixo. Hierarquicamente.
Mas, e quando não existe?


PS
Nestas últimas semanas, um antigo cliente, me ligou dizendo que estava contente com o resultado do meu serviço, que estava lançando nova linha de produtos e que tinha "descoberto" que estavam copiando a nossa idéia. Me lembro o quanto custou para convencé-lo sobre o conceito que estava propondo. E, confesso, não achei que o tivesse convencido de fato. O tempo mostrou que estava (mais ou menos) correto.

(continuarei...)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Consumo como afirmação


O consumo desenfreado, como vemos hoje em dia, nada mais é do que o reflexo da manipulação em massa da sociedade pelos artefatos da produção. O determinismo de Marx levado a extremos contemporaneos.
O consumo desenfreado é, de um lado a resposta esperada aos estímulos gerados pela máquina da produção e, de outro, um desvio -uma "maladie social"- sobre grupos e indivíduos que não conseguem diferenciar necessidade de consumismo. Consumo logo existo, se transforma num mantra popular.
Pequeno desvio: falar em consumo sem falar em produção é o mesmo que tratar da febre enquanto ignoramos ingenuamente a infecção que a provoca.

Desde os primórdios da Revolução Industrial, lá pela metade do século XVIII até os nossos dias, a produção tem tido aumentos exponenciais. Alguem tem que consumir essa produção!
Até para assim poder justificá-la!!

Os donos da produção, cegos às conseqüências, e em nome da 'inovação e desenvolvimento' oferecem a espaços curtos de tempo, produtos novos ou diferentes a uma sociedade de consumidores (leia-se: nós) pouco preparada para avaliar a real necessidade ou valor da oferta. E o esperado é que consuma!
Somos pouco mais do que variáveis em eqüações empresariais. Quem não consome é um desvio, um outlier já computado na eqüação. Um geek, um nerd, parente do ET de Varginha.

Lembremo-nos que falo de satisfação de necessidades -o que preciso (necessidade) é diferente do que quero (desejo). Ou, melhor; não são necessariamente a mesma coisa.

(tem mais... lamentávelmente)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Perigo Will Robinson!

Um destes dias enquanto esperava minha esposa no carro fiquei escutando no rádio uma entrevista de um "headhunter" que falava sobre motivação. A entrevista interessante, o "headhunter" parecia empolgado e o entrevistador não se perdia em assuntos tangenciais.
Tudo pronto para dar certo, certo?
Até que lá pelas tantas, nem me lembro qual a pergunta exatamente, o entrevistado saiu com esta pérola:
"Ninguem paga para você gostar do serviço."
(ou coisa que o valha).
TODOS meus alarmes começaram a tocar, apitar, buzinar, tremer, acender!
Quem era o tal entrevistado?
Goebels, por acaso?!
Ele passou os primeiros dez minutos falando sobre o desenvolvimento do funcionário e seu crescimento na empresa. Do seu conhecimento de metas e valores, processos e estratégias, e me sai com uma coisa dessas?
Acho que o cansaço e a empolgação conseguiram mostrar o verdadeiro Eu (dele) por trás desse melado todo.
Conseguiu, com 2 frases menores, mandar às favas o que teria sido, salvo esse faux-pas, uma ótima entrevista. Percebí que o tom de entusiasmo do entrevistador passou para: atenção.
A imagem que me veio à cabeça foi algo muito parecido com: "Perigo Will Robinson!".
Porque do susto?

A situação de interesse no serviço é conseguida muito mais facilmente se você gostar dele.
Certo?
Ou então, vendo o mesmo cenário de um ponto de vista diametralmente oposto; podemos colocar autómatos e máquinas para executar os processos, mas não podemos exigir nem esperar inovação ou desenvolvimento. Pelo simples fato de serem autómatos e máquinas.
Certo?

Mais uma vez, estamos falando de gente, pessoas!
Nenhum cargo ou posto temporário faz menos delas! Será que é tão difícil assim de entender?

Ou isso explicaria muitas coisas?
Quem sabe sou eu que estou ridiculamente enganado.
Certo?

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Parede branca


Uma das minhas mais velhas e caras memórias é sem dúvida uma parede branca.
Me lembro tinhamos acabado de mudar para um apartamento pequeno num prédio novo. A parede branca, oposta à janela, era iluminada pela luz do sol de uma forma indecente. Eu devia ter então uns 5 ou 6 anos, começava a entender --pelo menos-- algumas coisas.

Essa parede eu ENTENDIA!!

Lembro, fiquei um tempão ocupado sem ninguem para me interromper. Acho que me escutavam falar, logo deveria estar tudo bem. Criança brincando...
Até alguem passar pela minha obra. Tinha usado uma caixa de lápis de cor inteira para pintar um "mapa" na parede!

Pra mim, ainda faltavam alguns retoques aqui e alí, para minha mãe eu tinha ido longe demais. Vez por outra, ainda me lembro da sensação que tive ao desenhar naquela parede. Grande. Muito bom.
A primeira vez que explicitei limites distantes.

Toda vez que tenho que explicar conceitos óbvios para alguem me lembro daquela parede branca.
E, ao igual que aconteceu com minha mãe, eles poucas vezes entendem o bosque porque as árvores atrapalham.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Demolition Angel

Já prestou atenção em como, na auto-sabotagem, você não precisa se pintar ou vestir de preto, nem se esgueirar pelas sombras?
Você só não vai lá e não faz...
Pronto!


















Saíndo uma receita de auto-sabotagem no capricho (hold the onions!)