Coisas que antigamente eram ensinadas, pois para poder viver em sociedade deveríamos saber.
Ensinava-se, por exemplo: a ler, matemáticas, etiqueta, caligrafia, cultura, costura e cozinha. Coisas que eram básicas mas não eram natas. Não nascíamos sabendo como fazer... éramos ensinados.
Sabia-se que não sabíamos, portanto, precisávamos aprender como fazer. E como fazer bem.
Com o advento da tecnologia e, logo depois, a invenção da "interface intuitiva", de comandos arbitrários, econômicos e fáceis, se expandiu a noção de que poderíamos, por intuição, descobrir como fazer sozinhos. Exponha qualquer criança a um Touch-Pad e veja o que acontece.
Mais transparência = mais produtividade, certo?
Em algum momento no desenvolvimento humano, ou pelo menos no nosso, é só olhar em volta, houve uma definitiva ruptura com a natureza. Ao ponto desta ter que ser re-introduzida no nosso cotidiano, como se nós, não mais fizéssemos parte dela.
Uma inversão de fato, nós como anteriores e independentes dela.
Começamos a acreditar em sandices tipo: "Vós sois os Reis da Criação".
Bela balela marqueteira repetida ad nauseam para apacentar descuidados e tolos.
Hoje, há pessoas (me desculpem as outras pessoas) que gostam de flores, mas não admitem que as folhas das árvores caiam pois 'sujam o chão' das suas casas.
São capazes de se enternecerem quase ao choro e dar 'likes' alucinados na foto de um gato no Facebook, mas não recolhem o cocô dos seus pets na calçada dos vizinhos.
Ou pior, matam gatos (animais, sendo essencialmente socialistas, não reconhecem propriedade privada) que apareçam nos seus quintais.
Quando tenham quintais, pois temos a mania de cimentar tudo. Cimentamos como assinatura de civilização, cortamos as árvores e acabamos com a grama e o mato.
Depois nos surpreendemos com inundações ou deslizamentos anuais (nos mesmos lugares de sempre) e com pragas e epidemias (assunto para outro post).
Invadimos o espaço auditivo alheio, calando terra e pássaros, com o auxílio de deturpações tecnológicas. Em carros-altofalantes nos achamos no direito de impingir "músicas" no sossego dos outros.
Não toleramos mais o canto do galo as 04:51 da manhã, anunciando o dia, e de bom grado, calaríamos a algazarra de cigarras e dos passarinhos brincando na hora do café.
Faz quanto tempo não escuta um galo cantar? Lembra da última vez?
Ah, na cidade não pode. É Lei municipal...
Lembra dos "Reis da Criação", lá de cima?
Verbo
Nos enganamos.
Não conseguimos aprender a essência do que seja viver em sociedade. Às vezes, nem chegamos a compreender como é viver sozinhos. De forma atabalhoada e desfaçatada incomodamos e invadimos o espaço dos outros, como se fosse nosso direito de nascença.
Do intuitivo tomamos a noção errada da interface, e desta forma (errada) interagimos com coisas e outros. Afinal no "game" sempre começamos com três (3) vidas.
Ou, como bem disse Jan Gehl: "Todas as cidades no mundo têm departamentos de trânsito, mas quase nenhuma tem um departamento para pedestres e ciclistas ou para a qualidade de vida. Às vezes, tenho a impressão de que sabemos mais sobre o habitat de leões e gorilas do que o de humanos".
E, assim vamos reclamando de bicicletas e viadutos, carros e poluição, chuvas e estiagens, juízes e bandeirinhas, como se não fizéssemos parte ativa de cada uma dessas categorias.
O motivo não é de forma alguma "demonizar" a evolução nem a tecnologia.
Seria o mesmo que culpar o martelo a cada vez que acertamos nosso próprio dedo com ele.
E, tanto quanto o martelo-assassino, a tecnologia É ferramenta. Ambos têm um índice "0" de intenção (agendas particulares, ganância, gostos ou aleivosias), isso tudo fica conosco: gente!
Tanto o martelo-ferramenta, quanto a tecnologia-ferramenta aliviam e expeditam resultados. Aprender etiqueta, caligrafia, costura e cozinha requer tempo. E tempo é um bem que alguns cobrem de valor. Mas, quase ninguém sabe o que fazer com o lucro do investimento.
A mídia, solícita, nos oferece suntuoso banquete de especulações, meias verdades, factoides e análises porcas e míopes para manter-nos bovinamente hipnotizados.
Desafortunadamente, quando não conseguimos inspiração aceitamos entretenimento!
