Num restaurante (de classe) existem dois ambientes definidos. Cada um com sua própria hierarquia. Um SALÃO, onde os comensais, garçons, recepcionistas e Maitre D' ficam. E também têm a COZINHA, onde os limpadores, assistentes, cozinheiros, Pâtissiers, Sous-Chefs e Chefs, ficam. Esqueci alguém? É uma comparação, equivalência.
Metáfora, depois explico.
Nós estamos entre; garçons e recepcionistas numa e limpadores e assistentes noutra.
A situação, o contexto atual, nos cutucou (nudge) a novos ambientes cotidianos que EXIGEM novas posturas e conhecimentos. Novas relações. Um caleidoscópio onde, não se coloca nova informação, mas a imagem constantemente muda, mantendo sua validade mesmo assim. As restrições sanitárias balizam novas atitudes. Essas novas atitudes nos levam a repensar formas de fazer, de viver.
O Maitre D', se for bom, gerência sem ficar evidente. Seus subordinados são balizados pelas suas ordens. A comida que sai da cozinha leva muito do Chef e do Pâtissier, é balizada por ambos. Desde a limpeza dos talheres até a quantidade do sal. Garçons almejam ser e invejam os Maitre D', os Sous-Chefs almejam ser Chefs. É normal, natural.
É preciso dedicação, conhecimento e diligência. Tempo. Shutzpa, em idiche.
Exige não somente aproveitar as oportunidades mas, criar as condições certas para poder aproveitar. Isso é metade da dedicação.
Invejamos o Maitre D' e reclamamos do Chef. É mais fácil. Reclamamos do Guarda de Trânsito, do Treinador da Seleção, do Presidente, do Papa e até de Deus. Mas, não movemos nossa bunda do sofá nem para mudar o canal da televisão.
Entende? Talvez exagere um pouco, mas essa é a imagem que me vem à cabeça.
A metáfora contudo, está correta.
Esqueça o Negacionismo como o insignificante e ignorante que é!
Veja o que resta: um novo meio-ambiente, onde deveremos compartilhar e aprender. Abrir os horizontes e aceitá-los como possiveis e válidos. Apreender contextos!
A Revolução industrial veio e se foi. A Revolução do Capital, sua irmã, está nos estertores finais. Estamos no umbral da Revolução do Conhecimento e da economia que a acompanha. Assim como as anteriores, ela não pede licença e, se não nos adequarmos da forma correta, (ela) nos tornará inconsequentes. Meros índices de incidência e mortalidade numa planilha Excel.
Não mais: Keynes versus Marx.
Não será mais a acumulação de capital que nos defina. Por força das circunstâncias seremos obrigados a aprender diferente do que até agora temos feito. A aplicar de forma inovadora. A criar inovação como único propósito. E compartir como elementos de um todo único.
Mangabeira-Unger estava certo, Castells também. Somados, temos teoría e primeiros passos numa nova economía. O que até agora vemos como os monstros ilustrados nos mapas do século XVI, não passam daquilo mesmo; ignorância e medo. Recorremos a instintos básicos, fugimos ou atacamos aquilo que não conseguimos entender. Não entendemos porque é uma revolução diferente, na mesma frequência.
A tecnologia cuidará de si mesma, seremos liberados para apreender, viver bem e desenvolver-nos. A tradução é livre, mas a frase não é minha, é do Keynes. No começo do século XX. Fingimos não haver entendido o que estava implícito nela. Sería necessário um esforço intelectual, e a soma de tempo organizado, que nos levaria a pôr em marcha essa situação.
Acabou-se o tempo de: "serei, por acaso, o guardião do meu irmão?" Sim, somos o guardião do nosso irmão! O Brasil está doente, o mundo está em perigo. A Ford decide, por má-gestão, fechar umas fábricas, e no Brasil há um aumento do desemprego. Quebra a safra de laranjas nos Estados Unidos, e no Brasil aparecem os novos ricos dos cítricos. Percebeu? Não podemos mais cantarolar feito besta: "ema, ema, ema, cada um com seus pobrema!". É antiético e imoral. E autodestrutivo. As soluções serão globais. Universais. Ninguém ficará de fora. Você não viu o aviso na entrada? O antigo: "lasciate ogni speranza", foi trocado pelo novo: "e pluribus unum".
Conforme-se e força.
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