domingo, 11 de maio de 2025

Mãe só tem uma

Mãe só tem uma.
...

Não, espere... me lembro de outras.
Havia minhas avós (2), minhas tias (2). A conta sobe para 5. Das que me lembro até agora.
De todas elas aprendi e sou um pouco de cada uma. Sou canhoto como minha mãe. Reconheço o movimento ou ação minha como reflexo delas.

• Canções de ninar ao colo.
• Água correndo e eu também.
• Tratores, lasanha, e até a forma de comer.
• Bolos, comidas, surpresas.
• Correções e corretivos a couro.
Sou a soma de todas minhas/nossas mães. 

E a soma cresce ainda, tive esposas (2) e sogras (2). Somadas às outras, me elevam a 9. Preciso de uma van maior para carregar todas.
Esqueci alguém?
Uma filha com olhos de jaboticaba. Mais uma, total; 10.
Hmm.
E então, minhas sobrinhas e minhas sobrinha-neta (+4). O que continua elevando a soma até 11, 12, 13 e 14.
Mãe então, até a última contagem, são umas 14.
😘

Desculpem minha falta de tato, sou um ogro, sei. Esqueci minha cunhada (+1), esposa de meu irmão, mãe de meus sobrinhos. 
O que nos leva a uma nova solução: 15.
E minhas cunhadas (3 irmãs da minha 1a esposa e 3 irmãs da 2a) e suas filhas (+6).
15 + 6 = 21.


Dia das Mães é complicado assim para você?
Seja simples, acompanhe a correnteza. É mais fácil e cansa bem menos.
A todas as mães, um feliz Dia das Mães.
...
E todos os outros dias, que sejam felizes também. 

sexta-feira, 9 de maio de 2025

De Golpes de Estado e tentativas


Um "golpe de estado (Coup d'Etat)" romanticamente se define como uma mudança disruptiva das entidades que formam o estado/governo anterior (democrático ou não), a mais das vezes, à força das armas.
Usualmente trocando essas entidades pelo seu radical contrário, ou uma variação subjetiva e muito particular do anterior.

A única vez que o golpe de estado se justifica é quando dá certo.
Ninguém, ou poucos, se revelam ante o fato consumado.

As leis brasileiras não trazem um número exato de "tipos" de crimes, mas sim uma vasta gama deles, categorizados de diversas maneiras.
O Código Penal Brasileiro é a principal lei que define crimes, mas outras leis esparsas também tipificam condutas criminosas.
Para dar uma ideia mais clara, podemos pensar nas grandes categorias de crimes presentes no Código Penal:
 * Crimes contra a pessoa: Abrangem desde os mais graves, como homicídio (art. 121) em suas diversas formas (doloso, culposo, qualificado, privilegiado), infanticídio (art. 123), induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (art. 122), e as diversas formas de aborto (arts. 124 a 128), até crimes como lesão corporal (art. 129), abandono de incapaz (art. 133), omissão de socorro (art. 135), ameaça (art. 147), sequestro e cárcere privado (art. 148), violação de domicílio (art. 150), entre outros.
 * Crimes contra o patrimônio: Incluem furto (art. 155), roubo (art. 157) e suas formas qualificadas (como o latrocínio, roubo seguido de morte), extorsão (art. 158), dano (art. 163), apropriação indébita (art. 168), estelionato (art. 171), receptação (art. 180), e outros que lesam bens e direitos de valor econômico.
 * Crimes contra a dignidade sexual: Envolvem estupro (art. 213), assédio sexual (art. 216-A), exploração sexual de vulnerável (art. 218-B), entre outros.
 * Crimes contra a fé pública: Como falsificação de moeda (art. 289), falsidade documental (arts. 297 a 304).
 * Crimes contra a administração pública: Abrangem peculato (art. 312), corrupção (ativa e passiva - arts. 317 e 333), prevaricação (art. 319), entre outros delitos praticados por ou contra funcionários públicos.
 * Crimes contra a paz pública: Como incitação ao crime (art. 286), associação criminosa (art. 288).
 * Crimes contra a incolumidade pública: Incluem incêndio (art. 250), explosão (art. 251), inundação (art. 254), entre outros que colocam em risco a segurança coletiva.
 * Crimes contra a honra: Difamação (art. 139), injúria (art. 140), calúnia (art. 138).
Além dessas categorias principais do Código Penal, existem inúmeros crimes tipificados em leis especiais, como:
 * Crimes ambientais (Lei nº 9.605/98).
 * Crimes de trânsito (Código de Trânsito Brasileiro - Lei nº 9.503/97).
 * Crimes eleitorais (Código Eleitoral - Lei nº 4.737/65).
 * Crimes tributários (Lei nº 8.137/90).
 * Crimes contra a ordem econômica e financeira (Lei nº 8.176/91).
 * Crimes de lavagem de dinheiro (Lei nº 9.613/98).
 * Crimes relacionados a entorpecentes (Lei nº 11.343/06).
 * Crimes digitais (Lei nº 12.737/12 e outras).
Portanto, em vez de um número fixo, o que existe é um sistema complexo, extenso e mutante de tipificações criminais, abrangendo uma vasta gama de condutas que a lei busca punir. Cada um desses "tipos" de crime pode ainda ter diversas formas (simples, qualificada, tentada, consumada, etc.) e diferentes penas associadas.

