sábado, 24 de janeiro de 2015

É o Petróleo, Estúpido!

O post a seguir não é original meu. Quem me dera poder escrever com tanta simplicidade um tema tão complicado. No final identifico o seu autor, autodeclarado: "avô aposentado". Mas, ele muito bem declara elementos de um imbroglio que consome o tempo dos maiores jornais e a mídia em geral. Uns contra e outros também, que afinal aos berros, não explicam nada. Espero poder contribuir para a disseminação de explicações objetivas e sem tinturas partidárias.
Leiam:


A midia, sempre na procura de uma crise, aproveita o caso de corrupção ocorrido na Petrobrás, para aplicar a máxima do Velho Guerreiro: vim para confundir e não para explicar.
Num momento em que o mercado internacional de petróleo também é vítima de uma ação, nada técnica ou econômica, está formado o ambiente ideal para que todos sejam vítimas da desinformação.
Sem pretender ter a verdade, mas com respaldo de algumas décadas de trabalho no mundo do petróleo, procurei grupar a atual questão nos dois campos onde é possível entender o que acontece: o campo técnico-econômico e o campo político-financeiro.

Campo técnico-econômico
Vamos iniciar trabalhando o Quadro que se segue com as reservas de petróleo em países chaves. Os dados numéricos estão em bilhões de barris, com arredondamento estatístico para facilitar a percepção.


Em 1980 ocorreu o “oil glut”. Após diversos aumentos de preço, desde o final dos anos 1960 até aquele ano, os preços se estabilizaram e a produção, com os programas de conservação de energia e substituição de energéticos, deixou de ser pressionada pela demanda. Falava-se, também, de um previsível fim da era do petróleo para os próximos cinquenta anos. Como se vê no Quadro, as reservas de petróleo aumentaram significativamente. Apenas mudou o peso dos países detentores destas reservas. Vamos analisar mais detalhadamente o Quadro.

Quando a produção é mantida nos mesmos patamares, as reservas crescem por dois motivos: houve novas descobertas ou melhorou-se o fator de recuperação dos reservatórios. Como é sabido, nunca se retira todo o óleo/gás existente nos reservatórios. Somente utilizando a energia natural dos reservatórios pode-se retirar 20% a 30%, dependendo do que se chama sistema rocha-fluido. Mas com métodos de recuperação pode-se retirar até 60% do petróleo existente. Seria equivalente a uma descoberta do mesmo porte. Assim as oscilações positivas, quando pouco expressivas, e, principalmente, a manutenção das reservas devem ser atribuídas à melhoria do fator de recuperação.

As descobertas realmente importantes, nestas últimas duas décadas e meia, ocorreram na Venezuela, no Irã e no pré-sal do Brasil, onde ainda estão sendo apropriadas as reservas, mas se estima iguais ou superiores a 60 bilhões de barris. Este fato redesenha a geopolítica do petróleo e coloca os países da União Européia e os Estados Unidos frente a países que não se subordinam aos seus interesses: Venezuela, Irã, Rússia e Brasil. Poderíamos dizer que se está diante de uma situação indesejável, do ponto de vista dos Impérios Coloniais. Não assombra, consequentemente, que várias medidas em diversos níveis e diversificadas áreas estejam sendo adotadas para modificar esta situação. Mais ainda, quando o petróleo é e continuará sendo até, ao menos, o final deste século, a mais barata e comercializável fonte de energia e um insumo indispensável para ampla área industrial, com a tecnologia hoje disponível.

