Museus são
exposições de contos, piadas.
Sim, vejam; o autor(a) seja quem for, diz o que lhe dá na telha com os meios que escolhe livremente enquanto pensa n’algo que não necessariamente aparecerá explícito na obra.
Uma piada!
Sim, vejam; o autor(a) seja quem for, diz o que lhe dá na telha com os meios que escolhe livremente enquanto pensa n’algo que não necessariamente aparecerá explícito na obra.
Uma piada!
Com o tempo, ver uma obra de arte se
traduz em algo mais do que o simples e simplista: “gostei / não gostei”.
Neste
caso específico, andando desavisado, pela primeira vez que pisava no MAC
depois de tantos, tantos anos em São Paulo, dei de cara com isto!
Me chamou
pelo nome, como se tivéssemos participado do churrasco de domingo. Quase lhe
perguntei, “o que você faz aqui”, mas me contive.
- “Sóbrio, estamos num museu.
Não dê bandeira” – pensei.
O autor
compartia uma risada homérica com o espectador.
Pelo menos cinco níveis de
leitura numa montagem deliciosa e inteligente, de leitura aberta e polifônica.
Cheguei perto o suficiente, até o vigilante do museu começar a suar e olhar
feio. Conseguia ler as páginas do dicionário-base da composição. E
aleatoriamente, pois não há ordem alguma aparente, a participação sobre os
módulos (9 linhas e 11 colunas) e a colagem das massas negras. O simples,
sempre será o mais difícil de conseguir. Depois de Wassily Kandisky e Piet
Mondrian, o padrão se complicou um pouco.
Tive a sorte de
encontrar a piada pronta. Entendê-la e, enquanto fotografava, rir dos modos de
ver dos sisudos que passavam e não paravam para rir e do vigilante com manuais
de comportamento em museus no bolso.
No MuBE de São Paulo.
Então, tinha o maluco do Lionel, falando bobagem.
"Tolendo tolens"
Era um antigo ditado na homeopatia: 'negando nega', em latim. A dupla negativa que afirmaria qualquer proposição. É exatamente o que acontece neste museu-espaço.
As portas estão abertas, o convite diz: 'venha - não venha'.
A localização, os elementos que formam a gestão ou elementos que formam o objeto em si, analisados isoladamente.
Oito obras compõem seu acervo. Verdadeiro sinalizador do espaço vazio deixado pela gestora sociedade elitista ao redor.
Só encontra similar na 235 Bowery St., em NYC. O New Museum também não tem acervo. As obras expostas são emprestadas a maioria e, as que compra, vende todas, dez anos depois. Para muitos, a própria sede, é a grande atração deste museu.
No MuBE, a proposta dos idealizadores do museu foi criar um espaço cultural aproveitando um espaço devoluto (para assim evitar a invasão humana). Um afastamento social, manter a distância.
"Não ultrapasse a linha amarela" do metrô. Quase todos obedecem.
"Não ultrapasse a linha amarela" do metrô. Quase todos obedecem.
Assim como o New Museum também, ele funciona às mil maravilhas. Vejam qualquer exposição mantida lá. A arquitetura foi pensada com esse objetivo único. Cultura como atrativo e limite.
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