sábado, 16 de outubro de 2021

Lágrimas Negras

Ontem fui surpreso por esta interpretação da obra do senhor Miguel Matamoros que, sem pedir licença ou obséquio, me levou a reuniões de família no século passado. Abriu portas de porões na minha memória e me trouxe sensações e perfumes de uma outra, e bem mais simples época.

Peço poder compartir com vocês, o Sr. Joan Chamorro e Rita Payés, em "Lágrimas Negras" (1930).
Aconselho a seguir no Facebook.


Para Grice, Cila, Yipee, Gladys, Beto, Memo, Xangô, Toño, Tony, Lucho, Fella y Maurício. 

segunda-feira, 15 de março de 2021

Metáforas de nossos Tempos

Num restaurante (de classe) existem dois ambientes definidos. Cada um com sua própria hierarquia. Um SALÃO, onde os comensais, garçons,  recepcionistas e Maitre D' ficam. E também têm a COZINHA, onde os limpadores, assistentes, cozinheiros, Pâtissiers, Sous-Chefs e Chefs, ficam. Esqueci alguém? É uma comparação, equivalência.
Metáfora, depois explico.
Nós estamos entre; garçons e recepcionistas numa e limpadores e assistentes noutra.

A situação, o contexto atual, nos cutucou (nudge) a novos ambientes cotidianos que EXIGEM novas posturas e conhecimentos. Novas relações. Um caleidoscópio onde, não se coloca nova informação, mas a imagem constantemente muda, mantendo sua validade mesmo assim. As restrições sanitárias balizam novas atitudes. Essas novas atitudes nos levam a repensar formas de fazer, de viver.

O Maitre D', se for bom, gerência sem ficar evidente. Seus subordinados são balizados pelas suas ordens. A comida que sai da cozinha leva muito do Chef e do Pâtissier, é balizada por ambos. Desde a limpeza dos talheres até a quantidade do sal. Garçons almejam ser e invejam os Maitre D', os Sous-Chefs almejam ser Chefs. É normal, natural.
É preciso dedicação, conhecimento e diligência. Tempo. Shutzpa, em idiche.
Exige não somente aproveitar as oportunidades mas, criar as condições certas para poder aproveitar. Isso é metade da dedicação.

Invejamos o Maitre D' e reclamamos do Chef. É mais fácil. Reclamamos do Guarda de Trânsito, do Treinador da Seleção, do Presidente, do Papa e até de Deus. Mas, não movemos nossa bunda do sofá nem para mudar o canal da televisão.
Entende? Talvez exagere um pouco, mas essa é a imagem que me vem à cabeça.
A metáfora contudo, está correta.

Esqueça o Negacionismo como o insignificante e ignorante que é!
Veja o que resta: um novo meio-ambiente, onde deveremos compartilhar e aprender. Abrir os horizontes e aceitá-los como possiveis e válidos. Apreender contextos! 
A Revolução industrial veio e se foi. A Revolução do Capital, sua irmã, está nos estertores finais. Estamos no umbral da Revolução do Conhecimento e da economia que a acompanha. Assim como as anteriores, ela não pede licença e, se não nos adequarmos da forma correta, (ela) nos tornará inconsequentes. Meros índices de incidência e mortalidade numa planilha Excel.
Não mais: Keynes versus Marx.

Não será mais a acumulação de capital que nos defina. Por força das circunstâncias seremos obrigados a aprender diferente do que até agora temos feito. A aplicar de forma inovadora. A criar inovação como único propósito. E compartir como elementos de um todo único.
Mangabeira-Unger estava certo, Castells também. Somados, temos teoría e primeiros passos numa nova economía. O que até agora vemos como os monstros ilustrados nos mapas do século XVI, não passam daquilo mesmo; ignorância e medo. Recorremos a instintos básicos, fugimos ou atacamos aquilo que não conseguimos entender. Não entendemos porque é uma revolução diferente, na mesma frequência.

