sexta-feira, 21 de novembro de 2014

qwerty

Em resposta a algumas propostas de mudança no sistema pedagógico nas escolas de ensino básico. Sobre a eliminação do ensino de escrita cursiva da grade de ensino. (Veja um artigo aqui e esta discussão no LinkedIn)

Espero ter entendido errado, mas... escrever a mão, cursivo ou bloco, na minha humilde opinião, é uma arte que não terminamos de aprender nunca.

O treinamento se faz no gerúndio diário e os elementos biológicos -pois mesmo para escrever no ar, precisamos usar certas partes específicas do corpo em conjunto- são usados como em nenhuma outra ferramenta. A visão altamente compartamentalizada do burrocrata (sic) idealizador do projeto de eliminar o ensino de escrita cursiva nas escolas de ensino básico, me parece a culpada pelo seu engendramento. Se fosse traduzir em termos chulos, diria que: "é um verdadeiro tiro no pé (nos quatro)"!


Se não, vejamos:
Somente na literatura acadêmica há toneladas de material que consegue contradizer essa proposta. Historicamente então, nos perderiamos na montanha de documentos... escritos a mão! O simples fato de existirem bem antes, e durante, a criação e evolução tecnológica, se é que usou este argumento para validá-la, deveria ser suficiente para poder inferir sua importância nos processos pedagógicos e criativos. A leitura segmental, ou a falta e escamoteamento dela (a leitura) como um todo, seria outro argumento.
E contudo, não se enxerga o bosque porque as árvores atrapalham... escritos.

Tirar das crianças em idade de alfabetização o aprendizado desta ferramenta que irão usar para sempre, e que lhes libertará um potencial inesgotável de inovações (sim, inovações!), é um crime. Um crime que somente um cego prosáico, inepto, sem visão de futuro pode cometer impunemente.
Vejam que nem toquei nos cursos, nem nos cadernos e exercícios, de caligrafia, aqueles entes em extinção senão já extintos e estes dos quais ninguém mais se lembra.
Posso, outrossim, usar como argumento este artigo publicado na Espanha: "Sistema NeuroEscritural - Evaluación del Talento, a traves de la Escritura" (leia na integra aqui).


Me volto às inovações que, por não existirem, precisam ser "desenhadas" a mão, a lápis, no cursivo!
Mas, dirão; existem ferramentas tecnológicas que fazem isso muito melhor. Por enquanto, e até agora (ou me mostrem o contrario): pensar, pensamos melhor nas nossas cabeças. E há uma satisfação atávica ao ver o que desenvolvemos surgir à nossa frente, das nossas mãos, produto da nossa intenção gestual. Sem intermediário tecnológico algum.

Pelo menos, me sinto assim. É tão bom que acredito que compartilho com meus semelhantes a mesma sensação.


Escrever um texto, desenhar um projeto, analisar processos de passos complexos... não importa o difícil, nem o tempo. O resultado, mesmo que com falhas aqui e ali, nos dará o mesmo orgulho que uma vez sentiamos ao descobrir que aquela sequência de símbolos contidas dentro do grafite infantil vinha cheia de significados. Esses traços significam!

Ao aprender a ler e escrever somos re-introduzidos à humanidade, como se nascidos novamente. Um rito de passagem universal à espécie humana.
Eu disse escrever, não digitar!

PS
E ia me esquecendo;
No cursivo, mudamos o estilo, a inclinação, as curvas. Todo um novo pensar. Intenção e gesto.
Mas, mude o QWERTY de lugar e teremos que re-aprender mecanicamente a digitar... do mesmo modo. E, lamentavelmente continuaremos pensando mecanicamente igual.

Afinal, para mim; "Torpedo" não pode ser transformado em eufemismo para coisa carinhosa nenhuma! Continua sendo algo que explode na nossa cara exigindo atenção urgente para coisas sem a menor importância.





______________________________

Posts relacionados:

Parede branca
Evolução e mudança
Humanos
Cherubs
Sistemas
Redes

domingo, 16 de novembro de 2014

Sociedade Paulistana

Nunca os espaços publico e privados foram tão confundidos quanto o são nos dias de hoje. As pessoas fazem nas ruas coisas que nem mesmo no espaço de suas residências deveriam fazer.
Usam mal, e até destroem o patrimônio público, que é de todos e ao mesmo tempo de ninguém. 
Controvérsia? Não na mente dos que assim agem. Tudo é deles, e o espaço  também.