Vejamos o preço. Como produto finito, o preço do petróleo, além do custo de produção, agrega um “valor de reposição”, ou seja, o que se terá ao fim da reserva explotada. Também fazem parte do preço os impostos, os encargos da contratação da área e o lucro. Tomemos a área que tem, provavelmente, o menor custo de produção: a península arábica. Ali estão as produções da Arábia Saudita, do Kuwait, dos Emiratos Árabes, do Qatar e do Iraque. São campos antigos, mas, se observarmos o Quadro anterior, notaremos que se tem feito um grande esforço na elevação do fator de recuperação dos reservatórios. Assim, podemos estabelecer USD 10 por barril. Mas temos que agregar o custo de reposição. Vamos pegar um valor que inclua áreas ainda prospectáveis do Planeta: costa ocidental da África, do Golfo da Guiné ao sul deste, a Sibéria Russa, o Mar da China, a Amazônia Peruana e o pré-sal brasileiro. Posso avaliar um custo médio de USD 30 por barril para confirmação da reserva. Finalmente os demais custos e o lucro corresponderiam a uns USD 20, o que parece bastante proporcional e razoável. Temos, por conseguinte, que o preço mínimo de um barril de petróleo seria de USD 60, o que confere com os menores valores que ele atingiu neste último mês.

Vamos tratar de outro aspecto técnico-econômico. O universo empresarial do petróleo. Se as majors e algumas estatais tem maior visibilidade, elas trabalham com uma enorme gama de prestadoras de serviço, tais como: perfuração e intervenção em poços, sísmicas e outros métodos geofísicos de levantamento e processamento de dados, laboratórios de análises geológicas, serviços de apoio e de deslocamento de unidades de perfuração e mais um grande número de companhias de diversos portes, mas detentoras de uma tecnologia cara e especializada. Quando a atividade petroleira se retrai, estas empresas sofrem muito pois se forem desmobilizadas provavelmente deixarão de existir e se continuarem em funcionamento engulirão sua reserva econômico-financeira. Situação ainda mais aflitiva se considerarmos que quase todas estão nos países ocidentais desenvolvidos que passam por uma dificílima situação econômica.

Finalmente uma breve consideração sobre os shale oil&gas.
A produção deste xisto oferece muitos problemas ambientais, como a contaminação dos aquíferos, econômicos, em média são necessários 10 poços onde bastaria um para reservatórios convencionais, e a duração de uma reserva é breve – a literatura estima que um campo de shale oil&gas tenha, em dois anos e meio, produzido mais de 80% de seu potencial explorável, ficando os restantes 20% para um período igual ou superior a 10 anos. Assim, não se pode considerar que as reservas canadenses e norte-americanas de xisto estejam alterando o mundo do petróleo. A China também detém reservas de xisto, mas está preferindo comprar petróleo convencional no mercado, principalmente com os atuais preços baixos.

Campo político-financeiro
As guerras frias e quentes desencadeadas pelos EUA neste novo século retiraram do mercado produtor e das atividades exploratórias, no mínimo, muitas centenas de bilhões de dólares, além de reduzirem a produção de importantes reservas como da Líbia, do Iraque, do Irã e, agora, da Rússia. Obviamente estas ações justificariam a elevação do preço do barril, ao invés de sua redução. Mesmo a retração econômica dos EUA e da Europa não chegariam a modificações no preço, principalmente num forte inverno, a não ser para majorá-lo. A queda do preço do barril é, tão somente, política e os prejuízos dela decorrente me fazem pensar que não durarão por mais de um semestre. Do lado norte-americano é uma pressão adicional à Rússia e ao Irã, e uma tentativa de se apropiar das reservas venezuelanas e do pré-sal brasileiro. Do lado saudita, a disputa regional e religiosa da sunita Arábia Saudita com o xiita Irã. Não posso deixar de chamar a atenção para o non sense saudita-norte-americano que de um lado financiam o Estado Islâmico – o califado do século XXI – com capitais da Arábia Saudita e por outro lhe movem guerra com recursos norte-americanos. Como diria o personagem de Jô Soares: 'chose de loque'.
Há outras variáveis nesta questão mas fogem ao escopo destas considerações.

Outra questão para embaralhar o entendimento é o preço das ações.
Vejamos um novo Quadro que retrata os preços das ações na Bolsa de Nova York de companhias integradas de petróleo, nos últimos 30 dias, valores em USD 1,00, variação em percentagem.


