Alguma vez nos perguntamos; qual a diferença entre um "gênio" e o resto de nós?
Eu já. Consigo me dar ao luxo de perder tempo pensando nestas coisas. Algumas até preciso gravar para não esquecer.
Mas, voltando ao gênio. A resposta é: nenhuma.
Genialidade, como a definimos nos dicionários, não é uma condição física. É, isto sim, uma condição mental. Parte do zero, da base, da imaginação dos indivíduos. Não tem sexo, raça ou medida. É uma condição do espírito que permeia e une a todos nós.
Todos nós.
O uso que fazemos desta condição é o que nos diferencia uns dos outros e aos "gênios" do resto de nós.
Como?
Einstein foi, indiscutívelmente, um gênio. Um dos maiores. Da Vinci e Galileu, também. Newton, Franklin e Tesla, idem. A lista é enorme! Homens e mulheres! Qual o denominador comum a todos?
Um espírito.
O mesmo espírito que insufla a vida em todos nós. O mesmo que surgiu quando duas células se juntaram e uniram suas informações genêticas para nascermos, eu e você e todos nós.
Agimos, cada um de nós, como os limites da nossa própria genialidade.
Lembre da música do Lulu (opa!): "Vamos nos permitir!"
[...]
Querido maestro,
ResponderExcluirPrimeiramente gostaria de dizer que sempre acompanho seu blog, embora quase nunca comente seus textos. Mas hoje resolvi fazer algumas observações, que nem de longe se pretendem provocações.
Acredito que a concepção de gênio(pessoa dotado de genialidade) ou “gênio criador” a que você se refere data do século VVIII e deriva do romantismo alemão. Assim, se, como afirma Houaiss, gênio é aquele dotado de “extraordinária capacidade intelectual”, então talvez possamos partir desse pressuposto dualista de que a genialidade provem do espírito, e que existe o dualismo entre o físico(corpo) e o mental(alma/espírito), e que, portanto, existe um Espírito que a tudo subsiste. O que me “incomodou” um pouco - o que é bastante curioso dado que sou partidário da tese da liberdade radical -, foi a afirmação de que somos “os limites da nossa própria genialidade”, e o “vamos nos permitir!”(essa frase não seria do Lulu Santos?). Essa afirmação não soa um tanto romântica?
Quero muito acreditar nessa tese, mas não sei se consigo.
Acho que acordei pessimista.
Grande abraço, maestro e, uma vez mais, parabéns por seu blog e por compartilhar seus pensamentos.
Thiago.
É Thiago, me pegou nessa escorregada romântico-depressiva.
ResponderExcluirPois é, acredito na tal dualidade e a uso como "escudo" frente ao exacerbado elogio à boçalidade perpretado pela nossa mídia. Somos atingidos diáriamente por exemplos disso; são dinheiro na cueca, estupros, delação e má gestão premiadas, deshumanidade enfim que me leva a crêr que os últimos humanos estão presos no zoológico.
É um estertor romântico, uma bolha no meio de todo essa iteração sem pé nem cabeça. Em outros tempos ter-ia dito: "O tempora, o mores" com os mesmos resultados.
Ainda bem que você estava prestando atenção e salvou o êrro; é do Lulu, sim! Grande Lulu!
Obrigado Thiago.
Maestro,
ResponderExcluirConcordo plenamente com sua crítica à boçal mídia que faz um “exacerbado elogio à boçalidade” dos homens de nossos tempos... e é lamentável que a lamentação de Cícero seja até hoje pertinente, não acha? Sim, penso que talvez devêssemos tirar os bichos do Zôo para pôr o homem na jaula, como diz a bela música do Karnak.
Quanto ao romantismo, é só algumas vezes que acordo pessimista desse jeito, na maior parte do tempo acabo reforçando o coro dos “últimos românticos”, como você e o Lulu...
E talvez o maior crédulo seja aquele que se diz incrédulo, pois carrego comigo uma inquietação que, se não me faz crer, impede-me de deixar de buscar.
Grande abraço.
Re-lendo seu primeiro comentário sem ligarme em nada, de repente notei que a descrição de Houaiss sobre gênio (aquele dotado de "extraordinária capacidade intelectual") não passa da descrição (otimista, sim...) da raça humana.
ResponderExcluirAntes que você discorde arrumo, ele diz: capacidade. O que podemos fazer (a tal capacidade) usualmente é muito diferente do que de fato fazemos.
Caríssimo maestro, tudo bem?
ResponderExcluirSinto falta das nossas conversas.
Quanto à celeuma, acredito que nossa discordância seja apenas de grau. Explico: não discordo que nossa “capacidade” dependa, em larga medida, da nossa vontade. No entanto, existem muitas outras condições(para não falar determinações) que se apresentam como limites às nossas “capacidades”. Veja, não quero, de forma alguma, negar a responsabilidade do homem, e nem relativizar essa responsabilidade, mas tenho dificuldade com todo esse otimismo acerca das suas “capacidades”. Concordo quando você diz que a definição do Houaiss é otimista, pois pautada na idéia romântica de gênio enquanto dom natural. Assim, entendo que sua visão também aparece como otimista, entretanto pautada na liberdade da vontade do homem. Meu problema é com o otimismo, como disse, tem dias que acordo extremamente pessimista e acabo não conseguindo acreditar na “capacidade humana”.
Agradeço pela oportunidade agradável de queimarmos alguns neurônios, mas bem que nós podíamos marcar para conversarmos pessoalmente também, né?
(Ah, relendo agora nossos comentários, vi que deixei um comentário seu à um outro texto sem resposta. Desculpe).
Grande abraço.