Conversam gritando com outros "cidadãos" que se encontram no outro lado da rua. Atendem telefone dentro do transporte coletivo, falam de assuntos privados, nem sempre agradáveis. Falam, nesses mesmos coletivos, em voz alta sobre os mais variados e inoportunos assuntos.
Pesquisa recente mostrou que mais de 70% da população sem o ensino médio, acha justo que políticos aufiram vantagens para si próprios em suas posições, e fariam o mesmo se lá estivessem. O percentual de pessoas graduadas com a mesma opinião foi de 3%, o que eu, particularmente, ainda acho elevado.

Como exigir ética e discernimento dos políticos quando falta aos que os elegem? Acho que por isso são eleitos.


O bem publico, assim como o espaço, deveria permanecer público, ou seja, de todos, do povo. Mas não é bem assim que as coisas ocorrem.
Copos descartáveis, latas e toda a sorte de produtos descartáveis são lançados no espaço público. Se não fossem aqueles que da coleta deles dependem, a cidade estaria ainda mais depredada.

Há também aqueles que apesar das campanhas, ainda desperdiçam água, com a desculpa de que "eles" é que pagam a conta da água. Na realidade a conta da água será paga por nossos filhos e netos, e os filhos e netos deles também. Mas não há discernimento suficiente para concluírem isso, argumentar em contrário não resultará em nada além de uma discussão, isso se o "cidadão" não partir para a "argumentação física". Então é melhor deixar pra lá.

Todos nós temos o direito a nos divertirmos, escutar os musica, a conversar os com quem e sobre o que quisermos. Temos o direito de namorar, beijar, dar uns amassos, beber, desde que circunscritos ao espaço privado. Esse espaço privado não se limita ao ambiente físico onde estamos, o som alto transcende as paredes e invade o espaço de outras pessoas, que, nem sempre, tem o mesmo e duvidoso, gosto musical. Que embora aceitem o amor, talvez não estejam dispostos a presenciar cenas "românticas" representadas em publico.



Gritar e falar alto desnecessariamente, nunca foi sinal de boa educação. Pessoas educadas se aproximam umas das outras para falar, e falam alto o suficiente para o seu interlocutor ouvir.
É comum ouvir "Todo mundo faz assim!"

Infelizmente falta educação e cultura aos nossos cidadãos paulistanos, sem isso não há discernimento, sem discernimento não há respeito, pois falta a noção de certo e errado. Falta a noção da diferença entre o espaço publico d o privado.

Fui ensinado que meu direito começa e acaba nos pontos, onde termina e começa o de outra pessoa. Que o meu espaço privado era sagrado, como sagrado era o dos outros também. Que há coisas que não devia fazer em publico, no minimo para esconder a própria ignorância, me preservando de vexames.

Mas as pessoas hoje nem notam que quase caem em uma fila, por estarem se empurrando mutuamente. Molham ou sujam outras pessoas, quando arremessam pontas de cigarro, cospem, jogam água fora, restos de comida e etc., pedem desculpas, mas não mudam de atitude.
Pessoas que assistem ao noticiário, mas para elas aquilo é "só televisão". O aquecimento global, a escassez de água, os golpes financeiros e da internet, pedofilia, violência familiar, roubo, sequestros, tráfego de drogas, nada tem a ver com o cotidiano delas, é só um programa de TV.

Também não fazem qualquer relação entre superproteção aos filhos, com uma atitude permissiva, não exigindo nada, protegendo-os mesmo quando eles estão errados. Coitado do filho, não acha emprego, mas também não procura. Escreve "onesto", fala "pobrema", só sabe fazer contas com duas operações básicas; no computador só sabe usar o MSN, o FaceBook, ou o Whatsapp, com o dialeto próprio da comunidade que o utiliza e o (defunto) Orkut. Mas não aceita ganhar menos de seiscentos "real", vale-refeição e sem trabalhar aos sábados.



Saudades da época em que tudo era diferente. Parece que eu fiz uma confusão danada. Mas tente refletir e verá que tudo escrito aqui forma um círculo, não importa o ponto de partida, você passará pelos mesmos pontos e chegará ao ponto de onde partiu.

