segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Mateus 21: Uma Metáfora de ROI

...

Hoje, a relação de utilidade (ROI) se dá, pragmática, pelo resultado da receita menos o custo sobre o custo multiplicado por 100. Uma equação simples.


Mas, e o que tem Mateus com isso?
Mateus 21, nos conta da ocasião em que Jesus Cristo expulsou os mercadores do templo. Convenhamos que templo, qualquer que seja, não é, teoricamente, o lugar mais adequado para fazer comércio de seja lá o que for. Sim?
Ou o importante "é levar vantagem em tudo", certo?
Mas, acredito, que aquilo tenha sido pouco mais que uma metáfora.

Contudo, o espírito era esse mesmo, os vendilhões estavam lá só pelo lucro. E, talvez por isso mesmo fossem limitados à visão do entorno.
Às favas a crença e a devoção!
Não entendiam, e pouco lhes interessava...

Vejamos:
Faz tempo, quando ainda fazia especialização, me surpreendia com o conceito de 'conhecimento velho' (sic) de alguns colegas. Digo, me surpreendia, pois para mim fazia tanto sentido quanto: jogar fora Pitágoras e seus triângulos gregos, visto que os celulares modernos (Smartphones) já vêm com calculadoras.
Espero não esquecer disso toda vez que me defrontar com algo, ou algum conceito novo.
Ou, mudando o viés um pouquinho, deveria apresentá-los a esta conferência de Kevin Kelly no TED 2005. Talvez percebessem, por fim, como neste caso a tecnologia muda a forma como as ideias são geradas.
E, por fim, talvez entendessem..

Pelo visto começaram a acreditar nos clichês mercadológicos que defendem que na novidade está a verdade, ou pior, que a verdade existe por ser nova. Antes eram outras verdades e inovações velhas (sic, de novo), não mais úteis.
Respostas imediatistas para perguntas seculares.
Adicionávamos velocidade, e para haver equilíbrio, eliminávamos o entendimento da equação.

Tempos depois, escrevi este comentário para um artigo sobre inovação e retorno do investimento.
A visão do sr. X (grande empresário paulista), é tendenciosa no mínimo.
Encaixa o redondo disruptivo no quadrado mercantil. Se a inovação não tem utilidade econômica, não atende ao ROI, não serve para nada.
Acabou de descrever... a música, por exemplo.


Disruptivo, pela própria acepção da palavra, quebra "paradigmas estabelecidos" (uff). Não se espera que preexistam modelos econômicos estabelecidos para obtenção de vantagens da inovação. Ou que os atuais sejam capazes de fazê-lo. O caminho É exatamente o inverso; primeiro a inovação, depois a adoção e sua aplicação em escala, e por último, lá vem o benefício pecuniário. $.

Depois, me corrijo: antes vem a cultura, que a inovação irá criar pelo simples fato de existir e ser replicada.

E, por outro lado, como estas inovações ocupam espaços subutilizados ou acabam criando espaços novos, a percepção de vantagens (de uso) criam mudanças (paradigm shifts) em outras áreas periféricas. Algumas impensadas.

Foi o caso da televisão com o cinema, por exemplo. Dos automóveis com os trens e o avião com o navio, para citar os mais óbvios. Os últimos "perderam valor" à medida que os primeiros eram cada vez mais adotados. E essa adoção sofria mudanças muito mais específicas a cada um deles, no processo.
Então vemos que, a adoção de um, não necessariamente, eliminará o outro.
Houve adaptações e mudanças.

Mudamos nós.
... 



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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Sobre Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil

Faz alguns dias, fui trabalhar na aplicação do exame do Enem.
Primeira vez que fico do outro lado da prova. No primeiro dia foram perguntas de respostas diretas. O segundo trazia a 'famigerada' redação. Famigerada porque, por algum motivo que me foge à compreensão, pensar e escrever se tornou algo terrível e extenuante para quem está se acostumando a perguntar ao Google. Se esquecem que o primeiro passo da criatividade e inovação é pensado a tintas, e em silêncio. Colocar em gerúndio o infinitivo das informações coletadas.

Vendo a situação dos candidatos, decidi me inteirar do tema proposto da redação e para me ocupar, desenvolver uma redação mental, como se fosse minha a responsabilidade de fazê-la.
Das várias tentativas que fiz, me lembro que chegava sempre a um lugar que não era religioso. Lembrava de Buarque de Holanda, suas 'Raízes do Brasil' e pouco além disso. História e poucas páginas policiais. Guardei o que consegui e escrevo embaixo o que lembrei.
Espero não ter zerado a redação, pelo menos.


Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil (Enem, 2016)

A população brasileira é composta hoje, na maioria, pelos movimentos populacionais que sempre houve no mundo. A maior parte destes movimentos migratórios foi resultado da intolerância religiosa ou política, acontecidas principalmente na Europa. Desde antes do Cisma e passando pela Reforma Protestante, grupos religiosos migraram atrás de segurança para América, sendo o Brasil um dos destinos finais.

Nossa cultura, podemos dizer, é uma amalgama de todas aquelas que aqui formaram uma identidade nacional. Há, claro, aqueles grupos étnicos que mantêm traços e costumes originais, mas a prática religiosa nunca tinha sido uma ofensa ou crime. Houve, contudo perseguições a alguns cultos, não-cristãos principalmente, mas com o passar do tempo se entendeu que eram tão válidos quanto qualquer religião dita 'oficial' num país laico.

O que há, e isto sim precisa urgentemente ser analisado, entendido e combatido, é uma intolerância racial travestida em intolerância religiosa. Elementos que, em grupos, por divergências políticas ou econômicas, chamam a si o direito de tentar intimidar outros grupos ou minorias. Aqueles que por falta de educação carecem de limites ou empatia. Aqueles que se sentem acima e além de qualquer responsabilidade pelos seus atos, pelo simples fato de ser eles, seu nome, seu partido político ou até mesmo a fortuita cor de sua pele.

No Brasil, para combater tal situação, não é preciso criar mais leis. Temos leis demais criando confusão, entropia. E delas, a impunidade é certamente, um dos resultados mais evidentes.
Entender a intolerância religiosa seria então; entender a intolerância racial, econômica ou política praticada entre a população.

E para fazê-lo precisamos, não somente ser firmes e draconianos, mas deixar claro e evidente que não serão permitidas transgressões de qualquer espécie contra qualquer indivíduo, não importando gênero, raça, nem credo. Contas bancárias ou solvência econômica não fazem parte da caracterização do humano.