Juro, era tudo muito mais simples e direto quando tínhamos somente 10 Leis.


A tentativa de golpe de estado se encaixa nos Crimes Contra o Estado Democrático de Direito, mais especificamente no artigo 359-M do Código Penal Brasileiro, introduzido pela Lei nº 14.197/2021.

O artigo define o crime da seguinte forma:
> Art. 359-M. Tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído:
> Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos, além da pena correspondente à violência.

Portanto, a tentativa de Golpe de Estado é uma conduta criminosa autônoma, com pena específica prevista no Código Penal, dentro do Título XII, que trata dos Crimes Contra o Estado Democrático de Direito.
É importante notar que a lei pune tanto a consumação do golpe quanto a sua tentativa. Algo como, continuam sendo crimes a tentativa de estelionato (Art. 171) quanto a tentativa de homicídios (Art. 121). Entendeu a gravidade?

Além daquele artigo específico (Art. 359-M), outras condutas relacionadas a uma tentativa de golpe podem ser enquadradas em outros crimes contra o Estado Democrático de Direito, como a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L), associação criminosa (art. 288, podendo ser qualificada se armada), e outros crimes conexos dependendo das ações concretas realizadas na tentativa golpista.

Então, de novo atente que, a definição de Estado Democrático de Direito é fundamental para compreender por que a tentativa de golpe é um crime tão grave. 

Vamos lá:
O Estado Democrático de Direito é um sistema de governo e de organização da sociedade que combina os princípios da democracia com os da supremacia da lei (o chamado "Estado de Direito"). Vulgo: Democracia.
Pode ler isso de novo, faço questão. 

Em outras palavras, é um modelo em que o poder estatal emana do povo (exercido por meio de representantes eleitos ou diretamente, nas formas previstas na Constituição) e é exercido dentro dos limites estabelecidos por um ordenamento jurídico fundamental, a Constituição Federal, garantindo direitos e liberdades individuais e coletivas.