A educação dada pela familia esta cada vez mais permissiva e protetora, os pais são ausentes, ou porque querem, ou porque trabalham muito. Ambos não se sentem à vontade para exigir nada dos filhos, primeiro para não serem tidos como chatos e muito exigentes, segundo porque para ser exigente com os outros, é preciso ser disciplinado e ter um nivel elevado de exigência consigo. Isso adiciona um pouco mais de estresse a vida já estressante na grande São Paulo. Entretanto precisamos fazer uma escolha: Ou somos exigentes agora e preparamos um adulto independente, ou somos permissivos e criamos um adulto dependente de nós e de nossa futura aposentadoria. Pois nossos filhos não terão condições e atitude necessárias à sua sobrevivência. A superproteção  podderá levá-los a ser dependentes de antidepressivos, por não saberem lidar com as adversidades do mundo. Ou ainda, não terem limites para obterem o que querem.


É por isso que eles perdem a noção do certo e errado, do público e do privado, chegam à vida adulta sem discernimento. A forma como foram educados, lhes faculta fazerem o que quiserem, até que alguem mais forte, ou poderoso, interrompa suas "experiências". Ai, voltam-se contra o próximo mais fraco, ou contra algo.
É a lei da selva.

Tudo de bom que uma pessoa pode ter começa com uma boa educação em casa, passa por um bom aprendizado. Com educação e conhecimento, sendo exigido em suas responsabilidades, o jovem ganhará discernimento, será alguem competente e independente. Será enfim, um cidadão, um cidadão de bem.






Marx Durkheim Hobsbawm Weber da Silva
Paulistano inconformado
Personagem criado por Gerald Corelli
Extraído do texto: Análise Imponderada da Sociedade Paulistana

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Criatividade e escola: caminhos incompatíveis?!

Em resposta a artigo do mesmo nome, comecei a escrever este comentário que de tão cumprido acabou virando post. Valia a pena fazê-lo. A discussão ainda vai longe, tem muito o que ser dito.

As escolas, como as conhecemos hoje em dia, elas próprias, seguem "escolas" (de pensamentos e filosofias) pedagógicas. Trilham, por assim dizer, caminhos impostos de escopos conhecidos, de ideologias pré-estabelecidas. A verdade conhecida, da qual as bibliotecas estão repletas. O conhecimento explícito, fixo. 

Sem sustos.

A criatividade e a inovação, por definição são o desconhecido. Queremos ensinar para verdades desconhecidas? Teriamos antes, que quebrar paradigmas seculares, entre o ensinado e aprendido, modos testados (formas e atitudes). Acolher o processo criativo do racionalismo de Spinoza ao romantismo Nietzcheano. E mostrar como não acontecem cataclismas ao criar pontes entre fatos e valores. Paradoxalmente, de verdades desconhecidas as bibliotecas estão repletas, de sementes em forma de informação.
Com sustos... muitos.


Na escola, os professores serão os guias facilitadores. Eles deverão saber e instigarão ao uso da ferramenta que permitirá abrir as portas para grandes criações. Antes de tecnologias e muletas extra-corpos, o cérebro como instrumento básico e principal de qualquer questionamento criativo. Longe da linha de produção seriada, a possibilidade da criação. Nem precisava ser genial, seria única e a partir dela, a genialidade seria possível.

Conseguiria-se assim uma quebra de padrões e hierarquias. O indivíduo como parte de um elemento coletivo maior de unidades únicas. A aspiração comum sendo o progresso e desenvolvimento de cada um desses coletivos, aproveitando as diferenças como molas construtoras. As crianças são naturalmente mais abertas à criatividade. Sua fé infantil não teme a aprendizagem quando apresentada com habilidade e sabedoria. Ao reconhecer, o outro, como igual e com o igual fazer parceria no desenvolvimento de ideias e resultados, o respeito e a troca se tornam muito mais fáceis. A nossa visão de mundo se alarga ao incorporar a visão do "outro" e o mundo visto ser nosso. Os antigos pedestais que criavam hierarquia na escola seriam extintos quando todos se descobrissem aprendizes.
Os sustos se transformam em surpresas.

É esta flexibilidade conseguida com o aprendizado do livre pensar, o questionamento fractal. A escola pode entrar como porto de partida para essa grande aventura.