A tecnologia cuidará de si mesma, seremos liberados para apreender, viver bem e desenvolver-nos. A tradução é livre, mas a frase não é minha, é do Keynes. No começo do século XX. Fingimos não haver entendido o que estava implícito nela. Sería necessário um esforço intelectual, e a soma de tempo organizado, que nos levaria a pôr em marcha essa situação. 

Acabou-se o tempo de: "serei, por acaso, o guardião do meu irmão?" Sim, somos o guardião do nosso irmão! O Brasil está doente, o mundo está em perigo. A Ford decide, por má-gestão, fechar umas fábricas, e no Brasil há um aumento do desemprego. Quebra a safra de laranjas nos Estados Unidos, e no Brasil aparecem os novos ricos dos cítricos. Percebeu? Não podemos mais cantarolar feito besta: "ema, ema, ema, cada um com seus pobrema!". É antiético e imoral. E autodestrutivo. As soluções serão globais. Universais. Ninguém ficará de fora. Você não viu o aviso na entrada? O antigo: "lasciate ogni speranza", foi trocado pelo novo: "e pluribus unum". 
Conforme-se e força. 


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

A distopia da aceleração está a caminho?

A exceção, a ruptura e a aceleração
A exceção afirma que "tudo vai voltar a ser como antes assim que o vírus passar". Esqueceram de combinar com o vírus. Como sempre, demos um jeito de abrir a Caixa de Pandora, de novo. Conseguimos alinhar elementos e situações tais que expomos a humanidade ao ataque viral. Não se engane, esse vírus veio para ficar. Teremos que acostumarnos à incômoda convivência. E as mudanças de rotina que esta convivência nos brindará. Sim, a fluidez da humanidade nos oferecerá opções. Saber escolher será um pouco mais complicado. Esta não é a primeira e nem será a última pandemia. Basta lembrar. Somos capazes de extinguir espécies inteiras, mas não entendemos nossa própria mortalidade? A exceção, senhores, poderá ser a nova regra. E, nem Guedes ou qualquer um dos palhaços, está no comando ou entende o que está por acontecer.
A Ruptura
Entendamos, de uma vez por todas; esta pandemia é disruptiva! E crônica.
Nos obrigou, como raça (menschen) a parar, interromper o 'normal'. O mundo e a natureza penhorada, agradeceram. Demos uma trégua ao planeta. Fomos mundialmente recolhidos, nem a tecnologia nos salvou. Mal conhecemos, e muito menos aceitamos uma Economia do Conhecimento (como as propostas pelos professores Mangabeira-Unger, Castells, DeMassi e outros poucos). Ela nos assusta por não se encaixar nos padrões do Século XVII, das Revoluções Industriais, das Revoluções do Capital.
Quando a ânsia pelo lucro atomizou a produção, surgiram as condições certas para a fluidez de Bauman e a economia do conhecimento de Mangabeira-Unger. Até hoje são aceitas como, pouco mais que, teorías acadêmicas. Uma reinvenção do ângulo de 35°, sem a função de plano inclinado. A mera exposição da produção a meio-ambiente diferentes gerou conhecimento sem fórmulas nas planilhas contábeis. O lucro não entende conhecimento. Não consegue traduzi-lo a valores pecuniários. Um Saci Pererê comum a todas as culturas.
No Brasil, como bem diz o prof. Mangabeira-Unger, "nos fiamos demais nas nossas riquezas e recursos naturais", e esquecemos recursos intangíveis por preguiça e ganâncias imediatistas.

Aceleração
Toda inovação traz mudanças. Seja na forma ou no resultado. Essas mesmas mudanças nos direcionam à novas rupturas e mudanças. Aceitá-las, umas e outras, definem como sobreviveremos. (Aceleração)
Acontece quando deixando de lado a exceção, assume-se a ruptura como contexto normal e essa homeostase passa a ser norma outra vez. Quando aprendemos, e aceitamos, a diferença entre o que era e o que é, adaptando-nos à novidade. Ela (teoricamente) muda nossa relação com os outros e com o resto. Todo ele.
Desta vez, no caso brasileiro, mais pobres e tristes.

Ainda há esperanças...