Botar um aviso bem visível na porta: "Cortamos cabelo e pinto!"
Entenda quem quiser.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Sistêmico

Com o passar do tempo, percebo que  o meu serviço incluía muito mais que soluções estéticas. Estéticas como em apreciação artística. Há um fluxo constante de informação na arte.
Lembremos da "Intenção do Gesto".
Dependendo de como fosse entendido o serviço, projeto ou a peça desenvolvida, descortinava padrões além da mesa de desenho ou mais recentemente; do tablet digitalizador (Wacom).
De intuições e padrões aos fractais, e destes a estratégias, foram passos curtos.


Comunicação e estratégias andam de mãos dadas. Informações e logística adicionados, dão um nível diferente de leitura a qualquer peça. Adiciona-se a multi- e interdisciplinariedade. E mais recentemente, a transdisciplinaridade das humanidades digitais.
Arte, ciência e técnica juntas, uma visão holística do que seja criar, escrever, desenvolver. Um sujeito e predicados básico em qualquer situação. E a arte continua a aparecer nos lugares onde, dizem os prosaicos, não poderia.

Dados isolados, até então sem valor, são quase invisíveis, ilegíveis, até criarmos uma 'trama lógica' onde possam se relacionar com as informações que já temos. Uma vez feito isso, eles irão criar, modificar e validar - ou não - a informação(ões) que antes tínhamos. A inovação não ocorreria, então, de forma projetada. Devemos aceitar o concurso do Serendipity como algo mais frequente do que imaginamos.

As perguntas certas, e mesmo as respostas erradas, me levam a aprender e propor soluções novas. Fiz isso, errei por aí.
Aprendendo novos conhecimentos, informações. Afastando os limites e abraçando a curiosidade infantil. Tentativa e erros cometidos anteriormente ganham novas leituras.

Para aqueles de vocês que chegaram até aqui: Feliz ano de 2018!
Abraços fraternos e let's brace ourselves for the New Year that begins on Sunday.



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domingo, 4 de setembro de 2016

Relatório Pós Ação: Solução a Procura de Problemas

O Wikipedia usa a definição militar do que seja Relatório Pós Ação (ou Relatório Pós Evento) dizendo: "Qualquer forma de análise posterior a ação (RPA), uma análise retrospectiva numa sequência dada de ações previamente levadas a cabo, geralmente pelos próprios autores".

Da minha parte, recentemente tenho participado de várias reuniões, como apoio logístico. Isso me permite que, enquanto executo minhas funções, possa prestar atenção à plateia.
E tento "ler" no seu gestual, o ambiente criado pela exposição do orador.

Imediatamente depois da apresentação insisto em que seja feita uma avaliação - pelo menos do ambiente - da plateia como percebido pelos palestrantes. Todo e qualquer detalhe é importante. Pena que seja difícil fazer algumas equipes perceber que, depois de passado algum tempo, nossa memória não lembrará detalhes. Ainda mais se estivermos saciados e descansados.

Responda as seguintes perguntas:
  • O que deveria acontecer?
  • O que aconteceu de fato?
  • Porquê houve (se houve) diferenças?
  • O que aprendemos e como melhor aproveitar esse conhecimento?

Não se preocupe, não há resposta errada.
Veja bem, você entra lá com alguma intenção específica e seu interlocutor responderá com seus próprios interesses. Esta leitura deverá ajudá-lo a modular suas ações futuras. Afinal, a plateia e suas reações são o motivo pelo qual você está lá.
O conjunto de respostas, e a análise delas, poderá desenhar um ambiente totalmente inesperado de oportunidades. E precisamos somente identificar o, ou os melhores, caminhos para alcançá-los.

Além disso, ao observar com atenção, poderá perceber quais as verdadeiras necessidades (wants) da plateia. Isto pode mudar o curso de suas ações, seus serviços ofertados futuros, acredite. Suas propostas atuais vão mudar assim que as explicitar ao cliente.
Imagine quais, ou como elas serão, daqui a cinco anos.

Por outro lado, vendo mais do ponto de vista do cliente, as frases que não consigo calar se resumem a três:
  1. (Eles) Não entendem (o que oferecemos),
  2. (Eles) Não querem (o que oferecemos),
  3. (Eles) Acham caro pagar (o que cobramos pelo que oferecemos)

Veja que todas elas representam alguma forma de troca de significados e valores. Para qualquer oferta, seja de produtos ou serviços, esta troca de significados é evidente em vários níveis.

O fato de você saber que seu produto ou serviço É o que o cliente precisa, não significa que ele vai concordar, assim de cara, com isso.
Parafraseando Laura Klein; "um grande número de produtos são soluções em busca de um problema ou a aplicação da última tendência de design a um produto que já existia".

Seu produto ou serviço tem que, não somente solucionar o problema do seu cliente, mas deve fazê-lo da forma correta. Criando uma situação tal que o problema inicial dificilmente volte a surgir nas mesmas condições.
Ou melhor então, evitando que crie problemas mais à frente.

Às vezes eles estão tão próximos do problema que não conseguem mais enxergá-lo. Um fluxo de processos truncado e/ou truncando outros fluxos, dentro de um sistema complexo e o cliente não consegue enxergar.

Um desenho de solução desintoxicado da rotina, pode indicar caminhos muito mais adequados.
Pode fazer com que, um atendimento que demorava 40 dias seja executado em apenas 3 minutos, por exemplo. Mas, a rotina normal deles continuaria a demorar um mês e uma semana para completar, se não entendessem sua solução.
Como solução do problema deles que, casualmente, eles nem sabem que tem pois o assumem como "rotina".

O simples fato de não entender, seu produto ou serviço como a solução, é suficiente para o perceberem como mais um custo sem sentido. Logo, nestes tempos em que até a tecnologia patrocina a parcimônia, não vão querer saber dele. E nem de você, também.
Por isso, solucionar o passo anterior é muito importante.

Se os dois pontos anteriores não forem resolvidos imediatamente, prepare-se para enfrentar este outro.
Seja lá qual for o preço que estiver pedindo ou ofertando pelo seu produto ou serviço, este parecerá caro e não vão querer pagar. Lembre-se, se eles não entendem, não faz sentido, não tem valor.
Não vão querer pagar.
Você não quer isso. Seu produto/serviço não é gerar custo. Muito pelo contrario!

Por isso, o relatório do começo é tão importante.
Entender as necessidades e a reação do seu cliente e agir de acordo com elas para aumentar o entendimento da sua proposta. Para eles entenderem seu produto ou serviço.
Para que sua explicação dele se torne uma tradução cada vez mais fácil e simples às necessidades do ouvinte.
Para que faça sentido e se torne algo compreensível.
Não somente "uma solução à procura de um problema".