Veja que empresas sólidas, com enorme tradição no mercado, como a Shell, sofreram maior variação do que empresas com ativos muito menores e reservas pequenas como a Chevron. No meu juízo há o fator do conhecimento da empresa nacional frente a estrangeira e o aspecto altamente importante da especulação, que envolve todo mercado financeiro, definindo este indicador. Assim, atribuir à Petrobrás, isolada do mercado, por motivos sensacionalistas a queda do preço é outro fator de desinformação. Isto para não citar, o que não pude comprovar, que um dos maiores especuladores mundiais, Georgy Soros, teria dobrado a posição de seu fundo em ações da Petrobrás.

PETROBRÁS
Chegamos à Petrobrás. Antes de analisar a situação atual, gostaria de contar um fato histórico recentemente reavivado pelo jornalista José Augusto Ribeiro. Este fato foi narrado pelo ex-senador, atual vice-governador, Francisco Dornelles. Seu pai General Mozart Dornelles era Subchefe do Gabinete Militar de Getúlio Vargas, em 1954. O maior empresário da midia, dono dos dois únicos canais de televisão no Brasil, era Assis Chateaubriand (Chatô). Ele colocou seus canais de TV à disposição de Carlos Lacerda que toda noite perorava agressões a Getúlio e pedia sua renúncia. General Mozart procurou Chatô, usando seu bom relacionamento com o empresário, sem que Vargas soubesse, e perguntou qual a razão de tanta crueldade. Chateaubriand não dissimulou suas razões: “Mozart, eu adoro o Presidente. Basta ele desistir da Petrobrás e eu tiro o Carlos Lacerda e entrego a televisão a quem o Presidente quiser, para fazer a defesa do governo”. Chocado, o General foi a Tancredo Neves, seu cunhado e Ministro da Justiça, e relatou o episódio. O desfecho todos sabemos.

A Petrobrás, como aconteceu com muitas empresas, cito apenas as de meu conhecimento pessoal: Elf, francesa, e IBM, norte-americana, teve a infelicidade de ter um Diretor sem escrúpulos morais, mas suficientemente esperto para se proteger envolvendo outras pessoas da própria empresa, empreiteiros e políticos. Pensava criar uma barreira de impunidade. Uma operação policial que envolvia lavagem de dinheiro acabou por chegar a ele e desmontar seu esquema. A midia, em seu afã de desinformar, procurou associar este fato policial à compra da Refinaria em Pasadena (EUA), ao saudável endividamento da Empresa, ao preço de suas ações nas Bolsas e ao oportunismo de detentores de ADRs em mover ação contra a Petrobrás. Vamos começar pelas ADRs. Faria muito bem o órgão público que venha tratar desta questão exigir a relação nominal dos detentores das ADRs. Afinal é lícito saber quem está movendo uma ação contra você. Neste conhecimento serão sem dúvida identificados brasileiros que não terão como explicar este investimento no exterior, cometendo ou evasão fiscal ou remessa ilícita de dinheiro, se não houver fato mais grave. É dado com sensacionalismo um fato por demais conhecido por todos que se interessam pelo mercado financeiro internacional. O Estado de Nevada, como diz a máxima, tem mais empresas do que habitantes, pelas facilidades, custo e garantia que dá a estrangeiros que abrem empresa para especular ou mesmo investir nos Estados Unidos. Dizer que encontrou o dinheiro da Lava Jato deveria acrescentar da Lista de Furnas, da Compra da Reeleição, da Pasta Rosa, dos Trens e Metro de São Paulo, do Maluf etc etc etc.

É óbvio que o desvio de dinheiro e o custo mais elevado provocado pela ação do senhor Paulo Roberto Costa e, possivelmente, por sua auxiliar Venina Fonseca entre outros exijam uma aferição mais profunda das contas da Petrobrás. Isto é o correto. O tempo que isto levará depende da profundidade do estudo e das decisões judiciais que venham a ser tomadas. Sem dúvida gera um ambiente de incertezas na contabilidade da companhia, mas não é um desastre como os da BP ou da Exxon. O ativo mais importante de uma empresa de petróleo é sua reserva e seu lucro vem da produção, ambos em ascensão atualmente. Pessoalmente estou aproveitando a baixa do preço para comprar ações da Petrobrás.

