sexta-feira, 22 de abril de 2016

O Admirável Novo Consumidor

Esta é uma transcrição de um artigo publicado na revista Época Negócios em 2012, que usamos para estudo de caso no curso de Logística. O Prof. Elinton Santi nos fez debruçar sobre o texto e analisar o tema.



“Brilhantismo é a nova beleza.” Parafraseando um tipo de citação muito usada na indústria da moda (grande ditadora de tendências), Henry Mason, diretor global de pesquisa da Trendwatching.com, define o que move o consumidor hoje. Para o especialista em consumo, se antes ter o melhor carro, o relógio certo ou ser o mais bonito do recinto era sinônimo de status, agora o que vale é estar mais online, ser mais “verde” ou mais inteligente. O consumidor não é mais o mesmo.

É o que a trendwatching.com chamou de "statusphere" (um trocadilho com o termo “stratosphere”, ou “estratosfera”, em português). Esta é uma das principais tendências de consumo identificadas pela consultoria, que serão apresentadas em um road show mundial, marcado para começar em São Paulo, no mês de agosto.

“Se você é uma empresa, deve saber exatamente com qual esfera quer se comunicar. Uma vez feito isso, é necessário vender algo que permita ao consumidor contar uma história sobre quem ele é”, explica Mason.

A mudança de mentalidade já começa a se refletir nas empresas. No setor automotivo, por exemplo, as marcas de luxo passaram a promover cursos de direção defensiva, conta Luciana Stein, diretora da Trendwatching.com para América Central e do Sul. Muitas vezes, para vender o produto é preciso vender antes uma experiência.

Junto e misturado
Outra tendência, antecipada pela trendwatching.com para Época Negócios, é a “bridge the gap” (algo como construindo pontes para diminuir lacunas). Segundo os pesquisadores, a sociedade está consciente de que erradicar a pobreza é algo que faz bem ao próximo e a si mesmo, já que resolve problemas sociais como a violência. Isso se traduz em iniciativas como a da marca Schincariol, com o movimento “Esse é o meu lugar”. O projeto mostra a rotina de comunidades como a Cidade de Deus e o Morro do Alemão e dá oportunidade a produtores de conteúdo de regiões menos favorecidas do Rio de Janeiro.

Generosidade corporativa? Não, estratégia comercial. Uma pesquisa recente do Data Popular mostrou que o consumo da classe D já ultrapassa o da classe B em diversos categorias de produtos como eletroeletrônicos, eletrodomésticos, móveis, itens de higiene e beleza e medicamentos.

De acordo com o instituto, apenas com eletroeletrônicos, em 2011, a classe D teve um gasto de R$ 10,9 bilhões, 25,3% a mais que a classe B. O fenômeno foi matéria de capa da última edição de Época NEGÓCIOS. Foi-se o tempo em que o luxo ditava o consumo. São as expressões da baixa renda que agora saem das novelas e invadem o dia a dia de todos (de A a E).

Caiu na rede...
Como não podia deixar de ser, a internet é outro meio que tem mudado as relações de consumo. Os casos mais emblemáticos vêm de países como o Brasil e Colômbia, nos quais foram criados aplicativos para tentar resolver, pela rede, o problema da segurança.

O APP brasileiro Agentto é gratuito e funciona como um alerta silencioso no celular, que avisa familiares e amigos se você está em uma situação de perigo. Já o site colombiano Seguridadenlinea forma um mapa no qual as pessoas podem visualizar ocorrências como roubo, homicídios, ou áreas ocupadas por grupos criminosos na cidade de Medellín.

A tendência foi chamada de “safety net” (rede de segurança, em português) pela consultoria, mas funciona também para diferentes aplicações de negócios. Na China, por exemplo, a rede de segurança foi criada para apontar restaurantes nos quais houve problemas com intoxicação alimentar.

Mas, apesar da força da internet, há um movimento de intersecção entre os mundos on e offline. Um caso que exemplifica bem esse movimento é o do supermercado britânico Tesco, que criou gôndolas virtuais em estações de metrô da Coreia, nas quais o consumidor podia usar o smartphone, apontar para a imagem e comprar os produtos. Ao chegar em casa, como mágica, a compra já havia sido entregue. O objetivo era aumentar as vendas sem ter de aumentar o número de lojas, mas o caso fez tanto sucesso que foi replicado no México pela rede Superama.

“As pessoas gostam do poder que têm no online. Mas elas também gostam do offline, porque são seres humanos. O Facebook é uma rede online, mas ele é sobre o que estamos fazendo no mundo real. Pessoas gostam de pessoas”, diz Mason.

Com 215 mil clientes no mundo, a trendwatching.com montou seu escritório no Brasil em fevereiro. Aqui, a empresa atende empresas como Pão de Açúcar, Natura, Avon, Itaú e a agência de publicidade F/Nazca. “Os clientes queriam saber sobre o Brasil e ficavam impressionados com os casos de novos negócios e tendências de consumo que vinham do país”, conta Luciana.



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Referências

Revista Época Negócios, http://epocanegocios.globo.com/Inspiracao/Empresa/noticia/2012/07/o-admiravel-novo-consumidor.html

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