domingo, 11 de novembro de 2018

De Monstros e ninguém mais

A primeira vez que escutei falar em "stakeholders", imediatamente me veio à cabeça a imagem de uma turba ensandecida, correndo aloprada e gritando com tochas e paus (os tais 'stakes') atrás de algo bem diferente de tudo o que eles conheciam.
Um monstro!

Hoje, me dizem que não, não são monstros aloprados, nem turba ensandecida. São as 'partes interessadas', o 'público estratégico', os 'interessados indiretos', e os principais causadores dos maiores transtornos aos cronogramas e especificações dos projetos. Prosumers, produzem e ao mesmo tempo consumem a produção de notícias e comunicação. Uma força quase que incontrolável e muito imprevisível. Uma Hydra, onde o erro se reproduz a cada cabeça cortada muito mais rapidamente.
Hmm...


Tenho que me desfazer desta minha impressão do texto da Sra. Wollstonecraft Shelley, e ao mesmo tempo criar um novo escaninho para a definição de "stake". Para mim, o tal monstro não é culpado de nada, mas os stakeholders (and screamers), por outro lado, sim.

Desde os tempos do DOS 2.0, e dos batch files, de comandos simples e univocos que carrego um pet peeve contra os tais stakeholders. Várias vezes cheguei a reclamar com o "El Supremo", um dos meus chefes da época: "Esses PhDs wannabes têm dez dedos nas mãos e conseguem apertar onze teclas ao mesmo tempo! Nenhuma delas a tecla certa!".
RRB olhava para mim, e sorria.


Hoje as coisas mudaram um pouco. Hoje, as personas nas sombras, os prosumers de redes, escolhem sem medo de identificação. Sim, aquelas que insultaram no estádio, furaram as filas, erraram no troco, dançaram com o pato, mentiram e ameaçaram em grupo. O que, não sei por qual motivo, me leva a lembrar umas rimas mexicanas do século xvii, onde Juana Inês de la Cruz diz:

"(...)
Parecer quiere el denuedo (Parecer quer a ousadia)
de vuestro parecer loco (de sua opinião maluca)
al niño que pone el coco (à criança que veste a fantasia)
y luego le tiene miedo. (e depois fica com medo da cuca)
(...)"

Espero que estejam confortáveis para a viagem que faremos a seguir. Teremos caminhos difíceis à frente, e sua rede... pode cair.


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