terça-feira, 23 de junho de 2009

Kadr

Desde pequena ensinei minha filha que ela só tem duas obrigações: aprender e ser feliz.
Acho que, na medida do possível, andamos conseguindo seguir esse norte, às vezes, ela melhor que eu. Tenho problemas para aprender e quanto a ser feliz... digamos que sou um pouco exigente demais. Senão chato, mesmo.

No entanto, há coisas que confesso nunca consegui aprender. Por exemplo; como lidar com a discriminação racial é uma delas.
E, como não posso ensinar o que eu mesmo não sei, minha filha também não sabe.
É difícil entender como Michael Jackson consegue parar um mundo com sua morte extemporânea, enquanto meninos de favela, bem mais ao nosso lado, são tratados como criminosos incorrigíveis. Maniqueísmos, asquerosos e mesquinhos, ainda mais quando considerarmos o "gene pool" do brasileiro.
Ou, não sabe o que é isso?


Não acho, como solução, separar e vivermos em guetos. Isso já foi tentado e sabemos que não funciona. Muito pelo contrario.
Não temos marcado na testa o que somos, mas também não devemos/podemos fazer diferença pelo que parecemos. Ou pela cor da nossa pele, nossos olhos, nossa língua ou solvência.

Abraçamos uma aldeia globalizada e desprezamos o indivíduo que encontramos nela por ser diferente?
Não é, exactamente, essa diferença o motivo do abraço?


domingo, 21 de junho de 2009

Neandertais

Uma das premissas da Revolução Industrial era, resumidamente, a de que a mecanização nos liberaria para termos o tempo e condições necessários para atingir uma evolução interior, ou para tal fim labutarmos.

Mas, como quase todos os rôtulos ortodoxos, em algum momento isto foi deturpado (também resumidamente). Hoje em dia, trabalhamos quase tanto quanto nas épocas anteriores à Revolução Industrial, produzimos toneladas per capita, e ainda assim continuamos cada vez mais longe da tão almejada evolução. Tanto mais que alguns de nós já esqueceram que evolução é essa.

Sente-se confortávelmente, e pense comigo; a cada inovação tecnológica produzimos mais, melhor e rapidamente. Contudo, como raça, continuamos a parecer Neandertais batendo em botões. [Sem querer ofender os neandertais, claro.]


Não apelo a uma diminuição de velocidade de inovação tecnológica, não. Apelo a que apertem menos botões e aproveitem esse tempo para pensar no neandertal sentado frente à máquina.
Não era ele que deveria ser inovado? Não deveria ser inovado junto?

O que há demais em ser um neandertal, se além disso puder pensar, criar, propor soluções novas, inovações? Que tal a cada inovação tecnológica uma inovação pessoal?
Como raça seriamos agora quase pura energia. Fractais capazes de nos combinar uns com os outros. Entender e aprender a cada nova combinação. Combinar nossas isoladas melodias numa mesma canção universal? Quem sabe?
Pura ficção e delírio?


Ok, let's talk shop...
Tivemos cem anos para aprender tecnologia, vamos gastar os próximos cem aprendendo a aprender. Quem sabe daqui a trezentos anos o que faremos.
Mas, acredito será este o caminho.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Pós-após-o-Doc

Acabei a pós-graduação. Estava me habituando a ela.
Uma rotina de altos e baixos, descobertas e insights extenuantes. Visões de limites... os meus, principalmente.

Engraçado; consigo lidar melhor com o que desconheço do que com o que imagino.
Sempre gostei dos conceitos de diacronia e sincronia como postulados por Saussure. E os extrapolo a quase toda situação fora da lingüística para facilitar a racionalização e entendimento. De repente é bom levar nossos limites pra passear de vez em quando.

Em todo caso, gostei de fazer. Deveria ter feito antes, muito antes.
Recomendo a quem quizer entender o que faz e como o faz.