terça-feira, 28 de junho de 2011

A matemática da vida em Fukushima

Acabo de ler isto e acho que posso (será?) repetir:

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Há no Japão um grupo de 200 aposentados, em sua maioria engenheiros, que se oferece para substituir trabalhadores mais jovens num perigoso trabalho: a manutenção da usina nuclear de Fukushima, que foi seriamente afetada pelo grande terremoto de três meses atrás. Os reparos envolvem altos níveis de radioatividade cancerígena.

Em entrevista à BBC, o voluntário Yasuteru Yamada, que tem 72 anos e negocia com o reticente governo japonês e a companhia, usa uma lógica tão simples quanto assombrosa.

"Em média, devo viver mais uns 15 anos. Já um câncer vindo da radiação levaria de 20 a 30 anos para surgir. Logo, nós que somos mais velhos temos menos risco de desenvolver câncer", afirma Yamada.

É arrepiante. Na contramão do individualismo atual - e lidando de uma maneira absolutamente realista em relação à vida e à morte -, sexagenários e septuagenários querem dar uma última contribuição: ser úteis em seus últimos anos e permitir que alguns jovens possam chegar às idades deles com saúde e disposição semelhantes.

O que mais impressiona em toda a história é a matemática da vida. A morte não é para eles um problema a ser solucionado - ou talvez corrigido, pela hipótese mística da vida eterna que medicina e biologia tentam encampar e da qual as revistas de boa saúde tentam nos convencer; a morte é, de fato, a constante da equação.

Nada que o mundo ocidental não conheça. O filósofo alemão Georg Friedrich Hegel (1770-1831) certa vez definiu "mestre" como alguém desapegado da vida a ponto de enfrentar a morte, enquanto "servo" seria um escravo do desejo de continuar vivo - e que obedeceria mais às regras que lhe garantissem a sobrevida. Em consequência, o servo anula sua vontade de transformar o mundo e a si mesmo.

Criados numa sociedade de consumo, corremos o risco de levar essa escravidão às últimas, defendendo a boa saúde e os confortos com muito mais afinco do que aquilo que podemos fazer por nós e pelos outros enquanto ainda gozamos dela.

Os senhores do Japão ensinam que a morte é a hora em que podemos continuar a existir na memória das pessoas - uma oportunidade que, para mim, eles não perdem mais.
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Publicado em 03/06/2011 - Marvio dos Anjos

segunda-feira, 27 de junho de 2011

PS

Numa passagem muito popular da Bíblia, diz: "Ganharás o pão com o suor do teu rosto." Mas, em nenhum lugar diz que não poderias te divertir ou gostar do que farias para ganhar o tal "pão".

Acabamos sendo muito literais e, como muitos juizes, seguimos a letra da Lei e não seu Espírito. Ergo, muitas leis e pouca justiça. Ou então acabamos confundindo trabalho com castigo.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Open Up


"O impacto mais imediato do estruturalismo foi a implosão do paradigma sartreano, pois ao entender as linguagens como construtivas da totalidade dos fenômenos sociais, punha em xeque o primado da razão, a supremacia dos grandes sujeitos, o culto ao existencialismo. Vis-à-vis ao existencialismo sartreano, o estruturalismo poderia ser acoimado de decretar a morte do homem, de ser anti-humanista e de recusar a História, isto é, privilegiar sistemas e processos em detrimento de agentes sociais, unificando a variedade de tipologias sociais em modelos sintéticos e sumários, reduzindo a variada complexidade relacional àquelas que sobrelevavam o papel atribuido ao sincrônico em relação ao diacrônico na sociedade humana. Era, no fundo, em nome do cientificismo, da crise das Ciências Sociais, a busca por um método capaz de prover uma certa inteligibilidade global da humanidade.
..."

Espaço pronto para edição. Aguardem.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Jogos

Gosto de quase todos os jogos. Se forem inteligentes então, prefiro. Gosto de transformar tudo em jogo. Acho que aprendemos muito mais e prestamos muito mais atenção se estivermos nos divertindo com a ação executada. Transformar obrigações em jogos acho que desde que me lembro por gente foi meu "jogo" particular. Muitas vezes escutei: "Tu não levas nada a sério!" ou "Para de brincar, menino!" dos meus pais e mestres. Não conseguia entender por que eles não se divertiam também com tudo. Deprimente...
Explicar então, nem perdia tempo. Acho que tentei várias vezes fazê-lo, mas o resultado foi catastrófico. Ou levei alguns cafás por não ser mais "normal", como meu irmão. Desistí de mostrar a razão da coisa. Quando encontrava alguem que se divertia como eu, silenciosamente nos saudávamos e sorriamos secretamente como num encontro casual entre maçons. E, isso reforçava meus jogos. Não era eu o único.
Por que de tudo isto?
Porque lendo um post noutro blog me veio à cabeça uma frase-jogo que escutei (e guardei) faz tempo: "Se nascer é morrer de lá pra cá. Morrer é nascer de cá pra lá." Que várias vezes usei como chave para sair da cadéia da tristeza feito aquele cartão do Monopoly.
Abracadabra

terça-feira, 7 de junho de 2011

Tácito

Deve ser terrivelmente insano não conseguir perceber o que acontece quando as outras pessoas pensam.
Saint-Exupéry simplificou quando disse: "O essencial é invisível aos olhos." Explico: como diferenciar o trabalho braçal do trabalho intelectual (para efeito deste post, sejamos lenientes).
Ora, dirão... nada mais óbvio!
Mas, continua sendo trabalho?
Digo, pensar É trabalho.
Disso eu sei!

Passei minha vida toda sentado, pensando como iria executar meu trabalho melhor do que da última vez. E nunca me perguntei se era trabalho ou não. Sempre esteve implícito. Nem me preocupava com isso.

Pequeno desvio. vamos lá no canto onde ninguem nos ouça; Eu sempre achei meu trabalho divertido. Não conte para ninguem. Trabalho e diversão, não podem ser misturados...

Voltei.
O problema se dá quando tenho que explicar o meu trabalho para outras pessoas. "Isso não é trabalho." aparece escrito nos seus olhos, a piscar em código Morse.
Tempo perdido tentar explicar como TUDO é idéia ANTES de ser fato. E, mesmo essa idéia não é nova! Lembras-te do Sócrates? Não o jogador de futebol, não, o outro. O grego.
Ou era Platão, deixa prá lá...

Sei que é redundante mas, já parou para pensar que até para fazer um buraco na terra e depositar uma semente é preciso antes, pensar?

Tudo o que sabes está dentro da tua cabeça.
O que podes fazer também. E a melhor ferramenta de todas: a imaginação, mãe de inovações, está, bem presa e amordaçada, lá também.
Pois o dia que ela escapar, além de maravilhoso, terás que perder tempo explicando: "E tu, o que fazes?".
Que ultimadamente tira muito da graça do momento.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Strategy

"Of all the contrasts between the successful and unsuccessful businesses, or between the leader and follower, the single most important differentiating factor is strategy."

JTCanon