O primeiro passo é sempre:

domingo, 28 de agosto de 2016

Um pouco sobre Design Olímpico

(20/08/2016)


Nem política, nem dinheiro serão capazes de criar situações como somente o design pode.
E, mesmo assim continua sendo o "patinho feio" de empreendimentos e processos.
Tivemos, não faz muito tempo, um evento mundial sediado nas nossas cidades. Nele pudemos verificar que o essencial básico da comunicação era feito através da comunicação visual.
Ela se encarregou de ser a mediadora de todas as línguas do mundo.
Fez parecer tudo tão fácil e simples.

Ninguém, ou quase ninguém, se deteve pra pensar na complexa rede de significados expressa nos significantes, cores e formas. Uma fonte, um logotipo, a diagramação de ingressos e cartazes.
Um uniforme colorido e leve.
Cores e formas significando univocamente este evento e sua função dentro dele. O que se viu foi o resultado de um labor intenso de designers e artistas.
Ninguém pensou na trabalheira que dá.

A logomarca da Olimpíada Rio 2016 foi oficialmente lançada na sexta-feira 31 de dezembro de 2011. Segundo jornal da data: "Cerca de dois milhões de pessoas estiveram presentes na inauguração interativa da marca, que dá a ideia de três pessoas, com as cores da bandeira nacional, se abraçando e formando o Pão de Açúcar. A logomarca, escolhida em agosto, era mantida em sigilo".
Alguns não entenderam, não gostaram e, até denúncias de plágio foram ventiladas. Mas, isso acontece até com o açaí. Logo, nada de novo.


Desde o dia 05 de agosto de 2014, quando do lançamento oficial do "look olímpico" representando a "diversidade harmônica do povo brasileiro", as bases para a multicolorida linguagem visual dos jogos olímpicos e paralímpicos do Rio de Janeiro -e, por contiguidade: do Brasil-, estava lançada.


E assim, depois de 23 estudos, oito meses de trabalho e 5.448 caracteres criados foi, por fim, conceitualizada a fonte Rio 2016 como a vimos ser usada. A equipe da Dalton Maag Brasil, a equipe de design do Rio 2016 e do consultor Gustavo Soares, especialista em tipografia, desenvolveram a fonte que contem a essência do movimento dos atletas e o fluido traçado natural da Cidade Maravilhosa.

Como bem explicado no Guia de Proteção de Marcas do Comitê Olímpico: "O povo brasileiro é apaixonado por esportes e terá orgulho de demonstrar isso durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016".


O design e o desenho dos logotipos, mostra a evolução que houve, e a posição cada vez mais importante do design como participe da vida cotidiana moderna. Cada um deles inserido no seu tempo, e na cultura na qual foram criados. Pequenos grandes reflexos da história ao seu redor.

Para cada um deles, a leitura vem com sotaques e acentos locais. Coloridos níveis de leitura universal. Onde ainda; "podemos distinguir uma atividade racional visando um fim prático e uma atividade comunicacional, mediada por símbolos" (Weber).
Muito longe do somente bonito.


Comparando o logo dos jogos acontecidos em México (1968), Sidney (2000), Atenas (2004), Pequim (2008) e Rio, além das leituras óbvias da passagem do tempo, de sua identidade cultural, notamos a evolução gráfica em cada um. Algo que nos acompanha, evoluindo conosco, desde antes que o primeiro nefelibata encostasse a mão manchada de sangue na parede da caverna, enquanto imaginava como iria pintar um bisão.

Ao leitor mais cuidadoso ficará a curiosidade em saber quanto, do custo total enunciado em livro-caixa, foi a parcela dessa imagem que se movia e nos hipnotizava olimpicamente durante os jogos. Se a cidade foi escolhida em 02 de outubro de 2009, e o logo escolhido em agosto de 2011, houve dois anos de trabalho árduo no meio.
E, se acha que é fácil. Que é só coisa de pegar o photoshopi ou illustrator e mandar ver, temos Tokyo 2020 já na versão 3.0.
Veja o logo e leia o artigo no link.

http://thenextweb.com/asia/2016/04/25/web-forced-redesign-japanese-olympics-logo/#gref





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Referências

  • https://www.rio2016.com/sites/default/files/parceiros/gpmoe-rio2016_out.pdf
  • http://adnews.com.br/publicidade/conheca-a-comunicacao-visual-dos-jogos-olimpicos-rio-2016.html
  • https://www.rio2016.com/transparencia/perguntas
  • https://www.rio2016.com/marca
  • https://smsprio2016-a.akamaihd.net/documents/Guia_Pratico_de_Protecao_as_Marcas_RIO-2016-portugues.pdf
  • https://www.rio2016.com/educacao/sites/default/files/midiateca/aulas/11_rio_2016_fonte_ok_0.pdf
  • https://www.rio2016.com/noticias/rio-2016-lanca-fonte-inspirada-no-logotipo-e-comeca-a-construir-a-identidade-visual-dos-jogos
  • https://casacombo.blogspot.com.br/2010/09/os-logos-das-olimpiadas.html
  • http://extra.globo.com/esporte/rio-2016/logomarca-das-olimpiadas-rio-2016-lancada-na-festa-de-reveillon-de-copacabana-808467.html#ixzz4ISa7SWdh
  • http://thenextweb.com/asia/2016/04/25/web-forced-redesign-japanese-olympics-logo/#gref
  • https://eyeondesign.aiga.org/milton-glaser-analyzes-olympic-logo-design-through-the-ages/ 
  • http://logobr.org/branding/logo-rio-2016-design-para-donas-de-casa/

quinta-feira, 21 de julho de 2016

A corrupção é privada, o castigo é social

(Cebolas - 25 de outubro de 2014)

Estamos tão acostumados a olhar e descartar o que não entendemos ou não queremos ver, que mesmo com as imagens à nossa frente, nos iludimos. Não vemos. Insistimos em não querer ver o que está postado bem à nossa frente.

Venho escrevendo sobre movimentos paralelos ao centro da atenção pública. Miragens e alucinações típicas de um nefelibata.

Recentes posturas, situações e atitudes, escondem ranços maniqueístas. E nestes últimos, agendas particulares, não mais altruístas. Quanto mais prestarmos atenção, mais detalhes reconheceremos.
E, não veremos.

