quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Carta de Intenções...

Somos todos iguais.
Bípedes pelados que, se comparados com outros na mesma escada evolutiva, temos poucas diferenças. É só prestar atenção, muita atenção...


Lia, algum tempo atrás, um texto que dizia (mais ou menos, que faz tempo) assim: "a tecnologia cria um nivel de afastamento tal que as pessoas são capazes de fazer -dizer ou escrever- coisas que, em qualquer outro tipo de relacionamento, não fariam. Criam-se personas particulares para cada ocasião e estas são assumidas enquanto funcionem".

Um espaço virtual entre o sou e o és que permite, justifica e perdoa todo tipo de intenções.
O mesmo contraponto existente entre o Wakeman e Moraz.

Mas esta virtual-realidade parece que está extravasando e contaminando a real-realidade, com resultados nem sempre tão agradáveis. Parece que o avatar digital ganha vida e opiniões próprias e as exercita no mundo real, como se fosse fases de um vídeo game. Onde há três vidas antes de acabar o jogo...


Na realidade corporativa, cada vez mais ligada com tecnologia, o BYOD e a nuvem se confundem numa discussão antiga. O colaborador (eufemismo criado para denotar: o empregado) fica acessível 24 horas por dia. Sem mais a desculpa da distância geográfica a lhe ajudar, é considerado quase um apêndice da tranqueira tecnológica que o aprisiona. Como em "no free lunch", sabemos como fazer mas, não temos a menor ideia do que significa. 

Deixamos, cada vez mais, a humanidade e o respeito que desejamos em troca da produtividade presumida. Somamos características isoladas e chegamos, com pequenos desvios, a conjuntos teóricos que satisfaçam grades e padrões pré-determinados.
Os outliers são insuficientes para causar mudanças à curva esperada de resultados.
Quando existem ou são anotados.

Me parece que, por descuido ou esquecimento, não nos sentimos tão próximos do próximo quanto deveriamos nos sentir. E, levamos deste jeito o resto de nossas vidas e negócios.


Nunca antes a frase "Serei, por acaso eu, o guardião do meu irmão?" fez tanto sentido.
Quer ver um exemplo?
O simples fato de você ler este meu escrito, me faz parte da sua vida, cria um vínculo -mesmo que efémero- entre nós dois. Imagine então, numa hierarquia qualquer, por exemplo como colaboradores em setores diferentes numa empresa, ou vendedor-cliente, este vínculo seria muito mais forte.
Certo?

Paradoxalmente, não percebemos e continuamos a ser o "eu" na comunidade e mais além, na rede. Onde, pela característica de uso da tecnologia, assumimos personas que nem sempre nos refletem. Interpretações ideais para desejos e situações passageiras. Quase que sem pensar nas consequências, somos capazes de postar, curtir e compartilhar, caprichos que, a uma segunda apreciação, não dar-ia-mos o menor valor. Ou, então, simplesmente não pensamos mais no assunto.

Com relacionamentos vis-à-vis não funciona desse jeito. As consequências e implicações são um pouco mais palpáveis e duradoras. Não conseguimos consertar com um: "foi mau, ai". Quando muito arranha-se o Português, mais um pouco. "W-h-a-t-e-v-e-r", além de não ser compreensível, carece de sentido fora do idioma original. E, mesmo neste está perdendo o pouco que tem...


Me pergunto se uma solução poderia ser aumentar a dose de "ser e estar" presente. Junto, cara-a-cara com o interlocutor. O social voltar a ser o que significa realmente: a interação de organismos com outros organismos e com a sua co-existência coletiva, conscientes, numa interação voluntária.

Parafraseando um manifesto post humanista, diria que:
"A espécie humana ainda é jovem neste planeta, e é possível que ainda tenhamos visto pouco do que seja possível para que nos tornemos. Mas o sucesso nesta empreitada está longe de estar assegurado, porque ainda temos apenas a nossa sabedoria e compaixão humana bastante limitadas para nos guiar através da transição. Desenvolver uma maior compreensão prática e moral parece ser a primeira prioridade."