Podemos desmembrar essa definição em alguns pilares essenciais:
 * Soberania Popular: A base do poder estatal reside no povo, que o exerce por meio do sufrágio universal e do voto direto e secreto para eleger seus representantes. Além da representação, a participação popular pode ocorrer de outras formas previstas na Constituição, como plebiscito e referendo.
 * Supremacia da Constituição: A Constituição Federal é a lei fundamental e máxima do país. Todas as demais leis e atos normativos devem estar em conformidade com ela. Nenhuma lei ou ação governamental pode contrariar os princípios e as normas constitucionais.
 * Império da Lei: Todos, inclusive o Estado e seus agentes, estão sujeitos à lei. Não há espaço para o arbítrio ou para o exercício do poder fora dos limites legais. A lei deve ser geral, abstrata e impessoal, aplicando-se a todos de forma igualitária.
 * Separação de Poderes: Para evitar a concentração excessiva de poder e garantir o equilíbrio e a fiscalização mútua, o poder estatal é dividido em funções distintas e independentes: Legislativo (cria as leis), Executivo (administra o país e executa as leis) e Judiciário (aplica as leis e resolve os conflitos). Mais uma vez, Forças Armadas não são Poder. São forças, criatura! Há uma diferença.
 * Reconhecimento e Proteção dos Direitos Fundamentais: O Estado Democrático de Direito se caracteriza pelo respeito e pela garantia dos direitos e liberdades fundamentais, tanto individuais (vida, liberdade, igualdade, segurança, propriedade) quanto sociais (educação, saúde, trabalho, assistência social), políticos (votar e ser votado, participação política) e coletivos. Esses direitos são previstos na Constituição e em tratados internacionais de direitos humanos.
 * Legalidade e Segurança Jurídica: A atuação do Estado deve se pautar pela lei (princípio da legalidade), e as normas jurídicas devem ser claras, estáveis e previsíveis, garantindo aos cidadãos a segurança em suas relações jurídicas e a previsibilidade das consequências de seus atos.
 * Responsabilidade dos Agentes Públicos: Os agentes públicos são responsáveis por seus atos e omissões no exercício de suas funções, podendo ser responsabilizados nas esferas administrativa, civil e penal.
 * Controle da Administração Pública: Os atos da administração pública estão sujeitos a controle judicial (pelo Poder Judiciário), legislativo (pelo Poder Legislativo) e social (pela participação da sociedade).

O Estado Democrático de Direito busca conciliar a vontade popular com a segurança jurídica e a proteção dos direitos fundamentais, estabelecendo um sistema em que o poder é exercido de forma legítima e limitada pela lei, com o objetivo de promover o bem-estar social e a justiça igual para todos.

Logo, a tentativa de golpe de estado atenta, então, diretamente contra esses pilares, buscando subverter a ordem constitucional e a vontade popular expressa nas eleições, daí a sua gravidade como crime contra o Estado Democrático de Direito.

Se, até agora, esteve prestando atenção à leitura, deve ter começado a perceber que cada um de nós fazemos parte desse tal Estado Democrático de Direito. Falamos justo da amálgama que nos torna cidadãos deste país democrático. Espero que tenha entendido que o crime foi cometido contra todos e cada um de nós.
Eis aí onde reside a lesa gravidade da mera tentativa. O homicida não é menos criminoso porque matou somente uma vitima.

A experiência brasileira mostra que golpes de estado receberam apoio popular mesmo de quem não teria benefícios reais com o desmonte do Estado, evidenciando que parte da sociedade pode ser manipulada a legitimar rupturas antidemocráticas. 

Ao falhar em enfrentar tentativas golpistas, a sociedade permite que a democracia liberal seja desacreditada, criando condições para o surgimento de alternativas autoritárias e para o fortalecimento da extrema direita.

Resumindo: ignorar tentativas de Golpe de Estado corrói defesas institucionais, legitima o autoritarismo, enfraquece as normas democráticas e pode levar à própria morte da democracia -- muitas vezes sem que a sociedade perceba até que seja tarde demais.

Anistia NUNCA!
...



Se chegou até aqui, obrigado.


quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Sobre Tipos de Governo

Definições de Tipos de Governo
Porque, as vezes parece, que confundimos coisas e os conceitos. Uma ajuda para lembrar do que falamos.