Fica uma lição que, infelizmente sou obrigado a reconhecer, parece que a Petrobrás não aprendeu completamente foi designar a advogada Ellen Gracie, ex-OGX, ex-STF, para a equipe de “compliance”. Meu modesto entendimento aconselharia a fazer uma profunda mudança na estrutura organizacional da Petrobrás, herança do período FHC, sob a Presidência do francês Henri Philippe Reichstul, de triste memória. Este modelo facilita ações delitosas, como a que estamos conhecendo, desarticula ações que deveriam estar sob uma única responsabilidade e aumenta o custo administrativo. Quando foi implementada objetivava fracionar e vender por partes a companhia.
Não creio que este objetivo prevaleça.

Finalmente o desenvolvimento do pré-sal. Quando você encontra um reservatório, os bancos não se furtam em financiar o que chamamos desenvolvimento do campo, pois tem a reserva como garantia. Este financiamento gera um fluxo de caixa com os preços previsíveis do petróleo. O orçamento da Chevron para 2014 foi feito com o barril a USD 110. É óbvio que, mantidos os preços atuais, o que repito não acredito, a Petrobrás precisará rever todos seus planos de desenvolvimento dos campos. Possivelmente alguns não serão econômicos com o barril de USD 60. Mas é isto que o planejamento da Petrobrás já estará fazendo: novos cenários, novos fluxos, novas taxas de atratividade a serem apresentados para decisão colegiada da Diretoria Executiva da Companhia. Isto já ocorreu em 1980 e em outras oportunidades. Toda empresa de petróleo está fazendo o mesmo, com toda certeza.
Nada de escândalo midiático, nem torcida contra o Brasil.


(Autor)
Pedro Augusto Pinho, avô aposentado




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sábado, 17 de janeiro de 2015

A Panacéia* da Cidade Jardim

Desejamos uma cidade que seja ecologicamente sustentável, com recursos infinitos e -preferencialmente- plana, pois não queremos ter que subir morros.
Grandes alamedas arborizadas, com árvores que não desfolhem, assim não teremos porque limpar. Que o canto dos pássaros reconheça horário e nossos gostos particulares por música de nenhuma qualidade.

Que a chuva, quando a chuva vier, seja leve e fresca. Que molhe as plantas e refresque o sono. Os rios e regatos sejam fotogênicos e sem pernilongos. Onde a natureza seja reconhecida como integrante em seus desenhos, e com ela, sejam repartidos espaços e habitares.
Uma cidade rápida e vistosa, perfeita, como se saída de uma ilustração do Rockwell (para aqueles que saibam quem foi Rockwell).



Uma cidade onde o destino do consumo seja planejado junto com a produção e a distribuição. Pois tinhamos a mania de jogar tudo fora sem pensar nas consequências. Onde a educação seja aplicada como parte do processo social inerente às famílias e grupos comunitários. E esses processos incluam consciência social suficiente para que "polis" seja reconhecido como parte do individuo. Não estaremos sós em qualquer situação.
Eliminando limites entre ciências e saberes.

Que seus cidadãos sejam recebidos com a alegria do começo, e se despeçam sem a tristeza da perda, mas como fim de fase. E que, entre um e outro evento, sejam tratados com o respeito que merece qualquer ser vivo. Pois a cidade vive del@, como el@ da cidade. (São)Versões de um só individuo, uma mesma entidade com a terra à qual pertencem.



Uma cidade que se assemelhe a um sistema aberto, sempre em mudança.
Que tolere e assuma situações novas e que ela mesma seja capaz de criar tais situações. Que se relacione com as outras cidades em torno como se relaciona com seus habitantes.
A tecnologia não petrifique seus processos. Nem as leis que impeçam de fazer o que é certo. Que não permita abusos de um, nem de muitos.

Que mais do que justa, permita oportunidades iguais para todos. Mas, de modo algum, seja leniente com contravenção nem crime. E, quem estiver disposto a testar seus limites esteja também pronto a arcar com as consequências. Onde ninguém seja mais igual que os outros.



