quarta-feira, 30 de setembro de 2009

instrumentos 1

Lembrete para mim mesmo:
Estou participando de um projeto de gestão do conhecimento desenvolvido em uma grande empresa. Nestes dias atrás estive fazendo um relatório das entrevistas acontecidas e cheguei a um impasse: a leitura me levava por um caminho, mas a solução sempre parecia ser outra coisa.
Temos que tomar cuidado ao entrevistar e não "interpretar" as respostas. Somos (nós os entrevistadores) um meio que pode distorcer as mensagens assim que entrarem em contato conosco.
O que somos tinge as respostas dos outros.
E é quase impossível voltar atrás. O momento se perde. Taquigrafia seria um bom paliativo a esta doença. Um gravador seria melhor ainda.
Nem sei mais se as escolas de comunicação ensinam ainda (ou se já ensinaram alguma vez) instrumentação básica (101). Taquigrafia ou estenografia seria um bom instrumento para usar nas entrevistas.
Saber as perguntas antes de chegar ao evento seria uma ótima estratégia, também. Assim não perderiamos tempo pensando no que perguntar enquanto o entrevistado responde.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Ciclos

Comecei minha vida profissional como ilustrador e desenhista. Usava minha profissão para ajudar na transferência de informação. De professores para alunos, de professores para professores e para publicações. Fui um ilustrador científico por muito tempo antes de trabalhar com computadores e internet. A medida que desenvolvia meu trabalho entendí, aos poucos, o processo do qual participava. Algumas vezes mais rápido que outras. Algumas vezes mais facilmente que outras. Estava no meio de um processo bem maior.
Transformava conhecimento em informação para poder ser transformado em conhecimento novamente.

Tive a sorte -e ajuda- de ter contato com gente que antes de mim já tinha percebido o processo e participava ativamente dele. A Fiammetta Palácio, o Luis Carlos U. Junqueira, Humberto Torloni e Ricardo Brentani entre outros. Mas acho que só estes já deram parámetros suficientes para meu desenvolvimento. Lhes agradeço. Muito.
O resto era comigo.

Antes de poder desenvolver meu "produto" tinha que entender o que era e seria. Acabei no meio tempo aprendendo a aprender e a melhor explicar. Transformava processos em signos, gráficos e referentes. E, não tardou muito, fazia o contrario com igual rapidez. Me divertia com meu serviço e gostava de participar na descoberta de novas formas de completá-lo.

Processos mecânicos, repetitivos de laboratório (fotográfico) foram sempre meu horror! Saber o tempo certo, até o último instante e seu resultado esperado era exasperante. Mil vezes enfrentar um rabisco a ser transformado do que entrar numa cámara escura a processar filmes.
Confesso que não poucas vezes fiquei o dia inteiro fazendo isso. Sabia de cor, era mecânico mesmo. Minhas pupilas dilatavam buscando luz. Meus olhos pareciam olhos de esquilo quando saia de lá. Meu favorito mesmo era transformar a informação sem forma.
Pequeno desvio, volto ao assunto.

Dizia que cheguei à conclusão que estava no limiar de algo bem maior. Percebi que os processos de transformação e transferência aconteciam em vários niveis ao mesmo tempo. Em todos os sentidos, velocidades e ordens. Focando qualquer um desses processos, veriamos um caleidoscópio de múltiplas imagens respondendo à mesma quantidade de informação. Como em Anscombe. Ou fractais (me repito?).

Precisava de ordem ou explicação. Entender conhecimento e como ele transformava tudo a sua volta. Acabei fazendo pós-graduação (especialização) em Gestão de Conhecimento. Foi mais um passo à frente. Muitas coisas que antes suspeitava tomaram forma. Estou criando uma base formal acadêmica. Talvéz não tenha mudado muito pessoalmente, continuo sem olhos azuis, nem podendo tocar piano como Liberace. Mas agora consigo entender melhor, às vezes. Hoje percebo melhor os processos de transferência e transformação. Sei o nome e o conceito. Consigo focar e identificar. Acabou o temor da luz.
Consigo explicar.
Como fiz agora.
...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Mão pesada

Hoje de manhã, no rádio do carro, escutei um comentarista falar sobre a "mão pesada" do governo na gestão da economia.

Falava sobre a "crise mundial" e, dizia ele resumidamente, que: "algumas áreas da economia -notadamente bancos e montadoras de veículos- ao ver-se em apuros não pensaram duas vezes antes de virar-se para o governo (estou falando do governo de qualquer país, não necessáriamente o Brasil) e pedir auxílio. $ocorro$.


Seu (deles lá) maior argumento era o de que se quebrassem a demissão em massa geraria um colapso social calamitoso. A perda da confiança nas estruturas democráticas, o retrocesso social, o diabo solto, e por ai afora. Tudo implícito num discurso já gasto, ladino e sem-vergonha.
Concordo com isso, em partes.

