segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Festas

Festas...
Não gosto de festas. Não sei quando e nem porquê isto começou, mas não consigo gostar de festas. Me sinto fora de lugar, perdido no meio de tanta gente. E a sensação me é desagradável. Mesmo quando todos são gentis e agradáveis, eu continúo perdido, às vésperas de sair correndo como um louco!
Minha cara deve reproduzir (mesmo eu tentando fingir) esta sensação, pois minha esposa e filha -que casualmente adoram uma festa- percebem.
Não me lembro de alguma vez ter gostado de festas. Eu devia ser aquele guri que a mãe trazia amarrado pras festinhas dos amiguinhos. E, se por acaso, encontrasse um livro esquecido na sala: podem (des)contar comigo. Ficava lendo a festa toda. Virava o totêm leitor num canto qualquer.
Até alguem vir me salvar, a festa acabar ou eu conseguir fugir. Não necessáriamente nessa ordem.
Ô muleque chato!!
Virei um adulto chato pois continuo não gostando de festas.
Acho legal ter um motivo para celebração, mas acho muito mais legal não precisar motivo e celebrar a vida toda.
Mas, ninguem acha isso certo.
Sou tão sociável quanto o Sheldon do TBBT (The Big Bang Theory).
Com o tempo, pois já não sou mais nenhum adolescente, tenho aprendido a me controlar melhor. Mas sinto que, mais dia menos dia, ainda sairei correndo como um demente de alguma festa.
Isso me faz ser amargo?
Não, acho que não é bem o caso.
Há uma certa dose de tristeza sim, mas há dias em que sou feliz.

sábado, 28 de novembro de 2009

Pardais

Me peguei rindo à toa ontem.
E foi gostoso.

Ria de uma das minhas lembranças favoritas. Vira e mexe a tiro pra passear e acabo rindo.

Estava sentado na entrada da ECA na USP, uma tarde particularmente quente e ensolarada. Esperava as aulas começarem e não havia ninguem conhecido por perto a não ser os pássaros que abundavam no local. Os mais ativos eram os pardais. Não me lembro de ter visto tantos pardais juntos antes na minha vida. E nunca lhes tinha prestado atenção. Os pássaros eram como a música incidental de um filme; tinham que ser muito bons para lembrar-me deles.

Mas, estes 3 aqui estavam ocupados em tomar banho de terra. Como todo pardal, faziam isso chilreando e gritando cheios de entusiasmo, pulando uns por cima dos outros como crianças brincando a beira de um rio. Tinham encontrado uma poça de terra particularmente solta e fina e eles se divertiam --pois era isso o que me parecia-- transformando-se em bolinhas de pena e terra com bico e jogando terra uns nos outros.
Estavam muito ocupados nisto para prestar atenção no mundo que os rodeava.

Havia outros pássaros por perto, mas iam e vinham cada um cuidando da sua própria vida.
Os mais comuns eram as pombas.
Uma delas prestou atenção no barulho e divertimento dos pardais e chegou mais perto. Ela devia ser duas ou três vezes o tamanho do maior dos pardais na poça. Chegou mais perto. Mais um pouco. Mais. Inclinou a cabeça como a calcular (coisa difícil pra pombos). E acertou uma inesperada bicada na cabeça do pardal mais próximo!

Foi um reboliço! O pardal atingido virou uma explosão de terra e penas e gritos. Os três fugiram voando do local e a pomba tomou posse da poça.

Parecia muito grande para ocupar todo o espaço, mas, encolhe dali, aperta de lá, deu. Estava na poça.
Estufou as penas e começou distraidamente a aproveitar seu ganho.
Deve ter ficado uns trinta segundos nisso.

Percebí que houve uma mudança no ambiente. A quantidade de pardais em relação às pombas aumentou, mas o barulho que faziam diminuiu. Não comiam nem brincavam. Só estavam ali e aqui, indo e vindo. Numas...
Posso ter imaginado, mas ví claramente um círculo frouxo de pardais ao redor da pomba e da poça. Como a isolar a área.

De repente, sentí mais do que ví, uma mancha marrom voar e, numa hipérbole perfeita, acertar a cabeça da pomba com o que me pareceu ser a força de uma martelada.

Na mente da pomba só cabiam duas idéias: [vamo]+[simbora!]! E, pegando as penas que pode, saiu voando, ela e todas as outras pombas. Deixando atrás de sí a toillete incompleta e um campo cheio de pardais chilreando aproveitando da poça.

O Piscinão de Ramos não deve ter todo esse entusiasmo num dia de sol!