Qual a mediação possível?

É difícil pensar e falar a respeito de individualidades se o fizermos dentro do padrões comuns desta nossa massificada sociedade industrial. Seguindo os padrões atuais tudo deve estar dentro de normas e conformidades, pesos e medidas de controle e qualidade, para ser usado -consumido- por individualidades únicas. Diferentes todas entre si.
Um contra-senso que ninguém, a não ser criativos, discutem. 

Não haveria mais as amarras de temor, pois aceitar, somar e compartilhar o que de novo vier de todas as direções possíveis seria o natural. Ensinaria-se desde tenra infância. Perceber, usando associações gestálticas (sic), o tempo do outro e ir ao seu encontro para ampliar o horizonte de todos deixará de ser o grande desafio. A descoberta de significados em coisas e fenômenos que a maioria considera certos. Estáticos.
E todos os dias as condições certas para a frutificação do novo.





________________________________
Posts relacionados:

sábado, 8 de novembro de 2014

Nephele



Nefelibata:  adj. e s.m. e s.f. Que ou pessoa que vive nas nuvens; cujo espírito vagueia num mundo ideal.

O problema dos nefelibatas é viver num mundo que não existe.
Hmm... Acredito que os problemas decorrem mais porque insistimos, infantilmente, em juntar ambos os lados de nossa existência: trazer nosso mundo inexistente para a vida real ou viver definitivamente no mundo imaginário.
Em qualquer um dos casos, haverá problemas na vida real. Essa que todo mundo é obrigado a viver. Levantar de manhã e, cansados, dormir à noite. Até não acordarmos mais.
Isso... da fecundação ao enterro.
Vida;

Preste atenção em como muitos nefelibatas  tem tido suas vidas conturbadas, primeiro por serem nefelibatas e depois por tentar aplicar o que acham ser o certo. Alguns exemplos: Nicola Tesla é um deles, Jules Verne, uma enxurrada de poetas e artistas de toda sorte, Lloyd-Wright, Proudhon, HG Wells podem ser alguns deles. Lutero é um os casos mais evidentes... e veja o cisma que criou.  Nenhum deles o fez de caso pensado para causar mal algum.
Não era essa a intenção, muito pelo contrario. Teimosamente insistiram em fazer o que achavam certo.



Veja como eles tiveram sua cota de problemas por ser da forma que eram. Ver e pensar o ambiente que os cercava da forma como o faziam. Uma forma ingênua e inquisitiva, digna de qualquer criança que se preze.
Quantas vezes nossos cuidados de pais não tolhem perguntas infantis, que haveriam de se tornar caminhos a explorar, e para às quais não temos mais respostas. Ou quantos, "você me cansa..." quando não compreendemos o destino que esta viagem há de nos levar.

Ode aos nefelibatas desconhecidos!
Aqueles que andam com um começo de sorriso, param para escutar as serenatas dos pássaros e são capazes de abraçar árvores que veem pela primeira vez, brincar na chuva, e se surpreender, crianças, com o cenário escrito a mão pela natureza.

E, ainda assim capazes de tanta confusão, dor e angustia... 




terça-feira, 4 de novembro de 2014

A Água, os Caras, e... nós

Odeio dar uma de Cassandra, já disse em um outro post neste mesmo blog.
Faz alguns anos brincava que, em seguindo a carência do recurso água no mundo, chegaria o dia em que o mapa do Brasil acabaria um pouco além de Aquidauana-MS. Dali para frente haveria uma "internacionalização" dos recursos geográficos todos. Chegou a ser até uma das propostas de um dos gestores do Fundo Monetário Internacional na época em que estávamos pior do que hoje. Ainda tínhamos que ouvir calados todo tipo de bestialidade que tecnocratas de passagem ousassem dizer.

Várias gerações brasileiras viveram à sombra do engano de que a água no Brasil nunca iria acabar. Engano reforçado pela pouca noção que as afirmações vindas, de quase todos os lados, de que o Brasil tinha o maior índice hídrico do mundo, lhes forneciam. E, principalmente, a inação do governo em relação à preservação, ao bom uso e racionalização do consumo do recurso. Vivíamos junto a presença do Rio-Mar, um pantanal sem fim, rios caudalosos, chuvas e umidade contínuas.
Água por todo lado.
Poderíamos até nascer guelras!