Onde a participação seja mandatória até se tornar lugar comum. As opções sejam fazer o bem e reparti-lo entre todos. 

...

Utopias!

...

Participava do blog da Professora Rolnik, sobre urbanismo, e aumentava minha percepção de como os habitantes das cidades vem a si próprios, separados do ambiente onde vivem. Até brinquei: "Como gotas num oceano", todos iguais no mesmo lugar e completamente isolados. Por incrível que pareça a culpa sempre é do outro, estranha a ele. Rios inundam por assoreamento, deslizamentos de terra e soterramentos após breves chuvas, cujas águas não têm escoamento. Rios retificados na marra, cheios de lixo humano e seus leitos naturais ocupados por habitações. A cidade e áreas habitadas mal dimensionadas e sem respeito à natureza local. Meio-ambiente e ecologia, pouco mais que uma bandeira filosófica, reféns de interesses econômicos.

Cansa ver o resultado do cimentado progresso e apinhada urbanização, quando enfrenta uma fração do poder da natureza. Devemos ser gratos pois não vivemos em região de monções.

E, então há o detalhe da grotesca incompetência na gestão política... onde as árvores impedem a visão da floresta.
De repente é o calor em SP...


Panacéia


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sábado, 10 de janeiro de 2015

Sais de Prata

Encapsulado em gelatina inerte, sais de prata fotossensíveis, fixadas em celulose formavam a base do documento chamado fotografia.

Modernamente, células fotossensíveis traduzem eletronicamente o que antes era fotoquímica.
Um jogo simples de luz e sombras capaz de, pelo olhar do artista, contar histórias alegres ou tristes, curtas ou longas. Surpreendentes como a luz de cada novo dia.

Trafegando cansado de volta do hospital, desta vez como passageiro no carro da minha filha, pude desligar do trânsito caótico e, ao mesmo tempo, prestar atenção no caminho. Como se fosse a primeira vez que visse esses 'umbigos' da cidade.

É estranho perceber como a cidade assume uma melodia e harmonia diferentes quando guiados pelos outros. Pude ver, pela segunda vez criança, lugares que, até faz pouco, eram ocupados por obstáculos à locomoção. Ou, como deslocamentos sem foco à periferia do olhar. Descobrir, como exercício de fotografia, espaços cinzas compostos por luz, cores e tecituras orgânicas ou não.

Antes que esqueça, terei que voltar, usando outro tempo, e fotografar, ainda apropriado daquele olhar diferente. Tenho que sair e rever, captar, as imagens que minha filha me brindou com sua carona de carro.
Separá-las, organizá-las e mostrá-las a seguir:














terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O que (já) deveria saber aos 60


Estava lendo minha página do Pinterest e apareceu um grupo de pins sobre "Coisas a saber quando temos 20 anos". Não me lembro de ter visto nada direcionado aos 60 anos. Mas, já que estou aqui, posso sanar essa falha. Pode não ser o melhor, mas conto com todos os que quiserem ajudar, em qualidade e quantidade, no rol que me ocorreu.

Não perderei tempo explicando o que deveriamos saber aos 20, e afinal se você já tem 60 e ainda não sabe, espere até escrever algo como: 'o que você deveria saber aos 80'. Fará mais sentido então. Mas, no caso fortuito de você ainda estar longe dessa idade aqui vão alguns avisos de percurso.
Algo como um mapa da Michelin, mas bem mais esquecível.


1 - Faça exercícios físicos
Corra, ande, pule, faça caminhadas longas e sem destino certo, faça sexo (sim, por acaso aquilo tem data de validade? Se funciona, por Deus, use!). Isto lhe evitará visitas rotineiras ao médico. E aumentará seus níveis de endorfinas (a droga do futuro, acredite). Sem contar com o viço que sua pele terá. O sorriso virá de graça!

2 - Não se irrite!
Pense da seguinte maneira, se quando podia fazer alguma diferença não o fez, por que essa agitação toda agora que é velho? E chamar velho de terceira idade é um eufemismo besta! Sorria.