Quando percebi a peça que acabara de assistir, caí numa risada alta, satisfeito e agradecido por ter participado apenas como espectador.
Desse dia em diante meu pássaro favorito é o pardal. E, cada vez que vejo um deles fazendo algo sem sentido, me lembro desta tarde.
...
E rio.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Farpas

"...
con una dosis justa de cinísmo preguntás:
Que harias sin mi? Si yá no vuelves a verme?
Para ser sincero: haria lo mismo.
Solo que sin tí, lo haria sin esconderme.
..."
(Pingüinos en la cama)

Ouch!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Humanos

O homem, como raça, tem muito a aprender. Fazemos com que todos os outros se movam para nos acomodar. Dilapidamos a natureza porque, afinal, ela está aí.
Somos os "Reis da criação" e acreditamos piamente nisso.


Temos levado espêcies inteiras à extinção e não damos muita importância ao fato de que há cada vez mais menos espêcies para extinguirmos.
Os próximos seremos nós.

As cavernas acabaram, por isso desenhamos e criamos cavernas de pedra para morar sem respeitar a natureza que as rodeia. Quando a soma de TODOS nossos desenhados e criados ingredientes resulta em "calamidades" de toda sorte, clamamos aos céus.
Mesmo não acreditando neles.
Soluções?
Cada um tem a sua.


Não percebemos que somos uma parte de uma enorme rede, quanto mais rápido entendermos este conceito fundamental; melhor!
Todas, e cada uma das nossas ações individuais influenciam nosso meioambiente imediato. Se paramos por um momento e analizarmos qual, ou quais, serão os resultados das nossas ações, e como estas influenciaram as (re)ações daqueles no nosso entorno. E, estes também fizerem este mesmo cálculo.
Nós (todos nós) somos o meio ambiente de alguém.

Será que os avanços, as inovações, o bem-estar geral ficará tão comprometido assim?
Será que se mudamos, por pouco que seja, poderiamos ainda assim modificar o vasto e eterno plano celestial?

Cortamos as árvores porque podem cair encima das nossas casas, incendiamos florestas para dar passo a pastagens e plantações de grãos. Inundamos vastas áreas para criar reservatórios que movimentarão geradores de energia, poluímos rios e mares com nossos detritos, enchemos de mercúrio os rios e igarapés atrás de ouro e diamantes.

Será que nunca paramos para pensar quando todo isso, por fim, se voltará sobre nós? Ou sobre nossos filhos? Vejam o caso da pesca industrial, por exemplo. Será que precisamos pescar tudo isso, todo dia?
Dissimar o atun e as baleias, então? E chamamos gentilmente o extermínio de cultural!


Não percebemos que estamos no mesmo barco com o resto dos animais e plantas?
...
Ou é algo assim tão sem sentido?

Alguém escuta?



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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Non Sense

Nestes dias falei com minha mãe. Melhor; ela falou comigo ao telefone. Conversa de mãe às vezes não dá muito certo. Mas, mãe é mãe.
Fui tomar uma ducha que, além da conversa, a noite estava quente pra danar.
No meio do banho imaginei o seguinte dialogo:

(filho entra no aposento com pacotes nos braços): "Hola mamá. Te traje un pavo."
[Sim, em espanhol mesmo.]
(Mamá, sentada numa poltrona, assistindo a televisão): (Olha por cima dos óculos e sem mudar de posição) "Es para comer?"
(filho sem perder o que tinha): "No, es para que tengas alguien con quien conversar."
(Mamá): "..."
(filho): "Claro que es para comer! O estarás pensando hacer colección?"
(Mamá, sem desviar o olhar do aparelho): "Espero que hayas traído rón también. El pavo sabe mejor borracho."

O dialogo foi trocado por uma imagem mui antiga de um perú bebado encostado na parede. Agora sei o que rondava a cabeça do bicho: "Me matem, por favor!"
O que usualmente acontecia logo em seguida.
...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Serendipity

Da primeira Lei de todas as ciências podemos depreender que; a entropia é o/um sistema complexo em equilíbrio.

...

medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo, medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo, medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo, medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo, medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,
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medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo, medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,
medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo,medo, medo,medo,medo,medo,medo, é o que fica quando a esperança vai embora.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Motivos

"O conceito de motivação extrínseca é compreendido como um conjunto de práticas de incentivos e premiações concedidas pela organização, tais como: reconhecimento público, condecorações, adicionais salariais, reconhecimento social, recompensas relacionadas ao trabalho e outras formas de incentivos." (Peixoto Mendes, 2006)


Eu, ingenuamente, sempre achei que participar de uma organização, intrinsecamente já implicava em estar motivado a e comprometido com, o éxito de suas estratégias e obtenção de suas visões e objetivos. A menos que nascesse dentro da organização, (você) teria a opção, não uma obrigação, de fazer parte desta ou aquela empresa. E, uma vez feita esta opção, todo seu "cha" (capacidades, habilidades, atitudes) estaria direcionado para o éxito e obtenção dos objetivos mencionados acima.