Dadas as condições certas, muitos elementos sem relação alguma aparente, uns com os outros, somados criam "ambientes" cuja solução é lenta e desconfortável. A recuperação dos índices hídricos a níveis anteriores a 2k será um destes ambientes. Aqui teremos a real noção do que "rede de redes" significa. Assim como 3 pontos percentuais podem significar pouco mais de 3 milhões de almas.
Me pergunto, e quando chover de novo, será que vai inundar a cidade? Voltarão os desmoronamentos?
De novo?

E, como desgraça pouca é bobagem, a eletricidade é gerada a partir de hidroelétricas, movidas a água de rio.... Preciso continuar?


Agora, uma das regiões mais industrializadas e densamente povoada do país passa por uma estiagem prolongada e amostra de falta de gestão previdente do recurso água. São Paulo, capital do estado de mesmo nome, hoje raciona e consome suas últimas reservas do "inacabável" recurso. Enquanto o governo estadual informa que não há racionamento, as torneiras paulistanas suspiram que a água acabou.

No rol das prioridades de um dos governos mais longos do estado, a gestão e previdência do recurso foi relegada a menor papel. Simples coadjuvante ante prioridades politicas e partidárias. O partido antes do povo representado por ele.



Paradoxalmente, esse mesmo povo reelege, para novo mandato, aqueles mesmos que até agora não sentiram necessidade ou vontade de zelar por ele. Ante uma máquina propagandista hipnotizante bateu ponto contra si próprio. Agora, e contra seus filhos depois, pois assim que as chuvas voltarem, se voltarem no volume necessário, para preencher cursos e reservatórios, o pobrema voltará a ser "do governo" (do federal, no caso). E nada mais será exigido nem feito.

Os milagreiros de plantão terão feito milagre$ e os políticos farão campanha adjudicando-se mais essa façanha: a de atrave$$ar leitos secos e chegar à outra margem encharcados!

Por outro lado, a democracia no Brasil, teoricamente, segue o esquema usual dos três corpos trabalhando em conjunto: Executivo, Legislativo e Judiciário. Todos três representando a vontade coletiva, soma de cada um de nós, o povo.
A cartilha básica da "Democracia e Você - Introdução à cidadania".
Acabamos de passar por uma eleição de representantes para o Executivo que mostrou uma divisão, quase igual de vontades antagônicas. Colorações históricas, mal-entendidos e pior apreendidos de situações politicas. Poucas vezes antes na história republicana brasileira tinha acontecido de haver tal cisma.



As repercussões ainda se fazem sentir após varias semanas do pleito eleitoral terminado. Inconformados com o resultado, elementos vão à mídia e às redes sociais ventilar suas idéias conspiratórias e conclamar prosélitos e incautos para reverter o resultado. Alguns chegam ao ponto de exigir o concurso das forças armadas num claro retrocesso histórico e cívico, passando por alto, e ao mesmo tempo ignorando, o preço pago da última vez que tal aconteceu. Acreditam ser este, um preço menor a pagar, frente a uma eventual guinada "bolivariana", orquestrada por partidos ditos "à esquerda de quem entra".

Somos culpados da nossa própria desgraça. Como sociedade permitimos que nosso destino fosse ditado por pouco mais que sicários, que - uma vez eleitos - pensam somente no "primeiro eu".
Auxiliados por uma mídia sectária, parcial ou omissa, dependendo das conveniências do momento.
Nos isentamos de qualquer responsabilidade e, tempos depois, fazemos passeata com as caras pintadas ou encapuzados black-blocs. Anônimos todos. Vamos atrás de descontos em passagens quando o que queremos, e realmente precisamos, fica escondido com medo em casa.


Individualmente nos repetimos: "não é culpa minha", como mantra. Agradecemos o calendário que ganhamos de brinde no banco e evitamos, ativamente, participar. Enquanto o sistema, diligentemente criado por nós mesmos, nos repete: "não reaja, qualquer resistência será inútil".





________________________________
Sobre a "internacionalização" da Amazônia, na Veja em maio de 2008.
Sobre a "internacionalização" da Amazônia, na Wikipédia
Significado de Democracia na Significados.com.br
Significado de Revolução Bolivariana no Wikipédia