sábado, 6 de junho de 2020

Regra Três

Saí, debaixo de chuva e frio, a dirigir pela cidade. Meu único companheiro, o rádio, aleatoriamente começou a tocar acústica homônima do poeta, Vinícius de Moraes.
Sem perceber comecei a fazer comparações.
Alguém deveria escrever o "(Quase) Tudo de Moraes, Marcus Vinicius", análise e interpretação de obras. Pois soltas no ambiente se prestam para múltiplas interpretações. Se não, vejamos está que ora imponho ao leitor inocente;
"Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz,
Abusou da regra três
Onde menos vale mais."
Mesmo sabendo que o poeta pilhava com seu parceiro namorador, em três frases consegue mostrar o crime, qualificar o culpado e assinar seu castigo... universal, pois atinge a todos.
Só um poeta, Marcus Vinicius, para conseguir esse feito!
Touché!

Como disse antes em outro post, a obra não acaba no "The End".
Cada 'leitura', mesmo que incidental, gera novas oportunidades de informação e, destarte, conhecimento.
A poesia e a música já nascem abertas à interpretação e prenhes de significados além daquele (ré)conhecido do autor. Entidades independentes, criaturas do artista 'pai/mãe'.

Qual a diferença de saber ou não, o como, onde e quando, da criação da obra? Tirando os ranços maniqueístas da jogada, sem o menor julgamento de valores, falamos de arte.
A intenção define o gesto.
É arte, gente!

A menor minoria é a dos poderosos.
Sim, pode ler de novo. Está escrito certo; a menor minoria é a dos poderosos. Quanto mais poderosos, menor será o número de pares. É algo lógico. Pense nos exemplos mais óbvios; pessoas, organizações e paises.
Pense, eu espero.
...

Agora voltemos à poesia do Vinícius: "onde menos vale mais", e veja a coincidência. Claro que Vinícius não tinha intenção de marcar, mas aconteceu.
Salve poeta!

Nenhum comentário:

Postar um comentário