Escrevi faz algum tempo sobre como o mercado recebia e se ajustava, ajustando ele mesmo, os resultados dos procedimentos político-sociais no país. Aceitava ou não, resultados e nomeações de oficiais no Executivo. Mostrava seu agrado ou repulsa pelos movimentos mais evidentes de preços no mercado especulativo. Isto desencadeia, lógico, respostas e análises de profissionais 'da economia'. Arautos muitos, tradutores de melodias e canções estrangeiras.

Quem não prestou atenção no lá-lá-lá ensandecido, a la Sinatra senil, do Executivo?
Aos hipócritas e detalhados ritos preciosistas do Legislativo ou à carga da cavalaria setorizada do Judiciário, fingindo pegar a si mesmo de surpresa?
"Não sabia de nada" ou "Sou inocente", e vazamentos cirúrgicos se juntam a delações com prêmio, extorquidas de prisioneiros escolhidos a dedo.
Justiça movida a bacalhau do Chacrinha.
Ninguém viu.
Ninguém?

Neocolonialismo?

Não, neoliberalismo, lembra dele? Aquele que diz que, "sem uma grave crise, real ou imaginada, não haverá mudança". Bem, acostume-se aos seus novos cantares, resultado de manipulação midiática como antes nunca se viu. Herr Göebels ficaria orgulhoso, se o plano fosse dele, mas não é. O buraco é mais embaixo.
Nem o braço executor é senhor, ele serve outrem, não se enganem!

A mudança acontecerá - sempre e quando - tudo permaneça igual. Preste atenção, criatura!

O tumor extirpado junto com margem de segurança, sem recomposição das áreas produtivas, está paralisando todo um país.
Até que enfim uma luz no fim do túnel, ontem escutando um comentário do prof. R. Sennes, da USP, disse que "deveria-se culpar ou castigar o corruptor e ao corrupto, o desonesto na empresa, mas não desmantela-la, já que ela faz parte de um 'elemento social' maior aos desonestos".

Explico, todas as grandes empresas empreiteiras que têm aparecido no noticiário policial incluídas na Operação Lava-Jato, tiveram suas atividades paradas. Quase todas elas cessaram, por acefalia, o grosso das suas funções. Significa que no desmonte desta estrutura social, repito, os trabalhadores, e as pessoas ligadas a elas, e que não participavam dos esquemas corruptos, simplesmente não têm mais empregos.
Ficaram sem fonte de rendas.
O emprego acabou.
L'Horror!

Logo, uma parte dos índices advindos dessa nova situação, tipo: "aumento do desemprego, 11 milhões de desempregados!", poderiam também ser contabilizadas ao afã maniqueísta dos novos "Salvadores da Pátria".

E, ainda tem mais.
Toda a cadeia produtiva ligada a essas empresas fica estagne! E a cadeia produtiva ligada à estas, também ficará! Percebendo isto foi que escrevi: "A corrupção é privada, o castigo é social". Pois os únicos beneficiados neste fluxo de coisas todo serão: os corruptos/corruptores.
E ninguém se pronuncia, nem ocupa primeiras páginas da mídia, faz passeatas na Av. Paulista ou na Candelária. A Globo não anuncia? Ninguém bate panelas?
Ninguém?

Sei lá... pelo menos o Sakamoto escreve no blog dele.



segunda-feira, 6 de junho de 2016

Zeróis

Meus heróis de infância eram: David, Salomão, B. Franklin, A. Lincoln, L. da Vinci, N. Bonaparte, Rodrigo Dias de Vivar, Vasco Nuñes de Balboa, Victoriano Lorenzo, Edison, T. Roosevelt e H. Ford.

Era fácil, pois de todos sempre havia alguém que falava bem. Meu avo (uber-herói), principalmente. Suas vidas estavam nos livros de contos e história. Havia documentação (mesmo que, na época, nem imaginasse o que era: documentação). Com o tempo fui coletando mais "documentação" -informações- sobre esses "heróis".



Alguns deles não resistiram à coleta. Foram re-avaliados e cederam suas posições para outros. Edison cedeu para Tesla, por exemplo, que somente vim descobrir já entrado na adolescência. Bonaparte também, ainda que ele já vinha dando sinais desde meus primeiros contatos com história como matéria escolar. David cedeu maniqueisticamente seu lugar ao filho; Salomão. Que afinal, não foi muito melhor que o pai.


Heróis de guerra não se mantêm muito bem fora dela. O menor escrutínio mostra mossas de caráter. Uma enxurrada de gregos e romanos seguiu este caminho. Políticos, quase nenhum. Ainda que Lincoln, Roosevelt, Gandhi e Vargas se destaquem bastante.


Já na adolescência; E.A. Poe, G.B. Shaw, A. Dumas, J. Verne, O. Henry e H.G. Wells, delatam que comecei a ler... bastante. Até que tive que "pegar no batente". Deixei essas "baboseiras de moleque" pra lá, não tinha mais tempo para isso.
Mas, o tempo que podia, preferia passá-lo lendo ou escrevendo.
Ainda aprendo alguma coisa.


Via a história como isso mesmo; história. Achava que não tinha nada a ver comigo. Logo, os heróis não passavam de informação documentada. Não fariam nada mais do que já estava escrito.
Histórias...

Nunca me passou pela cabeça que EU faço parte da história. Assim como todos NÓS somos parte da história. Cada um de nós influencia -uns mais, outros menos- os acontecimentos da história. E, assim como todo dia aparece um anônimo que sai do seu caminho para fazer a coisa certa, há também aqueles que ficam imóveis, para não o fazer.
Ou, decididamente, para atrapalhar o fluxo.

Exemplos, dentre aqueles primeiros; GW. Gorgas e A. Prudente.
GW. Gorgas aproveitou toda uma estrutura para satisfazer um comando. O fez em Cuba e depois repetiu o feito no Panamá. A. Prudente, por sua parte, aproveitou o seu ambiente -sua sociedade- para atingir seu objetivo altruísta. Ambos nos legaram mudanças de hábito e trilhas a ser seguidas.
Sua documentação, em nichos diferentes, está ai, acessível e oportuna.
Fizeram do seu caminho, parte da história.
Heróis.






Escrito originalmente em 08/06/2011 e editado em 13/01/2016.

domingo, 8 de maio de 2016

Visionários

"(...) os leitores de ficção científica estão preparados para muitos futuros".
CARD, Orson S. "Science Fiction in the 1980s"

Jules Verne (o homem que inventou o futuro), Isaac Asimov, Ray Bradbury, Arthur Clarke, H.G. Wells, Ursula K. Le Guin e uma enxurrada de outros autores de ficção científica viram e imaginaram o dia-a-dia do futuro.


