domingo, 14 de fevereiro de 2016

Desapego e outros Ciclos

De tempos em tempos somos re-apresentados à noção de desapego.
Desde os tempos do cristianismo original quando se tinha, compartilhava. Que, com o tempo mudou. O que houve foi uma depleção de recursos por limitações geográficas, sociais e tecnológicas.



Na Europa, esta depleção fez com que, nos séculos XV e XVI, houvessem as condições certas para as grandes aventuras descobridoras da outra metade do mundo... e os seus recursos.

A ideia, naquela época, não era de forma alguma compartir, mas sim captar recursos novos.
Todo o que se pudesse, feito em nome de uma 'realeza' qualquer. Com o tempo, a noção de desapego voltou, várias vezes e com roupagens distintas.

No final do século XIX e começos do XX, repete-se a situação de depleção de recursos e mercados. Deveria haver uma forma de captar ou criar mercados novos. A Revolução Industrial estava dando as cartas naquele tempo. Tudo acontecia porque a indústria assim permitia. A Torre Eiffel é, até hoje, seu maior produto exposto. O que mais se ouvia falar era de consumos e mercados. As guerras ainda pareciam uma boa solução para a captação de recursos, dar destino ao excedente e ocupar as massas com exercícios corporativos.

Um pouco antes da Segunda Guerra Mundial já existiam os movimentos em que o desapego voltava a aparecer (de novo). Vivia-se o momento, baseavam-se em filosofias e sistemas de vida, alguns poucos deles, ligados à natureza ou a uma vida mais natural. Isso era, mais pejorativamente, chamado de utopias. No entanto, o desapego como função do consumo não deixa de existir nunca.
Vive-se o momento, consume-se o agora.
Acabam-se as guerras, morre-se menos.
Surgem novos, e inesperados, mercados consumidore$.
Desapego... seja livre, seja você. Vista calças X, enquanto bebe aquilo-cola!



Veja que, quem vive o momento e consome o agora, sempre amealhou para nunca mais.
As condições do desapego, como mostrado hoje em dia, são a criação de mercados para quem nunca consumiu. O mercado de quem nunca teve, o mercado de quem quer ter, de quem quer ter mais.
A-g-o-r-a!

O desapego individual, como deixar de ter ou usufruir somente do que é necessário, existe só na canção do urso. Desapego como função de vida é prolongamento de destinação.
Como peças de reposição, até chegar ao final, já como matéria prima para nova produção.
E finalmente, surgir outra vez como produto, digno de desejo e... novo.


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