sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sherazade 2 (leve revisão)

Desde criança sempre fui atraido por histórias fantásticas.
Quanto mais fantásticas melhor!
Histórias e filmes de fadas, gênios, e objetos mágicos eram as minhas preferidas. Alias, até hoje!
Não me importava o maniqueísmo contido na história, nem a cenografia do filme; eram os gênios e seres mágicos que me chamavam a atenção. Aprendia de ouvido, vendo como tudo era possível.

Os três desejos, então, dentre meus favoritos eram o ápice da fábula. Eram eles que mudariam o resto do conto, o final da história, a vida do principal personagem, que invariávelmente tinha sido tirado de sua "zona de conforto", sofreria desafios impensados até que... seus conhecimentos, habilidades e atitudes somados não seriam suficientes para tirá-lo da enrascada.

Usualmente a história era interrompida aqui. Tinha algo a ver com aumento das expectativas, valorização do produto, ansiedade (ou stress) ou então; eu tinha pegado no sono mesmo.


Noite seguinte; Parte 2 - O finalmente -
Tinha me colocado no lugar do herói desde o começo!
"E agora, u qui qui eu faço?"

No penúltimo momento descubro uma lâmpada, um livro, um anel, um peixe mágico, sei lá!
E vem com manual!
"Esfregue aqui para convocar o ente contido. Mantenha fora do alcance das crianças. Produto não reciclável."
A estas alturas eu estava com endorfina saíndo pelos ouvidos de tão assanhado!
(Imagine as matinés de sábado no Edison ou no Ancón e o herói aparecendo ocupando toda a tela!
Quem nunca viu não pode nem imaginar o escarceu!!)

Era um tal de Epas!, Opas! O mocinho descendo o sarrafo no vilão! Fazendo-o provar do seu próprio veneno. Catando a mocinha -com todo respeito- e tascando-lhe um beijo de Roto-rooter!

E viveram felizes para sempre, enquanto nos fades (in/out) apareciam as palavras: "The End". Acompanhadas de uma emocionante fanfarra musical que seria nossa companheira de aventuras até o sábado seguinte.

Acendiam-se as luzes e abriam-se as portas, liberando uma molecada superexcitada e barulhenta, feito bando de periquitos, sobre a cidade inocente e desavisada!

Mas dizia eu que o importante das tais histórias eram os desejos. Em máximo de três e mínimo de um, tinhas o direito de pedir o que quer que fosse (menos: ter mais desejos, claro... coisas de sindicato e contabilidade) que te seria concedido.

Acho que foi a primeira pergunta séria que me fiz na vida toda: Qual seria meu primer desejo? Claro, pois o primeiro era o mais importante! Dele dependeriam todos os outros. Passei um bom tempo pensando nisto.
Quanta bobagem, pensarão... Mas, para um moleque daquela idade (sei lá qual, imagine uma!) ISSO é importante. Pelo menos para mim.

Deveria estar preparado para responder: Qual seu primeiro desejo?
Desastrado como era, poderia ser meu último. Não queria correr esse risco.
E pensei... pensei... pensei...

O tempo foi passando, o Edison e o Ancón foram demolidos, e ainda não tinha uma resposta satisfatória. Encontrar, encontrei mas, por A mais B, sempre achava alguma falha ou mossa que tirava o tchans da resposta.
Ninguem tinha passado por aqui antes?

A resposta me veio de onde menos esperava encontrar!
Um dos meus heróis veio ao meu socorro: Salomão.
Sim, o israelense filho de David.
O do Templo, o da Bíblia!
Ele tinha passado por aqui, e melhor que eu, tinha deixado um mapa para possíveis futuros turistas.
Ele pediu ao Supremo e o Supremo lhe concedeu!
Pode ver, tá lá na Bíblia!!
Por isso, carrego sempre minha resposta pronta na algibeira.

"E tu, o que desejas?"
...
...
(silêncio dramático)

"Eu desejo ser sábio como o Salomão."
...

"E, como ele, agradecer o que já me destes!"



The End
(Agora sim!!)



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