Por isso, previsões de futuro, no passado, são agora, o presente!
Eles falavam de nós. Previam que, como sociedade, iríamos melhorar. Gentil e inocentemente contavam com isso.

O que vemos hoje são, na maioria, previsões catastróficas e cenários apocalípticos. Contamos com que pioraremos, ainda mais. Não nos bastaram as guerras e conflitos, pelos motivos mais ridículos, que já tivemos e continuamos a ter. Transformamos tudo e todos em opositor, em mercados ou, aproveitando os avanços tecnológicos, em redes paridas da tecnologia.

O opositor
Não entender o que falas, não te transforma automaticamente em meu inimigo.
Cores, línguas, histórias e cultura não nos fazem lá tão diferentes. "If you prick us with a pin, don't we bleed? If you tickle us, don't we laugh?" disse o bardo de Avon, em sua peça ao referir-se aos outros. Somos primos afastados numa casa esférica, mais cedo ou mais tarde nossos caminhos hão de se cruzar.
Se prestarmos atenção, veremos que caminhamos juntos em direções mil. Acompanhamos o mesmo dia, o mesmo sol, as mesmas estrelas. As nossas canções (a não ser os martelos Balineses e as arapongas) cantam as mesmas coisas.

O mesmo DNA comum para todos.

A média mundial de idade subiu de 52 anos em 1964 para 70 anos em 2012. Em alguns países, como Japão, Suíça e Austrália, já está em 82 anos. Graças aos avanços na medicina, e ao pouco senso comum que insiste teimosamente em nos acompanhar. Aumentaria a qualidade, não tanto a quantidade, de anos se o bom senso que nos acompanha fosse ouvido com atenção.

O opositor somos nós, não se iluda.

De mercados
Com o apoio da tecnologia, hoje sabemos, ou podemos descobrir fazendo as perguntas certas, quem faz o quê e onde o faz. Quanto custa e, às vezes, quais processos são necessários para planejar, produzir e inovar a partir desse conhecimento.


Abandonar as ideias de carros-voadores e viagens interplanetárias no século XXI, nos parece óbvio quando percebemos que, ainda em 2016, não temos nem mesmo saneamento básico nem saúde igual para todos. Não somente no Brasil. Mas como uma característica mundial.
O mundo e a tecnologia podem estar cronologicamente  no século XXI, mas o homem ficou para trás, no século XVIII.

Das Redes
A aplicação das ciências nos trouxe, hipnotizados pelo som da flauta, até onde estamos.
Ainda criamos expectativa em nossos herdeiros, que não mais concebem um mundo sem tecnologia. Se divertem criando apps para celular e loop-holes para hacks. Param somente ante o "cannot divide by zero" e, como num labirinto, viram as costas e começam a andar a esmo, sem mais pensar no assunto.

Ao submetermos nossas crianças ao domínio da tecnologia, pois esta, ao dominar-nos (sim, preste atenção!), também nos limita o tempo que temos para conviver com elas, assumimos que os crie à nossa imagem e semelhança. Esperamos e cremos piamente, que os valores civilizatórios, atávicos e inerentes à raça humana sejam ensinados, transmitidos, mostrados à página em branco de suas mentes infanto-juvenis. Desde as tragédias dramáticas do Chapeuzinho Vermelho e da Odisseia até os maniqueístas dramalhões bíblicos da tradição judaico-cristã. Criando desta forma, suporte e continuidade para o que convencionou chamar-se de: humanidade.


O que temos visto, como resultado dessa exposição desenfreada é um gamefied melhor de três. Onde o importante deixa de ser a tentativa e passa direto à orgia do caos. Podemos fazer (e dizer) qualquer coisa, sempre e quando não percamos uma vida. Amanhã ao acordar, arrastados e esperneando, faremos de novo, com outras novas três!

Parece que, após duas guerras mundiais e armas de destruição em massa, perdemos a inocência e ficamos tristes... Surpresos e assustados com o que somos capazes de fazer com nossos semelhantes.
E, para nos proteger, fingimos que é um jogo. (Eles) São números numa tabela, estatísticas isoladas, como índices epidemiológicos de incidência e mortalidade de mundos que nunca conheceremos.
Coisas a toa, sem importância.

As visões de exploradores, curiosos e ousados dos autores visionários enunciados foram trocadas por livros-caixa onde tudo é medido a KPIs, metas e produção. Como disse antes, em outro post: "a tecnologia que devia dar-nos asas, nos impõe grilhões".

Pare de correr atrás do próprio rabo, pense um pouco e... liberte-se.



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segunda-feira, 25 de abril de 2016

Democracia como instrumento de dominação

Por esta nem os gregos, que a inventaram, esperavam!
Pax Romana versão 2.10.

Criar e impor, a um povo, um sistema de governo-gestão que, ao mesmo tempo, facilitasse e adiantasse, sua dominação por outro. Torná-los tão dependentes, social e economicamente, ao ponto de abandonarem seu sistema anterior - como antigo e ultrapassado - e, no afã da modernidade, pular etapas no seu desenvolvimento, tais que criariam condições para rasgar o tecido social e histórico inerente à sua própria cultura. Criar uma evidente polarização social traduzida em posses.
Ter ou Não-ter passa a significar muito mais e diferente.
De nus passam ao jeans, ao GAP e ao Savile, trocam estilos nômades e camelos por terraços em espigões de vidro e Rolls-Royce refrigerados.


Foram necessárias duas guerras mundiais em sequência, algumas armas de destruição em massa e outras menos populares, para criar uma potência na América. Assumiu-se que o produto americano seja melhor, quando na verdade, depois das guerras, não havia mais estrutura econômica (fábricas e gestão) na Europa ou na Ásia - no mundo, resumidamente - que fizessem concorrência ao modelo econômico norte-americano. Não houve despejo de bombas nos Estados Unidos continental, no entanto Londres, Paris, Berlim e Tóquio, foram quase destruídas à força de bombardeios inimigos.
Parte importante da Europa mal saiu da 2ª Guerra com habitantes suficientes para se recuperar do conflito!
Um continente inteiro, um novo Paraguai pós-Solano.

"Our policy is directed not against any country or doctrine but against hunger, poverty, desperation and chaos." - George C. Marshall

E isto durou até os anos 60~70. Quando as empresas europeias e asiáticas começaram a ocupar espaços (em quantidade e depois, qualidade), ainda nos seus próprios territórios. As estruturas econômicas europeias e asiáticas foram, por necessidade de sobrevivência, reerguidas. Produtos e serviços começaram a ser ofertados num mercado antes ocupado somente pelo produto americano.
Começou a concorrência, estabeleceram-se as opções de mercado. Em quase todos os mercados.
E começou a crise.