1. Comunismo:
 * Um sistema socioeconômico e político que visa estabelecer uma sociedade sem classes, sem Estado e sem propriedade privada dos meios de produção.
 * A produção e a distribuição de bens são organizadas de acordo com a necessidade e a capacidade de cada indivíduo, com o objetivo de alcançar a igualdade social e econômica completa.
 * Na prática, o comunismo geralmente se manifestou como um sistema de partido único, com forte controle estatal sobre a economia e a sociedade.

2. Marxismo:
 * Uma teoria socioeconômica e política desenvolvida por Karl Marx e Friedrich Engels.
 * O marxismo analisa a história através da luta de classes e prevê a inevitabilidade da revolução proletária, que levaria ao comunismo.
 * Ele enfatiza a importância da propriedade coletiva dos meios de produção e da abolição da exploração capitalista.

3. Corporativismo:
 * Um sistema político e econômico em que o Estado organiza a sociedade em corporações ou grupos de interesse representando diferentes setores da economia (trabalhadores, empregadores, profissionais, etc.).
 * O Estado atua como mediador entre esses grupos, buscando harmonizar seus interesses e alcançar a estabilidade social.
 * O corporativismo geralmente se opõe tanto ao liberalismo econômico quanto ao socialismo.

4. Socialismo:
 * Um sistema socioeconômico e político que defende a propriedade pública ou coletiva dos meios de produção e a distribuição de bens e serviços de acordo com a contribuição de cada indivíduo.
 * O socialismo busca reduzir a desigualdade social e promover a justiça social através da intervenção estatal na economia.
 * Existem diferentes vertentes do socialismo, como o socialismo democrático, o socialismo revolucionário e o socialismo de mercado.

5. Democracia:
 * Um sistema político em que o poder é exercido pelo povo, seja diretamente ou através de representantes eleitos.
 * A democracia se baseia em princípios como a liberdade individual, a igualdade política, o Estado de direito e a participação cidadã.
 * Existem diferentes formas de democracia, como a democracia representativa, a democracia direta e a democracia participativa.

6. Anarquia:
 * Uma filosofia política que rejeita todas as formas de governo e hierarquia, defendendo a liberdade individual e a autogestão da sociedade.
 * Os anarquistas acreditam que a sociedade pode funcionar sem a necessidade de um Estado ou de leis impostas, através da cooperação voluntária e da solidariedade.
 * Existem diferentes vertentes do anarquismo, como o anarcocomunismo, o anarcossindicalismo e o anarcocapitalismo.
É importante notar que:
 * Estes são apenas breves resumos de conceitos complexos e que existem diferentes interpretações e variações dentro de cada um deles.
 * Na prática, muitos sistemas políticos e econômicos são híbridos, combinando elementos de diferentes ideologias.

7. Liberalismo econômico 
 * O liberalismo econômico é uma doutrina econômica que defende a mínima intervenção do Estado na economia, priorizando a liberdade individual e a livre concorrência. Seus principais princípios incluem:
 * Livre Mercado: A crença de que a economia deve funcionar com base na oferta e demanda, sem interferência governamental na fixação de preços ou na produção.
 * Livre Iniciativa: A liberdade de indivíduos e empresas de empreender, investir e produzir sem restrições excessivas do Estado.
 * Propriedade Privada: O direito dos indivíduos de possuir e controlar bens e recursos, incluindo empresas e terras.
 * Livre Concorrência: A competição entre empresas no mercado, que teoricamente leva à inovação, eficiência e melhores preços para os consumidores.
 * Livre Comércio: A defesa da redução ou eliminação de barreiras comerciais entre países, como tarifas e quotas de importação.

O liberalismo econômico teve grande influência no desenvolvimento do capitalismo e na formação de muitas economias modernas. Seus defensores argumentam que ele promove o crescimento econômico, a inovação e a prosperidade. No entanto, seus críticos apontam para problemas como desigualdade social, concentração de riqueza e poder nas mãos de poucos, e a falta de proteção para trabalhadores e o meio ambiente.

