Todos cometemos erros. Grandes, pequenos... enganos.
Somos falíveis, imperfeitas criaturas que aprendemos às turras. Quando, e se, aprendemos.
Como já comentei antes num outro post, as nossas atribulações atuais são trazidas por muitas das soluções que demos a problemas que tivemos. Aplicamos soluções imediatas e, sorrindo, demos tapinhas nas costas uns dos outros. Nunca mais voltamos a pensar no assunto.
Escolha um tema. Qualquer um, não importa. Veja as soluções aplicadas. Mentalize essa solução sendo aplicada milhares, milhões de vezes sem conta. Imagine (sim, este é um exercício de mentalização, desculpe) o que acontece com a aplicação de soluções pontuais a longo prazo.
Vou citar um exemplo.
Num sistema fechado, numa comunidade qualquer, elimine os agentes patogênicos (reduza contato externo), aumente a alimentação e o conforto e veja o que acontece. Haverá um aumento, quase que imediato, da população, uma diminuição da mortalidade até um ponto de estabilidade a partir do qual, a curva ascendente declina e se estabiliza na horizontal. Entropia constante.
Neste ponto acontecem várias coisas: o espaço diminui e o conforto também. Começam a aparecer conflitos. Por espaço, comida, conforto em fim. O sistema se fecha (collapses) sobre si mesmo até extingir. Desequilíbrio até equilibrar e, fim.
Lembre que falo de um sistema fechado, nada entra, nada sai.
O seu oposto, em sistemas abertos, onde podemos mudar os elementos (quase) sem aviso (em interação constante com o meio-ambiente).
Passamos a vida na flauta, imprevidentes e irresponsáveis.
Ao primeiro sinal de contrariedade, uns corremos todos à missa, às procissões, aos cultos dos deuses mais populares, aos de maior audiência.
Ao primeiro sinal de contrariedade, uns corremos todos à missa, às procissões, aos cultos dos deuses mais populares, aos de maior audiência.
E a gente pede. (Re)Clama socorros, bençãos e misericórdias à balde! Mas no tempo deles (o nosso), que casualmente, pode não ser o tempo de Deus. Se oceanos palpitam a cada mil anos, qual será o tempo de Deus, que conceitualmente, É muito maior?
E qual será a velocidade da sua reação entre ouvir o clamor dos seus 'filhos mui diletos' e agir de acordo ao seu merecimento?
Outros correm a por fogo em ônibus, solução atávica que, supõem eles, deverá chamar a atenção dos 'poderes divinos' e acelerar a solução do causo em questão.
Cortamos as árvores e cobrimos com cimento a grama. A isto chamamos de evolução e progresso!
Máquinas interrompendo a natureza. Como se ela, por sermos cegos e surdos, não visse nem ouvisse o grito de cada árvore viva que cai, ou que arde. Somos limitados, medimos tudo a fronteiras, espaços e tempos. Criamos até tecnologia para isso. Chamamos de relógio a milimétrica repartição do tempo em claros e escuros, dia e noite. Confiamos mais na máquina do que nos sinais que a natureza nos brinda gratuitamente.
Máquinas interrompendo a natureza. Como se ela, por sermos cegos e surdos, não visse nem ouvisse o grito de cada árvore viva que cai, ou que arde. Somos limitados, medimos tudo a fronteiras, espaços e tempos. Criamos até tecnologia para isso. Chamamos de relógio a milimétrica repartição do tempo em claros e escuros, dia e noite. Confiamos mais na máquina do que nos sinais que a natureza nos brinda gratuitamente.
Chegamos aos desplantes de irritar-nos com o canto do galo e dos pássaros às 04h51 da manhã, pois temos que levantar às 05h para preparar-nos para ir trabalhar!
Afinal, isso é civilizado!
Nossa evolução toda foi imposta por sobrevivência. Unidos a contragosto em bandos para defesa, para coleta, para colheita e produção. Aprendemos por meme que a sombra do bando em movimento não somente afasta o predador mas, somadas forças, em fáscio, nos torna fortes.
Quantas vezes não escutei: "o transporte não funciona!" ou "a água nunca vai acabar! Tem de monte nos rios, nos mares e oceanos!" Como fazer entender que a água, assim como a paciência, um dia acaba. Quem tiraria a água? "Afinal eu pago todo mês para regar com ela o cimento da calçada! Tenho dinheiro para isso!"
Quando a água acabar, primeiro (re)clame aos céus (de novo?), depois regue com dinheiro a calçada... veja os efeitos.
Por esses e outros exemplos, lembrei-me de um personagem cheio de paixões e quereres. O Espantalho de "Alice na Terra de Oz". E entendi, finalmente, quando ele diz.
"Se eu tivesse um cérebro, passaria as horas falando com as flores, consultando com a chuva. E coçaria minha cabeça enquanto pensamentos estariam ocupados incubando".
Mesmo do seu jeito inocente e ingênuo, acha que a solução para tudo está em... pensar na solução. Com perguntas simples e diretas, demostra sua infantil ignorância. Não teme nada, "exceto um fósforo acesso" e sua justificativa é, exatamente, não ter cérebro para poder se meter em problemas. Ou, criá-los.
Negando ingenuamente aquilo que mais quer.
Ao meu ver (às favas com o 'achismo'!), somos todos, ou uma grande, enorme maioria, como o meme do espantalho da Alice. Negamos a nós mesmos, aquilo mesmo que mais desejamos. Fomos treinados para isso. Dificilmente levantaremos e gritaremos: "Basta!" E, quando finalmente o fizermos, de tão atabalhoado, solucionaremos um problema imediato e ao mesmo tempo plantaremos as sementes para outro no futuro.
Escute comigo:
(Scarecrow)
I could wile away the hours
Conferrin' with the flowers
Consultin' with the rain
And my head I'd be scratchin'
While my thoughts were busy hatchin'
If I only had a brain
I'd unravel any riddle
For any individ'le
In trouble or in pain
(Dorothy)
With the thoughts you'd be thinkin'
You could be another Lincoln
If you only had a brain
(Scarecrow)
Oh, I would tell you why
The ocean's near the shore
I could think of things I never thunk before
And then I'd sit and think some more
I would not be just a nuffin'
My head all full of stuffin'
My heart all full of pain
I would dance and be merry
Life would be a ding-a-derry
If I only had a brain
Diga se não parecemos com o Espantalho, perdidos numa arquitetura do pânico, à qual nunca estaremos atualizados.
E agora licença, pois "I'll be thinking of things I never thunk before, and then I'll sit and think some more..."
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