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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Admirável Brasil Novo...

O título deveria ser: "Admirável Brasil Novo, Justo, Certo, Possível..."

Conhecemos inimigos famosos.
Tem Caim e Abel, os Capuletos e Montecchios, Batman e Coringa, árabes e judeus, Holmes e Moriarty, Estados Unidos e o resto do mundo (longa história, conto depois), Tom e Jerry, Comunismo e Democracia (mesmo sendo a mesma coisa com nomes diferentes), Papaléguas e Willy E. Coyote.
Esqueci de alguém?

Todos inimigos declarados uns dos outros ou entre si. Os motivos pouco importam, banais impertinências. Historias à tintas e tempos, motivos para filmes e peças. Mas, isso é introdução, meu tema é bem mais perto ao nosso dia-a-dia.


Das inúmeras duplas antagonistas, é sobre a torcida contrária que vem acontecendo sistematicamente, na mídia do Brasil. Pois há, definitivamente, uma torcida contra qualquer coisa que vá acontecer ou seja proposta pelo governo ou ainda tenha brasileiros no meio.
Assumem, como faz algum tempo acontecia, que todo e qualquer produto nacional tenha que ser invariavelmente de menor qualidade. Discutem que, invariavelmente o trabalhador brasileiro seja sub-adequado, ou mão de obra inferior à sua similar estrangeira. Apesar de ser os mesmos pontos, e alguns dos produtos ser exclusivamente brasileiros, ou originários do Brasil.

Os exemplos mais recentes dessa torcida têm sido desde as eleições, a Copa do Mundo e, mais adiante, as Olimpíadas. Mas esta última ainda está em curso. A torcida esta agindo a pleno vapor. Claro que auxiliada por aqueles capazes de, sem o menor escrúpulo, tirar proveito da situação.
Tem tantas formas disto acontecer, em quase todas as situações normais no pais.
O que chama minha atenção e causa assombro é que essa torcida seja feita principalmente por brasileiros. Tenho ouvido e visto documentado, mais elogios a eventos brasileiros feito por jornalistas estrangeiros do que por seus pares brasileiros.*

A maioria da mídia brasileira conta com que, seja lá o que for, não vai dar certo, não vai funcionar, vai ser um escândalo. E torce para que assim seja. Escândalos vendem semanários, chamam atenção, aumentam os 15 minuto$ de fama.
Vejamos o caso recente das eleições,, onde o partido contrario ganhou, apesar da orquestrada torcida. Por algum motivo ganhou. Devem ser os colaboradores sub-categorizados que elegeram um governo sub-categorizado.

Mas, não é isso o que chamamos Democracia?
Iriamos reclamar por quê? Porque funciona como (teoricamente) deveria funcionar? Desde quando foi instituído o "melhor de três", para eleição?


Ultimamente tenho visto, em várias ocasiões, textos falando em como "somos alvo de chacota" ou então que deveriamos nos "envergonhar", perante a comunidade mundial, por termos um escândalo do tamanho da PetroBrás. Para aqueles menos avisados, que consomem tudo sem antes 'agitar primeiro', o cenário é desolador e muito, muito sombrio.

Mas eu cá, no meu desempregado ócio, acordo as 4h da manhã para pensar bobagens.
E decido compartí-las, o que pode ser ainda pior. Mesmo depois de 42 anos de ter escolhido o Brasil como meu país e ele ter me acolhido como seu habitante. Não nego que tive meus momentos em que cinza era a gradação das cores e até tive cortada a luz do fim do túnel. Ainda não me arrependo da escolha que fiz.
Para começar, vamos chutar o balde, atingir o pau da barraca e sair para apreciar o circo pegar fogo... se possível.