8. "Ditadura Militar" e "Ditadura Civil"
Ambos se referem a regimes autoritários onde o poder é concentrado e as liberdades individuais são suprimidas. No entanto, existem diferenças importantes entre eles:

Ditadura Militar:
 * Quem detém o poder: As Forças Armadas controlam diretamente o governo, muitas vezes por meio de um golpe de Estado.
 * Como se mantém no poder: Uso da força militar, repressão, censura e suspensão de direitos civis.
 * Características: Hierarquia militar rígida, frequente estado de emergência, e foco na segurança nacional como justificativa para suas ações.

 * Exemplos: Brasil (1964-1985), Chile (1973-1990), Argentina (1976-1983).

Ditadura Civil (o que é isto?):
 * Quem detém o poder: Um líder civil ou um partido político, sem ligação direta com as Forças Armadas.
 * Como se mantém no poder: Culto à personalidade, propaganda, manipulação das eleições, e repressão seletiva a opositores.
 * Características: Pode haver fachada de democracia, com instituições como parlamento e eleições, mas estas são controladas pelo ditador.

Ditadura Civil-Militar (gente, isto existe?):
Alguns estudiosos argumentam que a ditadura brasileira (1964-1985) foi, na verdade, uma ditadura civil-militar. Isso porque, apesar do comando das Forças Armadas, houve forte participação de civis no regime, como políticos, empresários e tecnocratas, que legitimaram e sustentaram a ditadura. A maioria, não. 

Resumindo:
Ambas as formas de ditadura são regimes autoritários que negam liberdades individuais e direitos políticos. A principal diferença reside em quem exerce o poder: os militares diretamente, ou civis com ou sem apoio militar. Apesar destes ser a base de tudo.

É importante lembrar que estas definições não são absolutas e podem haver nuances e casos híbridos.



sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Barbosa e Barbosa

Às vêzes posso discordar, nem preciso anuir sempre, mas desta vez sou voto vencido. Sinto a mesma vergonha de um e a ira impaciente do outro. Mesmo que o poema seja de Cleide Canton com citação ao Rui no final.
Leia com atenção. Demore-se na leitura, comente e, se acreditar que merece mesmo... compartilhe como eu acabo de fazer.


Sinto vergonha de mim por ter sido educador de parte deste povo,
por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia, pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez
no julgamento da verdade, a negligência com a família,
célula-Mater da sociedade, a demasiada preocupação
com o 'eu' feliz a qualquer custo, buscando a tal 'felicidade'
em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido, a tantos 'floreios' para justificar
atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição
de sempre 'contestar', voltar atrás e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim, pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos que não quero percorrer...

Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra,
das minhas desilusões e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir, pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir o meu Hino e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor ou enrolar o meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro!

'De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto'.

(Rui Barbosa - 1918)


Manifestação de Ministro Joaquim B, após o julgamento:
"Não é a política que faz o candidato virar ladrão, é o seu voto que faz o ladrão virar político".


terça-feira, 18 de junho de 2024

1-2-3

Recentemente temos sido invadidos por noticias, comentários, análises e visualizações de acontecimentos mundiais que, nos deveriam levar a ver, a pensar e fazer as coisas diferentes. 
Um novo normal, por assim dizer.

Há guerras, desastres, inundações e epidemias para todos os gostos e de
várias colorações. Todas com uma nota comum, nós estamos ligados a todas elas, de uma ou outra forma. Se isto fosse um romance policial, nós todos, seríamos o suspeito perfeito. Vítimas ou algozes. A não ser que um raio nos atingisse, um vulcão explodisse sob nossos pés ou massas continentais se movessem, criando montanhas intransponíveis, o culpado em ambas situações - lamento informar - somos nós mesmos.
Desculpe-me caro leitor, não é pessimismo nem depressão. Só um alinhavado de causas e consequências simples.