Hoje, o "American way of life" é a base de quase toda a estrutura econômica mundial. Vestimos, comemos e vivemos como os impostos padrões americanos. Mais ou menos.
Poucos deixamos de ter, e reconhecer, os mesmos objetivos descritos pela cartilha americana.

A 'América' ainda valida e certifica a aplicação do seu modelo de gestão em terras estrangeiras. Quem usar qualquer modelo diferente estará errado, será retrógrado ou aventureiro. As KPIs nascidas em inglês, hoje têm sotaque alemão ou japonês, em dialetos chineses. Apesar da brava resistência, os russos cansaram de brincar de foguetes, enfiaram a viola no saco, e aderiram ao sistema com entusiasmo. Os outros dois ou três países que ainda resistem, têm uma população de olhos ávidos nos produtos da vitrine americana. Qualquer descuido e, zap, viva o novo regime!
Veem o que vejo?

E, quando tudo mais pareça não funcionar, ainda existirá a tecnologia, capaz de influenciar e mudar ideias, pela coerção passiva e "intervenção cirúrgica", muito longe da intervenção militar.
Continuamos, querendo ou não, ligados ao 'ventre da mãe' pelo cordão umbilical digital.
Enquanto deletamos e 'whasappamos' em bm ptgs.

Mas, prestem atenção em como essa enorme e intrincada engrenagem funciona. O que ela precisa para funcionar e manter azeitados seus rolamentos. Esqueçam o que ela faz, ou como ela faz, e prestem atenção no que ela precisa para fazê-lo.

O que ela precisa...
Digital ou não.
...

Vae victis!



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sexta-feira, 22 de abril de 2016

O Admirável Novo Consumidor

Esta é uma transcrição de um artigo publicado na revista Época Negócios em 2012, que usamos para estudo de caso no curso de Logística. O Prof. Elinton Santi nos fez debruçar sobre o texto e analisar o tema.



“Brilhantismo é a nova beleza.” Parafraseando um tipo de citação muito usada na indústria da moda (grande ditadora de tendências), Henry Mason, diretor global de pesquisa da Trendwatching.com, define o que move o consumidor hoje. Para o especialista em consumo, se antes ter o melhor carro, o relógio certo ou ser o mais bonito do recinto era sinônimo de status, agora o que vale é estar mais online, ser mais “verde” ou mais inteligente. O consumidor não é mais o mesmo.

É o que a trendwatching.com chamou de "statusphere" (um trocadilho com o termo “stratosphere”, ou “estratosfera”, em português). Esta é uma das principais tendências de consumo identificadas pela consultoria, que serão apresentadas em um road show mundial, marcado para começar em São Paulo, no mês de agosto.

“Se você é uma empresa, deve saber exatamente com qual esfera quer se comunicar. Uma vez feito isso, é necessário vender algo que permita ao consumidor contar uma história sobre quem ele é”, explica Mason.

A mudança de mentalidade já começa a se refletir nas empresas. No setor automotivo, por exemplo, as marcas de luxo passaram a promover cursos de direção defensiva, conta Luciana Stein, diretora da Trendwatching.com para América Central e do Sul. Muitas vezes, para vender o produto é preciso vender antes uma experiência.

Junto e misturado
Outra tendência, antecipada pela trendwatching.com para Época Negócios, é a “bridge the gap” (algo como construindo pontes para diminuir lacunas). Segundo os pesquisadores, a sociedade está consciente de que erradicar a pobreza é algo que faz bem ao próximo e a si mesmo, já que resolve problemas sociais como a violência. Isso se traduz em iniciativas como a da marca Schincariol, com o movimento “Esse é o meu lugar”. O projeto mostra a rotina de comunidades como a Cidade de Deus e o Morro do Alemão e dá oportunidade a produtores de conteúdo de regiões menos favorecidas do Rio de Janeiro.

Generosidade corporativa? Não, estratégia comercial. Uma pesquisa recente do Data Popular mostrou que o consumo da classe D já ultrapassa o da classe B em diversos categorias de produtos como eletroeletrônicos, eletrodomésticos, móveis, itens de higiene e beleza e medicamentos.

De acordo com o instituto, apenas com eletroeletrônicos, em 2011, a classe D teve um gasto de R$ 10,9 bilhões, 25,3% a mais que a classe B. O fenômeno foi matéria de capa da última edição de Época NEGÓCIOS. Foi-se o tempo em que o luxo ditava o consumo. São as expressões da baixa renda que agora saem das novelas e invadem o dia a dia de todos (de A a E).

Caiu na rede...
Como não podia deixar de ser, a internet é outro meio que tem mudado as relações de consumo. Os casos mais emblemáticos vêm de países como o Brasil e Colômbia, nos quais foram criados aplicativos para tentar resolver, pela rede, o problema da segurança.

O APP brasileiro Agentto é gratuito e funciona como um alerta silencioso no celular, que avisa familiares e amigos se você está em uma situação de perigo. Já o site colombiano Seguridadenlinea forma um mapa no qual as pessoas podem visualizar ocorrências como roubo, homicídios, ou áreas ocupadas por grupos criminosos na cidade de Medellín.

A tendência foi chamada de “safety net” (rede de segurança, em português) pela consultoria, mas funciona também para diferentes aplicações de negócios. Na China, por exemplo, a rede de segurança foi criada para apontar restaurantes nos quais houve problemas com intoxicação alimentar.

Mas, apesar da força da internet, há um movimento de intersecção entre os mundos on e offline. Um caso que exemplifica bem esse movimento é o do supermercado britânico Tesco, que criou gôndolas virtuais em estações de metrô da Coreia, nas quais o consumidor podia usar o smartphone, apontar para a imagem e comprar os produtos. Ao chegar em casa, como mágica, a compra já havia sido entregue. O objetivo era aumentar as vendas sem ter de aumentar o número de lojas, mas o caso fez tanto sucesso que foi replicado no México pela rede Superama.

“As pessoas gostam do poder que têm no online. Mas elas também gostam do offline, porque são seres humanos. O Facebook é uma rede online, mas ele é sobre o que estamos fazendo no mundo real. Pessoas gostam de pessoas”, diz Mason.