Primeiro; envergonhar o cacete!
Não temos por quê nos envergonhar de nada.
Itália já teve seu "Mani pulite", Inglaterra e França, escândalos sexuais e propinas corporativas de cores variadas, Espanha tem uma infanta às voltas com a justiça, de novo, Japão já nem publica mais suas picaretagens, a China vez por outra, fuzila algum corrupto aqui e ali, Roma, seu banco e pedofilia, Alemanha anda assombrada por seus repaginados velhos fantasmas, os Estados Unidos então nos brindam, de tempos em tempos, com escândalos de alcance mundial (alguém se lembra da última de Wall Street?).
E eles seguem como cavalo em desfile... de cabeça aprumada e olhando de lado.
Pensou o quê?

Vamos aproveitar e pôr a casa em ordem. Eis uma ótima oportunidade.
Mesmo com os desmandos pontuais deste movimento pendular. Carpe diem!
Algumas coisas temos que melhorar, outras temos que eliminar e deixar o aviso plantado e visível na porta: "Cortamos cabelo e pinto".
Entenda quem quiser.


Não adianta pedir as cabeças deste ou aquele, repetiremos outras Salomês, enquanto deixamos as raposas cuidando dos galinheiros candangos. Ampliemos o alcance da nossa visão e percebamos como podemos influenciar nosso entorno. Nós somos o meio-ambiente de alguém!
E, vice-versa.
Entende agora o que é iteração?




* Jornalistas franceses, espanhois, australianos e japoneses desejam que todas as Copas do Mundo sejam no Brasil, por exemplo.



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Leitura recomendada:

"Aprender del Mani Puliti Italiano" de. Publicado em 28/11/2014.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

De vidas e jogos

O desenvolvimento e avanço da tecnologia trouxe consigo mudanças de toda espécie. Como espécie, nossa curiosidade inata e infantil, nos trouxe até aqui. Vivemos numa sociedade marcada a consumo de tecnologia, baseada em efemeridades e obsolescências planejada não mais por nós, os consumidores alvo. E, nem mesmo, em proximidades geográficas.



Já não mais a tímida decupagem de imagens de pessoas mas agora a total computadorização, em hologramas, de cantores ou atores famosos, com mais de 20 anos de mortos, fazendo shows pelo mundo afora.

Temos visto um caso recente o holograma do cantor Cazuza em filme a ser lançado ou ainda o proprio Elvis a movimentar-se entre os bastidosres de um show em Las Vegas. Não mais a imagem, o holograma, que importa, mas a reação da plateia. Não mais a tecnologia, mas o que ela (ou seu produto) consegue fazer com o expectador/cliente. Uma moça descreve sua emoção em entrevista recente na rádio Bandeirantes, seu choro e a emoção ao assistir um show do Elvis Presley, como se este não tivesse morrido quase ao mesmo tempo em que a declarante nascia.
Faz uns vinte-e-poucos anos atrás.

Mais um caso de transhumanismo. Onde criatura, tecnologia, geraria a imagem do seu criador.

Nos transformamos em uma nova espécie, quase completando o ciclo prometido biblicamente, onde: "sereis como Deuses". Mais uma promessa de campanha que se cumpre.
O preço, contudo, é astronomicamente alto. Pagamos com nossa humanidade o tal feito. A cada novo patamar alcançado, nos afastamos mais e mais do animal bípede gregário que perdeu o pêlo e aprendeu a (quase dizia: pensar, me contive a tempo) falar.

A tecnologia não é simplesmente adotada porque seja útil, ela é adotada porque as pessoas a usam! Cada um com seu próprio tempo, cor, modelo ou motivo. Cada vez mais, falamos ou fazemos menos e esperamos que nossa platéia aumente mundialmente.
Isto É um possibilidade real!



Essa mesma tecnologia faz com que consigamos reduzir os custos de quase tudo nos processos de produção e serviços. Quando não conseguimos, algo definitivamente, estará errado. Usualmente a "unidade carbono", nós, meros mortais. E a planilha eletrônica apontará o responsável.
...
O que me parece não percebemos é que nosso produto é tão dependente...