Não foi o S. Jobs quem disse: "deem os serviços complicados aos preguiçosos, eles encontrarão a forma mais fácil de fazê-lo"? Simplifique os serviços, que os preguiçosos virão, como moscas à carniça.
Simples, não?

Vejamos cada item mencionado na introdução, no fore play digamos:
Temos guerras. Rússia vs Ucrânia, Israel vs Palestina, Estados Unidos vs China, Coreia do Norte vs Coreia do Sul, Estados Unidos vs resto do mundo. Genocídios na Armênia e em Gaza. O Sudão e o Congo sendo o Congo de sempre.

Temos desastres. Terremotos na Turquia, terremoto na Coreia, terremoto no México, terremoto na Argentina, furacões no meio-oeste dos Estados Unidos, calores extremos no México, na Ásia Central e secas no norte do Brasil e partes da África. 
Temos inundações na Bélgica, na Itália, Espanha, no Rio Grande do sul no Brasil.

E, também temos, as epidemias. Tivemos covid19 e chicungunha, agora andamos às voltas com a dengue.
Temos que revisar e corrigir os índices de incidência e mortalidade de muitas patologias que nos afligem para identificarmos o que procurar (patógenos e medicamentos).
"Vamos por partes", disse Jack the Ripper, se não, não acabo.

Veja como, vítimas ou algozes, dizia eu (qual Unamuno), somos personagem ou coro dessas peças todas.
Pois bem.
Simplifique todas elas à sua essência primordial.
Sim, sei que parece impossível, mas lembremos que isto é um exercício de imaginação. Sem certo ou errados, acimas e abaixos. Liberte-se de constrangimentos sociais e seja feliz. Aprenderemos pelo caminho. Sigam-me...

Deixemos as guerras de lado como desinteligências entre vizinhos ou parentes. Os desastres, como somatórias de eventos matematicamente calculados. E as epidemias como "viu, falei que ia dar merda!" Continuamos a nos esforçar para encontrar a forma certa de fazer o errado. Ou não?

Peguemos inundações.
Inundações sim, porque últimamente são o que mais vemos e ouvimos na TV enquanto remamos de um bairro ao outro. Assim, ninguém pode dizer que não sabia ou que nunca viu.
A inundação do Rio Grande do Sul aconteceu, a partir do dia 28 de abril de 2024, uma sexta-feira. Enquanto São Paulo enfrentava um caldeirão de calor, lá chovia entre 500 a 700 mm. O equivalente a um terço da media historica do esperado para o ano todo.
Um chuvão e tanto!
Foi tanta chuva que os gatos, os cachorros e um cavalo (Caramelo) subiram ao telhado. Bem, mais de um. Teve um que chegou ao 3° andar dum prédio. 
Houve, em várias cidades do estado, 172 mortos (até agora). 572.7 mil desalojados*.
Mas, por quê dessa chuva toda? Por quê da inundação? La Niña fazendo birras na América do Sul?
Com toda nossa avançada ciência e tecnologias, esquecemos de prestar atenção ao nosso redor. 

Eles nunca tinham sido inundados antes? Sim, já houve grandes inundações em RGS, em 1941. E fizeram várias comportas para evitar novas surpresas. 
Mas convenhamos que "amostra grátis de Dilúvio" não é surpresa, é desastre.
Escrito em maiusculas!
As comportas não abriram, não cederam. As águas passaram por cima como se elas não existissem. Das casas só dava para ver os telhados. Os gatos, os cachorros e os cavalos em pé, sobre eles. E os botes e as motos aquáticas indo e vindo.
As chuvas também.

Esqueçamos os mapas de relevo da região. Ninguém lembrou deles na hora de ocupar o solo. Nem da vazão dos rios e corpos d'água. Ou das matas ciliares e adjuntas. E tudo o que a somatória delas modifica.
O homem, como capaz de modificar seu ambiente, como o Rei da Criação, o modifica.
E quem não gostar, que se mude.
Como já disse o filósofo Garrincha: "esquecemos de combinar co'os russo".