3 - Faça o que seu coração mandar
Divida sua vida em terços de vinte anos cada. No primeiro você aprendeu, no segundo você aplicou o que aprendeu, no terceiro faça o que lhe der na telha!
Ninguém vai viver sua vida por você! Como disse o Drummond: "Vá ser feliz, por ai".

4 - Aprenda outros idiomas
Sim, nada melhor para apurar a audição do que aprender outro idioma! Pense com o coração, escolha um idioma que sempre admirou por não entender e aprenda-o. Depois junte-o ao item 9 lá embaixo e divirta-se.

5 - Preste atenção aos sinais
Tanto os de dentro como os de fora. O sol e o canto do galo são sinais que a natureza nos dá de graça todos os dias. Dor no peito, de repente pode não ser somente gases.

6 - Esqueça os jogos de tabuleiro
Os computadores modernos tem todo tipo de jogos e quinquilharias digitais feitas para alguém da nossa idade. Aproveite! Quem, inocente, se surpreende com a Geração touchscreen, é porque ainda não viu um velho que aprendeu a pensar junto ao computador. Afinal, computadores existem desde antes da Revolução Francesa.

7 - Leia e pense no que leu
Já disse uma vez antes que: 'aprender é saber a diferença entre o que era e o que é' A leitura trará você ao contato com outras mentes e saberes. Aprenda sem constrangimento ou vergonha. Nunca paramos de aprender. Quem diz o contrário está morto. Ou pior, é um tonto.

8 - Tome uma taça de bom vinho.
De preferência, em boa companhia. Tomadas as devidas precauções, há poucas coisas que podem ser tão prazerosas. Depois da primeira taça, quem sabe, a noite é jovem...

9 - Viaje.
Permita-se conhecer novos lugares, novos amigos. Experimentar novos sabores, acordar sob outros céus. Ouvir músicas e sentir aromas diferentes é uma experiência que vale a pena. Nosso mundo oferece tantas possibilidades, aproveite. Por outro lado, receba bem ao turista, lembre-se: todos somos turistas nesta terra. Estamos aqui só de passagem.
Bon voyage!

10 - Não se assuste com coisas novas ou diferentes
Tudo é novo alguma vez. Porque seria diferente com as situações? Pense num caleidoscópio onde a imagem muda sem aumentarmos a informação. Agora imagine se a essa imagem adicionássemos informação. Absorva e, como no item 7, aprenda coisas novas. Verá que a velocidade do caleidoscópio aumenta na medida em que aceitamos essa mudança.

11 - Seja agradecido.
Comece seu dia com um sorriso e que a primeira palavra a ser dita seja: obrigado.
Lembre-se: todos somos um milagre, fruto da corrida de milhões. Somos ganhadores desde a concepção, bem antes de nascer! Não acredite naqueles desinformados que insistem em dizer que a vida não vale nada. Se não valesse, não haveria tanta vida por ai. Não é por haver muitos de nós que nosso valor é menos. Alegre-se, você está vivo, pode fazê-lo.

12 - Não tenha medo de ser generoso
Há muitas formas de ser generoso. Coisas simples como um olhar, um sorriso, um bom dia, podem ser dádivas para quem as recebe. Exponha-se, comparta o que sabe, faça atalhos e explique o conhecimento. Sempre haverá plateia para a experiência.

13 - Sirva de exemplo
Pode ser que você ache que até agora sua vida não valeu a pena. Mas veja da seguinte forma, pode ser que sua vida foi assim para servir de exemplo para outros. Como um daqueles avisos amarelos na beira da estrada: "Cuidado pista escorregadia à frente".

14 - Seja complacente
A estas alturas já descobrimos que não somos imortais. Também dever-ia-mos saber que não somos infalíveis. Permita-se um erro vez por outra, e saiba que os erros são mais comuns do que nos livros dizem. Ninguém conta quantas vezes errou em verso e prosa. Então, se você pode errar, os outros também podem. É uma forma de aprender. Sorria, reconheça o erro, e comece de novo.

15 - (Venha brincar. Esta você escreve. Mande para mim como contribuição...)



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