sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Pequenos Reis, Pequenos Reinos (Metáforas)

Quando pequeno, me lembro, vivia rindo das peripécias do The Little King (não sei qual nome era dado aqui no Brasil) desenho de Otto Soglow, em 1933. Um reizinho pequeno, num pequeno reino, às voltas com a pompa e circunstância do posto.
Ele só queria se divertir.


Hoje, prestando atenção no que acontece ao nosso redor, poderemos ver pequenos reis e seus pequenos reinos a esbarrar com o nosso próprio.

O motorista que ultrapassa pela direita e é ainda capaz de 'empurrar' veículos à sua frente para ocupar, ele, um espaço.
E, quem percebe o erro no troco, mas guarda silêncio para ficar com a diferença. Quem quebra o vidro do estabelecimento para roubar peças e produtos que, em última análise, nem precisa. "Porque os outros estavam saqueando, peguei e agora devolvo contrito à delegacia do bairro".

Mas, ai do coitado que esbarrar no meu "direito de ser feliz", de ter o carro último modelo, ou de ganhar um salário maior que o meu. Ou, então pior, que tenha um objeto que (eu acredite seja) melhor que o meu, ganhe mais ou tenha uma casa maior.
Torna-se imediatamente, meu inimigo. Némesis social e político.

E falando em política, os políticos brasileiros, que desde o último golpe, e mesmo depois dele, continuam a se locupletar nas burras do governo, às custas do povo. Do pagador de impostos, do eleitor incauto, do aposentado e pensionista em fim de corrida.
Fim de linha-vida.



O ano de 2017 chegou a ser definido pelos próprios organismos oficiais como; corrupto, o "Ano da Corrupção". E ninguém do governo diz, nem se atreve a dizer, nada.
Pois nem essa boca come feijão, faz tempo. Agora só faz festa des "servilletes" na avenida Foucault.
Um pequeno rei de um pequeno reino.

Elite chega a ser tão definida quanto uma das castas brâmanes. Os oficiais dos três poderes democráticos, cada um mais que os outros todos, querem sua parcela de elite e definição.
Cada qual pequeno rei em seu pequeno reino.




domingo, 22 de setembro de 2019

Heston no domingo

Imagine a cena:
Moisés assombrado e cansado, descendo a montanha com as duas tabuletas da Lei, escritas a mão pelo próprio Deus, e dá de cara com uma festa, um festival, uma orgia de celebração, onde o povo beija que beija o cu de uma imagem de bezerro dourado ao  invés de recebê-lo com alegria.
Imaginem seu desapontamento. Só comparável com sua irritação.
- Se ele fosse Deus, nossa história teria acabado por aí.


Atirou as tábuas divinas e destruiu o tal bezerro! Só então parou, ao perceber o que tinha feito, teria que voltar e pedir cópias.
Ao próprio Deus!
Cópias da Lei!
Deus em tábuas! De pedra!
O povareu ficara sem bezerro dourado, destarte sem cu para beijar.
No vácuo.
Moisés, a subir a montanha, de novo, em busca de cópia das Leis.

E Deus vendo tudo isso, ao mesmo tempo.
- "Já sabia. Paciência.
Escrevo de novo e pronto. Desta vez deixarei a Lei da Gravidade de fora. Vamos ver quanto tempo leva pra eles entenderem a piada."
Vida que segue.
...


terça-feira, 3 de setembro de 2019

Kilroy

Para aqueles que acreditam que dizer: "vamos ajudar o pessoal de Humanas vender miçangas", como verdade e piada, eis um conto:

- "Na grande festa de inauguração da pirâmide amastabada do faraó Quem-hé 1°, a primeira pirâmide da qual se tem alguma notícia documentada, o escriba Risca-i-vai, da Folha de Papiros, perguntou ao architecto:
- "Qual seu nome, o sumidade, por gentileza?".
Ao que o ente, semi-divino, suspirou, entre estaciado e embevecido com a magnitude da construção; "Im-nho-tep". Deu alguns passos e sumiu na multidão de convidados.
- "Ele disse: Im-o-tek ou Ino-pet?" - perguntou Giz-de-Cera o estagiário, escriba em treinamento.
- "Isso se escreve desenhando o Ibis antes ou depois do nenúfar?" insistiu o estagiário. - 
- "Sempre me confundo com a nova regra ortográfica". Mas, parou de perguntar num murmúrio, ao perceber o olhar do escriba Risca-i-vai.
Graças ao panteão de Deuses, o jovem Kheops, passou perto o suficiente para chamar a atenção do superior.
- "Principe, ó príncipe!"
Saíndo saltitante atrás de um novo furo.
- "Gazelas" - disse em voz baixa o estagiário, enquanto juntava papiros e tabuletas para ir atrás do chefe. Não sem antes garatujar na parede do novo monumento, sua marca registrada:


Como disse antes Saint-Exupery, um outro escritor de "Principes"; "o essencial é invisível aos olhos".