Uma atenção mais demorada em algumas organizações mostrará que há "agendas pessoais" e motivos dissonantes em quase todos os níveis hierarquicos. E, quanto mais alto na hierarquia organizacional, maior seu número e muito mais difícil de identificar.


Sem contar que é terrivelmente mais difícil de realinhar as visões pessoais com as visões do conjunto.
(continua)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Amistad

Será que já pararam para pensar no que significam aquelas intermináveis marchas em alguns treinamentos? Como são monótonas e sem sentido. Vai-se do ponto A até o ponto B e volta. Com canções ou sem elas, definitivamente são um pé! Às vezes dois!
Mas, tira-se algo sutíl dessas atividades; o grupo se escuta como um só, ou começa a perceber unidade. Ordem unida é para fazer TUDO igual ao mesmo tempo.
Um corpo, várias consciências.
Ontem, ao fim da tarde, visitei uma mui querida amiga. Me contou suas "aventuras" desde a última vez que nos vimos. E, eu falei dos caleidoscópios, que crescerão se ela os iluminar com tempo.
Andamos juntos por um bom tempo das nossas vidas. Aprendemos a nos respeitar e amar com todas minhas ilimitadas limitações. Foi bom para recarregar e saber que estamos.

sábado, 7 de novembro de 2009

matilha

Faço parte da Escola de Redes (E=R) e tenho aprendido muito sobre interação social e modos enquanto lia os comentários e interações no grupo.
Hoje lí um tema de discussão sobre os recentes acontecimentos na Uniban, e comecei a responder, mas desistí não sei bem porquê.

Eis aonde estava:
"O que vimos foi um exemplo de "esconder-se na multidão", a expressão de desejos reprimidos individualmente expressos pelo "grupo". Esses indivíduos deixaram de ser Manoel, João, Sebastião e Miguel para ser um manejãotiãoeguel amorfo. Estavam usando o que aprenderam nos joguinhos de role-playing. Tiraram a persona do virtual para inserí-la na realidade, uma vez que dificilmente seriam identificados (?). O último não tinha a menor consciência de qual era o motivo mas seu primitivo era a voz mais alta que ele escutava.
Animais de matilha atrás de uma presa.

Me pergunto se alguma vez passou pela cabeça desses "animais de matilha" a possibilidade deles mesmos ser "a presa" de treinamentos subliminares.
Não, acho que nem chegariam a ver essa possibilidade. (O que é subliminares, mesmo?)
ELES são fortes!!!
ELES são o máximo!
ELES são estudantes universitários!!!
..."
Estamos lascados!

Animais de matilha caçam para comer, não por esporte ou diversão.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Cherubs

(Do jeito que as coisas vão)
Vai chegar o dia em que museus e bibliotecas serão considerados um gasto inútil de espaço precioso com quinquilharias e cacarecos que ninguem saberá usar. Voltaremos à tradição oral e aos ícones virtuais.

Nossos filhos têm acesso a todo tipo de informação sem nenhum filtro e com o mínimo esforço. Repetem, feito papagaios, informações lidas em conclusões de um outro tempo. Um outro mundo. Criamos neles (pois todos somos culpados por omissão) a certeza de que o que sabemos é certo. Que há sempre duas culturas: a civilizada e a outra (Lévi-Strauss, me ajuda). Que o diferente está errado, até mesmo por ser diferente.

Engenheiros desenharão máquinas que farão o esforço. O processo será único: da coleta da materia prima, a usinagem, a fundição e os moldes até a montagem do produto final. Tudo sem esforço e nem a menor noção de porquê. Voltaremos à época em que até um came precisava de explicação e ainda era considerado quase mágico. Você sabe o que é um came, não sabe?

A pesquisa booleana* ainda será o máximo!
Quem souber usar os operadores será considerado um gênio! As combinações serão reduzidas a: E, OU e NÃO. Todas as perguntas serão respondidas com um mínimo de desperdício.
E será o certo.
Será?

É isto que pretendemos ou então, é esta a melhor solução?


A Tv como ama seca e a internet como tutora?
Gosto quando minha filha, agora já moçona, me pergunta e senta para ouvir a explicação do pouco que sei ou acho que sei. E do seu entusiasmo quando "a ficha cai" ao encontrar a informação certa..
Mas, são poucos momentos.
...


CAMEEm engenharia mecânica, o came é uma parte de uma roda ou eixo giratório ressaltada e projetada para transmitir um movimento alternado ou variável a um outro mecanismo. É um elemento fabricado de algum material (madeira, metal, plástico) que tem seu contorno modificado para que seu movimento rotativo, cause um novo movimento em linha reta. Desse modo, conforme gira, o came informa ao seu contato que o giro foi efetuado, gerando um novo movimento, que por sua vez, pode gerar novos movimentos.


came



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