Se a demissão de um já cria tensão, imaginem demissão em massa.
Lembram das pedras que falei antes, em iteração-iterações?
Isso seria um bruta pedrão!!

Mas, como a corda arrebenta sempre pelo lado mais fraco. É demissão de funcionários, a massa do povo, por mais qualificado que seja na sua função. Nunca veremos demissão de diretoria, gerência ou gestores. A miopia na gestão empresarial é castigada com cursos de reciclagem, quando muito. No exterior. Com tudo pago e direito a acompanhante(s).
...

Deixemos os spa dos flagelados e voltemos à mão pesada do governo.
Aqui sempre me vêm à cabeça dois pontos diferentes:

1. Porquê o governo (seja lá de onde for, repito) teria que pagar pela incompetência das empresas privadas? Ainda mais pagar com dinheiro nosso, do povo?? Somos excluídos se não o temos e somos taxados por tê-lo! Em qualquer uma dessas situações ninguém me/nós pergunta se quero/emos participar, nem como? Não entanto são capazes de decidir o que fazer com o dinheiro que tiraram de mim/nós com taxas e impostos.

E vejo que não é, de forma alguma, para aliviar minha/nossa situação atual ou daqui a alguns anos.

Contudo é usado sim para aliviar resultados de gestão incompetente, imprevidente, prepotente e amadora. Nem pode ser classificada de diletante!
E;

2. Água, energia e comunicações.
Será que sou só eu ou ninguém percebe que essas três "commodities" são de importância vital para qualquer país. No Brasil, então... somos abençoados por ter água em abundância. (Ou acreditar nessa falácia.) De ela geramos energia mais barata do que usando combustíveis fósseis.

Comunicações... bom, dois de três não está mal.
Segurança nacional era um conceito que escutava repetir ad nauseam quando estava na faculdade (anos 70~80). Será que ninguém aprendeu nada com aquela lenga-lenga toda? Será que ninguém está vendo para onde vamos em pouco tempo?
Quem está dirigindo esta droga??

Vejam a hierarquia de qualquer exército que se leve a sério! Comunicações, Combustíveis e Suprimentos (Intendência, acho). G2 e G4, se não me engano!!
Commodities muito caras para ser deixadas nas mãos do governo, certo?
Errado!!

Vejam as implicações possíveis! Vejam nas mãos de quem estão todos esses recursos.
Vejam como chegaram até eles. Pensem um pouco.
Pensem devagar... mais devagar...

Já que está pensando, pense os motivos por detrás das políticas econômicas. Ou melhor ainda, pense nos motivos por trás das filosofias econômicas! Pense em Keynes e em Hayek, digo neo-liberlismo.
Pense na aplicação dessas filosofias. Não por serem novas, mas por ser melhores que as anteriores. O que as torna melhores? Qual sua aplicação e benefícios onde são aplicadas? Como foram aplicadas? Quem a aplicou?
O "bolo" chegou a crescer? Foi repartido?
Quem ficou com minha parte?
...
E a sua?

As notícias são o que você assiste entre os comerciais.
[inconclus...]





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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Iteração-iterações

Ultimamente venho percebendo resultados diferentes no meu trabalho. O que faço, o resultado do que faço, começa a tecer relações -às vezes nem tão lógicas assim- com outros usos e processos.
...
Acabei lembrando das ondas criadas quando jogamos uma pedra na água, por exemplo. Sempre deixamos de perceber que a onda também cresce para baixo, dentro da água. Só que de uma forma diferente. O que vemos é o ajuste de um objeto no espaço quando atingido por um outro objeto a ocupar o mesmo espaço. Tudo relacionado com as características físicas específicas da água e da pedra. Ou, dos objetos que entrem em contato e sua densidade especifica.
E, blah-blah-blah...
Um modelo teórico para uma explicação.
...
Imaginem, um monte de pedras -todas diferentes entre si- a atingir a água ao mesmo tempo. As ondas seriam diferentes entre si também, lógico. O encontro dessas ondas criaria novas formas que, quando somadas, não teriam relação com as ondas originais. Seriam resultado da "soma" de diferentes ondas diferentes. Bolhas diferentes....


Somos atingidos diáriamente por "pedras incidentais". Nós mesmos somos elas, para os outros. E para o ambiente em que estamos. O que somos, o que pensamos e o que fazemos, ou não, são as tais "pedras".
...
Quer ver isso de outra forma?
Veja "The Story of Stuff" no seguinte link: http://www.storyofstuff.com/
e pense livremente. Não somente aqui e agora, mas ontem e de aqui a cinco anos.
8-)




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