O mundo atravessa uma crise como já faz tempo não se vivia. Temos uma pandemia mundial de 4% de letalidade. O Covid-19 se espalhou, desde seu berço chinês, como fogo de palha. Ele acaba de testar, não só as rotas, mas também as redes, de comunicação mundial.
Temos somente um mundo, logo mundial, não mundiais, por mais que cada um de nós tenha um seu mundo individual e privado. Para Hall (2006), "o sujeito desenhado na pós-modernidade é uma tessitura complexa de diversos fragmentos identitários". Conforme-mo-nos: você é meu irmão, não meu vizinho. Sou suceptivel à doença e tão mortal quanto você. Ambos adoecemos e morremos igual às moscas e às abelhas.
Os governos, cada qual à sua velocidade, adotou medidas profilácticas para estancar a infeção. Cada uma delas foi tingida por ideologias e cultura local. Chamaram-na desde "fantasia ideológica", "histerismo midiático" até "gravidez" (vai entender), enquanto brincavam de Capitão América do Sul.
Os vírus, bem dizia o Dr. HTorloni, "não têm sutileza, nem escolhem favoritos". Ainda que, velhos e crianças, sejam seus alvos preferidos. Além deles, pega em qualquer um que tenha pulmão.
No mundo!
Os animais parecem imunes, até agora.
Mas, se reconhecemos o problema, a solução por outro lado, nos ilude. Somos confrontados por um contexto histórico único. O que fizermos dele marcará nosso futuro como raça. A humanidade (ou sua ausência) não será mais a mesma. No nosso país, a cultura do: "deixa como está para ver como é que fica", prevaleceu sobre o senso comum. E, como é cultura nacional, quase ninguém reclamou quando propostas caras, sem pé nem cabeça, foram elencadas pelo governo.
Como disse acima: "enfrentamos um contexto histórico único", não resolveremos os novos problemas repetindo velhas soluções. De fato, é hora de desenvolver novas formas de enfrentar. Esquecer o atávico 'jogar pedras' ao desconhecido.
Devemos desenhar soluções sistêmicas novas.
Nossa rotina foi drasticamente mudada. Ao invés de reclamar, aproveitemos esta oportunidade! Sim, é oportunidade. Se antes vivíamos sendo criativos, proativos, produtivos, o que mudou? A geografia? O tempo? Nós? Brotaram asas e rabos nas nossas costas, por acaso?
A quarentena nos exporá ao convívio familiar. De repente, seremos até capazes de (re)descobrir como somos simpáticos. Ou não. Uma nova forma de relacionamento: 24h por dia, juntos.
A 'revolução tecnológica' atrelada a avanços na técnica e na tecnologia, de Oliveira (2014) acontecerá bem no meio do 'novo modelo de sociedade' de Castells (1999). Pense comigo; perceba além da quarentena, eis uma revolução dentro de outra revolução.
As adequações necessárias serão efetivadas na velocidade em que forem assimiladas como válidas. Home-office existe há mais tempo do que se imagina. Por enquanto teremos os picos de ganância vil e egoísmo estúpido naturais à raça humana. Nos identificamos mais com o "homem natural" de Hobbes do que com a "inocência cândida" de Voltaire. Nihil novum sub sole.
Não entendemos completamente o novo contexto. O paradigma novo de Berners Lee foi mudado por uma avalanche de poucas micra de tamanho. A equação mudou. Onde antes nos acomodamos, pois a tecnologia se desenvolvia geometricamente, hoje fomos tangidos à fluidez de novos ambientes. Não é teste de resistência, é (quero acreditar) evolução.
A logística ainda há de ajustar os ciclos de produção-distribuição-consumo-reciclagem, enquanto ela mesma entende e se ajusta aos novos tempos. Veremos o nascimento da logística multidisciplinar como ciência emergente da civilização pós-moderna. Pós-pandêmica.
Ou vocês esperavam solos de trompete angelical?
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