Com 215 mil clientes no mundo, a trendwatching.com montou seu escritório no Brasil em fevereiro. Aqui, a empresa atende empresas como Pão de Açúcar, Natura, Avon, Itaú e a agência de publicidade F/Nazca. “Os clientes queriam saber sobre o Brasil e ficavam impressionados com os casos de novos negócios e tendências de consumo que vinham do país”, conta Luciana.



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Referências

Revista Época Negócios, http://epocanegocios.globo.com/Inspiracao/Empresa/noticia/2012/07/o-admiravel-novo-consumidor.html

terça-feira, 19 de abril de 2016

Reis da Criação e outras sandices

Coisas que antigamente eram ensinadas, pois para poder viver em sociedade deveríamos saber.
Ensinava-se, por exemplo: a ler, matemáticas, etiqueta, caligrafia, cultura, costura e cozinha. Coisas que eram básicas mas não eram natas. Não nascíamos sabendo como fazer... éramos ensinados.
Sabia-se que não sabíamos, portanto, precisávamos aprender como fazer. E como fazer bem.

Com o advento da tecnologia e, logo depois, a invenção da "interface intuitiva", de comandos arbitrários, econômicos e fáceis, se expandiu a noção de que poderíamos, por intuição, descobrir como fazer sozinhos. Exponha qualquer criança a um Touch-Pad e veja o que acontece.
Mais transparência = mais produtividade, certo?


Em algum momento no desenvolvimento humano, ou pelo menos no nosso, é só olhar em volta, houve uma definitiva ruptura com a natureza. Ao ponto desta ter que ser re-introduzida no nosso cotidiano, como se nós, não mais fizéssemos parte dela.
Uma inversão de fato, nós como anteriores e independentes dela.

Começamos a acreditar em sandices tipo: "Vós sois os Reis da Criação".
Bela balela marqueteira repetida ad nauseam para apacentar descuidados e tolos.
Hoje, há pessoas (me desculpem as outras pessoas) que gostam de flores, mas não admitem que as folhas das árvores caiam pois 'sujam o chão' das suas casas.
São capazes de se enternecerem quase ao choro e dar 'likes' alucinados na foto de um gato no Facebook, mas não recolhem o cocô dos seus pets na calçada dos vizinhos.
Ou pior, matam gatos (animais, sendo essencialmente socialistas, não reconhecem propriedade privada) que apareçam nos seus quintais.
Quando tenham quintais, pois temos a mania de cimentar tudo. Cimentamos como assinatura de civilização, cortamos as árvores e acabamos com a grama e o mato.
Depois nos surpreendemos com inundações ou deslizamentos anuais (nos mesmos lugares de sempre) e com pragas e epidemias (assunto para outro post).

Invadimos o espaço auditivo alheio, calando terra e pássaros, com o auxílio de deturpações tecnológicas. Em carros-altofalantes nos achamos no direito de impingir "músicas" no sossego dos outros.
Não toleramos mais o canto do galo as 04:51 da manhã, anunciando o dia, e de bom grado, calaríamos a algazarra de cigarras e dos passarinhos brincando na hora do café.
Faz quanto tempo não escuta um galo cantar? Lembra da última vez?
Ah, na cidade não pode. É Lei municipal...
Lembra dos "Reis da Criação", lá de cima?
Verbo

Nos enganamos.
Não conseguimos aprender a essência do que seja viver em sociedade. Às vezes, nem chegamos a compreender como é viver sozinhos. De forma atabalhoada e desfaçatada incomodamos e invadimos o espaço dos outros, como se fosse nosso direito de nascença.
Do intuitivo tomamos a noção errada da interface, e desta forma (errada) interagimos com coisas e outros. Afinal no "game" sempre começamos com três (3) vidas.

Ou, como bem disse Jan Gehl: "Todas as cidades no mundo têm departamentos de trânsito, mas quase nenhuma tem um departamento para pedestres e ciclistas ou para a qualidade de vida. Às vezes, tenho a impressão de que sabemos mais sobre o habitat de leões e gorilas do que o de humanos".
E, assim vamos reclamando de bicicletas e viadutos, carros e poluição, chuvas e estiagens, juízes e bandeirinhas, como se não fizéssemos parte ativa de cada uma dessas categorias.


O motivo não é de forma alguma "demonizar" a evolução nem a tecnologia.
Seria o mesmo que culpar o martelo a cada vez que acertamos nosso próprio dedo com ele.
E, tanto quanto o martelo-assassino, a tecnologia É ferramenta. Ambos têm um índice "0" de intenção (agendas particulares, ganância, gostos ou aleivosias), isso tudo fica conosco: gente!

Tanto o martelo-ferramenta, quanto a tecnologia-ferramenta aliviam e expeditam resultados. Aprender etiqueta, caligrafia, costura e cozinha requer tempo. E tempo é um bem que alguns cobrem de valor. Mas, quase ninguém sabe o que fazer com o lucro do investimento.



A mídia, solícita, nos oferece suntuoso banquete de especulações, meias verdades, factoides e análises porcas e míopes para manter-nos bovinamente hipnotizados.

Desafortunadamente, quando não conseguimos inspiração aceitamos entretenimento!






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terça-feira, 12 de abril de 2016

As diferenças entre Arquitetura da Informação (AI) e o Design da Informação (DI)

Autor: Clark MacLeod, ITRI (http://www.kelake.org/articles/id/differences.html)

Acredito que copiei o original disto de Jesse James Garrett, algum tempo atrás.

Entre os dois nomes temos diferentes preocupações. A arquitetura de informação (AI) por exemplo, lida principalmente com cognição, sobre como as pessoas processam as informações e constroem relações entre as diferentes peças de informação. O design da informação (DI), principalmente sobre a percepção, ou sobre como as pessoas traduzem o que veem e ouvem, em conhecimento.




Ambas exigem habilidades diferentes.
Os arquitetos de informação vêm de uma variedade de origens, mas acho que a maioria deles apresenta uma orientação para a linguagem. Os designers de informação, por seu lado, tendem a ser orientados em relação às artes visuais. Como resultado disso, a maioria dos designers de informação vêm exatamente de uma disciplina: Design Gráfico ou Comunicação Visual.

A arquitetura de informação pertence ao reino do abstrato, preocupando-se mais com as estruturas da mente do que com as estruturas na página ou na tela. O design de informação, no entanto, não poderia ser mais concreto, com considerações tais como cor e forma, fundamentais para o processo do design de informação.

Esteja consciente de que organização e apresentação são conceitos diferentes. Os dados só podem ser organizados segundo alguns princípios: magnitude, tempo, números,alfabeto, categoria, localização e aleatoriedade.



