quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Jimmy Choo


Logo depois de entrar na faculdade, no século passado, ainda meninote, tive uma professora de psicologia que numa bela noite, decidiu compartir um dos seus experimentos conosco. Experimento simples, como verão. Fez ela o seguinte: numa caixa de sapatos colocou um casal de camundongos. Em pouco tempo eles tinham reproduzido e ocupado todo o espaço da caixa. E começaram os problemas: uns atacando os outros, estupros, canibalismo, corrupção e nepotismo, etc.
E ela nos contou com um 'dettachment' que, para mim, beirava mais conto de terror que relatório científico.
Lovecraft e Grimm perderam feio naquela noite. Eram meros fofoqueiros em comparação.

Tocou a sineta e acabou a aula.


A estas alturas, eu estava irritado. Por que afinal fez isso com os animais? E cometí a ousadia de ir falar isso para ela! Me custou uma prova de recuperação. Como a maioria dos meus colegas de aula, ví somente o exterior, a forma, do experimento. Não nego que continua sendo um experimento besta e bestial, simples abuso de poder. O que aprendemos disso?

Mas, afinal o que ela fez de tão macabro assim?
Retirou um casal de animais de seu ambiente natural, os colocou num ambiente altamente controlado (eliminando assim, acasos e inimigos naturais) e alimentou. Isso é um experimento. O resultado era o que deveria-mos prever; baixa taxa de mortalidade, alta taxa de natalidade, camundongos gordos e felizes feito o Mickey da Disney. Certo?
Errado!

O "ambiente controlado" para começo de conversa é artificial. E observemos que, como neste caso específico, ele não mudou, o espaço se reduz a cada novo indivíduo introduzido. O que antes era metade (1/2), à primeira ninhada foi reduzido a 1/9 (uma ninhada de -pelo menos- 7 camundongos + os 2 primeiros x 7 ninhadas por ano + outras fêmeas procriando).
A matemática é implacável, o espaço fixo do tal "ambiente controlado" não aumentará e suportará um número limitado de indivíduos.

Desde então fiquei com esse "experimento" na cabeça e de tanto pensar nele, o abrí, em formas inesperadas.


Veja os elementos que havia, suas ações e resultados. Agora alinhe os elementos que não havia e some-os aos anteriores. Veja quais os possíveis resultados. A diferença é grande assim?
Vale a pena a adição? Há alguma mudança e qual o custo/benefício dela?

Ou, numa visão muito mais cínica; porque não vamos fazer uma revisão bibliográfica qualquer ao invés de encher o saco de animais inocentes?
Behaviorista de m...!




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