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Neanderthais
Fera Nenem
Humanos
Ensinava-se, por exemplo: a ler, matemáticas, etiqueta, caligrafia, cultura, costura e cozinha. Coisas que eram básicas mas não eram natas. Não nascíamos sabendo como fazer... éramos ensinados.
Sabia-se que não sabíamos, portanto, precisávamos aprender como fazer. E como fazer bem.
Com o advento da tecnologia e, logo depois, a invenção da "interface intuitiva", de comandos arbitrários, econômicos e fáceis, se expandiu a noção de que poderíamos, por intuição, descobrir como fazer sozinhos. Exponha qualquer criança a um Touch-Pad e veja o que acontece.
Mais transparência = mais produtividade, certo?
Em algum momento no desenvolvimento humano, ou pelo menos no nosso, é só olhar em volta, houve uma definitiva ruptura com a natureza. Ao ponto desta ter que ser re-introduzida no nosso cotidiano, como se nós, não mais fizéssemos parte dela.
Uma inversão de fato, nós como anteriores e independentes dela.
Começamos a acreditar em sandices tipo: "Vós sois os Reis da Criação".
Bela balela marqueteira repetida ad nauseam para apacentar descuidados e tolos.
Hoje, há pessoas (me desculpem as outras pessoas) que gostam de flores, mas não admitem que as folhas das árvores caiam pois 'sujam o chão' das suas casas.
São capazes de se enternecerem quase ao choro e dar 'likes' alucinados na foto de um gato no Facebook, mas não recolhem o cocô dos seus pets na calçada dos vizinhos.
Ou pior, matam gatos (animais, sendo essencialmente socialistas, não reconhecem propriedade privada) que apareçam nos seus quintais.
Quando tenham quintais, pois temos a mania de cimentar tudo. Cimentamos como assinatura de civilização, cortamos as árvores e acabamos com a grama e o mato.
Depois nos surpreendemos com inundações ou deslizamentos anuais (nos mesmos lugares de sempre) e com pragas e epidemias (assunto para outro post).
Invadimos o espaço auditivo alheio, calando terra e pássaros, com o auxílio de deturpações tecnológicas. Em carros-altofalantes nos achamos no direito de impingir "músicas" no sossego dos outros.
Não toleramos mais o canto do galo as 04:51 da manhã, anunciando o dia, e de bom grado, calaríamos a algazarra de cigarras e dos passarinhos brincando na hora do café.
Faz quanto tempo não escuta um galo cantar? Lembra da última vez?
Ah, na cidade não pode. É Lei municipal...
Lembra dos "Reis da Criação", lá de cima?
Verbo
Nos enganamos.
Não conseguimos aprender a essência do que seja viver em sociedade. Às vezes, nem chegamos a compreender como é viver sozinhos. De forma atabalhoada e desfaçatada incomodamos e invadimos o espaço dos outros, como se fosse nosso direito de nascença.
Do intuitivo tomamos a noção errada da interface, e desta forma (errada) interagimos com coisas e outros. Afinal no "game" sempre começamos com três (3) vidas.
Ou, como bem disse Jan Gehl: "Todas as cidades no mundo têm departamentos de trânsito, mas quase nenhuma tem um departamento para pedestres e ciclistas ou para a qualidade de vida. Às vezes, tenho a impressão de que sabemos mais sobre o habitat de leões e gorilas do que o de humanos".
E, assim vamos reclamando de bicicletas e viadutos, carros e poluição, chuvas e estiagens, juízes e bandeirinhas, como se não fizéssemos parte ativa de cada uma dessas categorias.
O motivo não é de forma alguma "demonizar" a evolução nem a tecnologia.
Seria o mesmo que culpar o martelo a cada vez que acertamos nosso próprio dedo com ele.
E, tanto quanto o martelo-assassino, a tecnologia É ferramenta. Ambos têm um índice "0" de intenção (agendas particulares, ganância, gostos ou aleivosias), isso tudo fica conosco: gente!
Tanto o martelo-ferramenta, quanto a tecnologia-ferramenta aliviam e expeditam resultados. Aprender etiqueta, caligrafia, costura e cozinha requer tempo. E tempo é um bem que alguns cobrem de valor. Mas, quase ninguém sabe o que fazer com o lucro do investimento.
A mídia, solícita, nos oferece suntuoso banquete de especulações, meias verdades, factoides e análises porcas e míopes para manter-nos bovinamente hipnotizados.
Desafortunadamente, quando não conseguimos inspiração aceitamos entretenimento!
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