Magnitude, Tempo, Números e Alfabeto são todas sequências de algum tipo, que podemos usar para organizar as coisas baseados em uma característica semelhante compartilhada por todos os dados.

Categoria e localização são organizações que também usam algum aspecto inerentemente significativo dos dados em torno do qual (os dados) podem ser orientados.
Aleatoriedade é a falta de organização. É importante quando estamos tentando construir uma experiência que não seja necessariamente fácil, uma exploração ou jogo.


Importância.

Isso é bom.... mas, e daí?

A informação impressa e gráfica é agora a força motriz por trás de todas as nossas vidas. Ela não está mais confinada aos trabalhadores especializados em campos selecionados, mas impacta quase todas as pessoas através do uso generalizado da informática e da Internet. Transferências rápidas e precisas de informações podem ser uma questão de vida ou morte para muitas pessoas (um exemplo é o desastre da Challenger). 


Tenho ouvido...
"A medida em que os símbolos e gráficos afetam nossas vidas pode ser visto pelo dramático aumento nos escores de QI em todas as culturas que tenham adquirido a tecnologia da informação: nos Estados Unidos, tem havido um aumento médio de 3 pontos de QI por década nos últimos 60 anos, para um aumento total de 18 pontos de QI. Não há uma explicação biológica conhecida para este aumento e a causa mais provável é a exposição generalizada a textos, símbolos e gráficos que acompanham a vida moderna."


Preocupações básicas de negócios

"Aplicando princípios de design de informação aos documentos internos, tais como formulários, planilhas, bancos de dados e relatórios ajuda a assegurar a eficiente e eficaz coleta, tratamento e difusão de informações. Os tomadores de decisão irão se beneficiar especialmente a partir de relatórios e apresentações internas claras.

O design de informação também irá ajudar a empresa a se comunicar efetivamente com seus clientes através de seus documentos, folhetos, especificações técnicas, manuais de utilização, publicações, sites, contratos, faturas, contas, etc. Agora existe a possibilidade de personalizar muitos destes documentos, mas isso introduz uma nova gama de desafios de design. Documentos mal concebidos custam dinheiro porque eles não conseguem atingir a resposta desejada, e podem frustrar e até mesmo afastar os clientes que têm a opção de fazer compras em outro lugar." Sue Walker
Ex. Challenger e o desastre da Columbia




Criar significado

"Vivemos em uma época de escolhas, adaptando-nos a alternativas. Porque temos maior acesso à informação, muitos de nós tornaram-se mais envolvidos na pesquisa, e fazer nossas próprias decisões, em vez de confiar nos especialistas. A oportunidade é que não é tão muita informação, a catástrofe é que 99% dos que não é significativo ou compreensível. Precisamos repensar como podemos apresentar a informação porque os apetites de informação das pessoas são muito mais refinados. O sucesso em nosso mundo conectado requer que isolar a informação específica que precisa e obtê-lo para aqueles com quem trabalhamos." de Richard Saul Wurman, "Informações Ansiedade 2"

"Estamos sendo atacados por um dilúvio de dados e, a menos que criemos tempo e espaços em que refletir, vamos ficar apenas com nossas reações. Acredito fortemente no poder dos weblogs para transformar tanto os escritores e leitores de "audiência" para "público" e de "consumidor" para "Criador". Os weblogs não são uma panaceia para os efeitos incapacitantes de uma cultura saturada de mídia, mas acredito que eles sejam um antídoto."
Rebecca Blood, setembro 2000.




Dados crus são muitas vezes superabundantes. Apesar do que muitos possam dizer, eles não são a força motriz da nossa época. Trata-se, na sua maior parte, apenas dos blocos de construção nos quais a relevância será construída. Conteúdo/dados em massa tem valor limitado em seu estado bruto.

De fato, os dados são inúteis até que sejam transformados --- em seu estado bruto não têm significado e são de pouco valor, o que só contribui para a ansiedade que sentimos em nossas vidas.

A informação é o início do significado.

A informação é colocar os dados em contexto com o pensamento dada a sua organização e apresentação. Indo de dados até informação representa passar do sensorial para o conceitual.
Não significa nada até que você faça alguma coisa com ela.


Conhecimento

O que diferencia o conhecimento da informação é a complexidade das experiências necessárias para alcançá-lo. Para que um(a) aluno(a) possa ter um bom conhecimento de um tópico que ele/ela tem de ser exposto ao mesmo conjunto de dados de muitas maneiras diferentes, a partir de diferentes pontos de vista e ele/ela terá de elaborar seu/sua própria experiência da mesma. O conhecimento não pode ser transferido de uma pessoa para outra, tem que ser construído pela própria pessoa.

O design da informação é a disciplina, através da qual, criamos a transformação de dados em informações que atuam como veículo para a construção do conhecimento.

Quase qualquer organização pode ser apresentada de uma variedade de formas. Os dados textuais podem ser apresentados por escrito, visualmente ("uma imagem vale mais que mil palavras"), ou sonoros (falando ao vivo ou em gravações), ou em qualquer combinação. Muitas vezes, a apresentação em si afeta nossa compreensão tanto que podemos não compreender ou interpretar mal os dados. Ela varia desde o mundano até o fantástico, desde a facilidade de entendimento até influenciar a opinião.



Olhe para as páginas financeiras e páginas de notícias do seu jornal, seus infográficos, e seus sites favoritos. Analise como eles estão moldando sua opinião e experiência.



Meus Concidadãos
Como isto muda sua percepção? Especialmente quando confrontado com este material escrito ou visual.

Infográficos
Poynter - Visual Journalism.com

Ética da Informação - International Centre for Information Ethics

História
History in a nutshell of the field of Information Design


O design de informação baseia-se no trabalho que temos feito anteriormente no processo. Precisamos saber para quem estamos projetando e por que (qual problema estamos tentando resolver, quais ações estamos tentando facilitar, a mensagem a ser comunicada, e/ou processo que estamos tentando ativar).

Seja como parte de um processo maior em um projeto ou não - o quem, o quê, o porquê e onde, são essenciais para criar uma solução eficaz.
Muitas lições podem ser coletadas a partir de estudos de orientação e design de informação em um contexto de mundo real:

Um estudo do metrô de Taipei (MRT). ()

Sobre Ordem (http://www.kelake.org/articles/id/order.html)
"A ordem tende a reduzir a complexidade e exige a eliminação de detalhes que não se encaixem nos princípios que determinam a ordem" Arnheim (1966).

Orientação (wayfinding) não é Sinalização (signage).



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