Somos parte (pequena) de um sistema complexo e aberto, onde toda rodinha dentada move um rodão.
Podemos continuar medindo tudo à nossa altura, mas lembremos: comparados com a natureza, que pouco conhecemos, somos menores que quanta.
Ela É... T-O-D-O.

Simples assim, ou ainda precisa um desenho.




* Segundo dados do IPH da UFRGS.

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Somos T-O-D-O-S animais

Somos T-O-D-O-S animais.
Como poderíamos definir como "animal feroz", um leão que admira num urro, o por de sol nos campos do Serengueti recém molhado pela chuva, enquanto sua garra oprime a garganta de uma jovem gazela de Thompson prenhe.


E, no entanto, definir como "civilizado", um sujeito que controla, da sua sala climatizada, a kilometros de distância, um drone que lançou bombas de fragmentação sobre acampamentos de refugiados civis em zona neutra.
Enquanto escutava motivos de Scarlatti, o filho.
Qual dos dois menos animal?
Ou mais?


A Terra (3° planeta do Sistema Sol) continua sendo um lugar caótico e muito perigoso.

terça-feira, 19 de março de 2024

O Rei continúa nú!

Nem que chova SuperBonder dos céus, seremos capazes de juntar-nos, como um só povo, por um desejo comum. Cada um de nós tem uma versão muito particular de ganância.

E Lula gritou: "o Rei está nú!" e virou um pandemônio global.
Que falta de respeito do Sr. Lula para com Israel. Só porque estão numa campanha especial de exterminio do povo palestino, em terras palestinas.
É um despropósito, uma falta de respeito para com a história do povo judaico (sic).
Lembremos do "Lebensraum" de Ratzel (1901).

Esquecemos, e alguns comentaristas seguidores de ideologías fingem não saber, que o liberalismo econômico nos obriga a perceber além do maniqueísmo, do 100% certo ou errado. E nos posicionar de acordo. 
Como país, livre e soberano, capaz de termos nossos próprio limites e empatias.
Em varios graus.

Insistir na visão submissa (de viralatismo terceiromundista) e colonial de quem tem poder, tem razão, pelo simples fato de ter poder.
E se autodeclarar: civilizado. (!)

Intimoratos, qualquer voz que se alce contrária à doutrina impingida em voga, será - terá de ser - errada, incorreta, ridícula.
 

"O Rei está nú!" do Sr. Lula da Silva, Presidente eleito da República Federativa do Brasil, pela repercussão obtida virou um grito de basta pacífico, sem ameaças de agressão ou morte. Comparar os ataques-repostas de Israel na Palestina (principalmente na faixa de Gaza, desejada pelo estado judeu desde 1949) com os ataques aos judeus indefesos da europa pelos nazistas na Segunda Guerra chega a ser uma imagem básica, comum a todos nós. Afinal, quem ai não assistiu um filme ou documentário da 2a. guerra até hoje?


"Genocídio: extermínio deliberado, parcial ou total, de uma comunidade, grupo étnico, racial ou religioso". Independente de ser promovido por Gengis Khan, Hitler, Pol Pot, Netanyahu ou quem quer que seja o maluco da vez.

A imprensa corporativa reclamar, nas redes, que o Holocausto é privativo do povo judeu, e que o sr. Lula da Silva não tem repertório para fazer tal comparação, é aumentar o fato e diminuir, ao mesmo tempo, não somente o Sr. Lula, mas T-O-D-O-S nós.
Humanos.

Israel está errado e errando, tanto quanto a Alemanha esteve e fez.


_____________________
Posts relacionados 
Lula estava certo
Pequenos Reis, Pequenos Reinos
De Monstros e ninguém mais
Quem tem medo do Populismo?
A Parábola dos Macacos
Abelhas
Modelo democrático 
Visto de fora... bem de fora
A Cara de uma Nação
Governo dos Outros
Mores