Segmentação comportamental (Behavioral targeting) compreende uma
gama de tecnologias e técnicas (algoritmos) utilizadas por editores de sites e
anunciantes on-line que visam aumentar a eficácia da publicidade utilizando
informações de comportamento de navegação do usuário.
Altavista (15/12/95 até 08/07/13) veio antes do Google, Mosaic e Netscape bem antes do Explorer.
Faz alguns anos comentei com um amigo que "as informações novas eram, quase sempre, trazidas pelos nossos elos fracos." Uma vez que os elos fortes, quanto mais fortes fossem, mais pensavam e "sabiam" como nós.
Explico; elos fortes seriam, no caso de relacionamentos interpessoais, aqueles indivíduos com os quais temos contato rotineiro. Aqueles com os quais temos mais afinidades e um contato social muito mais intenso. Família ou a turma do churrasco do fim de semana, por exemplo.
Por outro lado, os elos fracos são aqueles conhecidos com os quais raramente encontramos ou com quem falamos de vez em quando. Estes, particularmente, são as fontes de notícias e ideias novas.
Por que?
Simples; porque diferente dos elos fortes, camaradas, amigos e família, eles não necessariamente pensam como nós. Pensam diferente, têm visões diferentes dos mesmos assuntos. Esta diferença é um dos germes de novas ideias na nossa cabeça.
Diferença faz bem... no caso.
Quando fazemos busca na internet e usamos os algoritmos inclusos nos softwares de pesquisa (todos eles desde 1995), deixamos trilhas sobre gostos e costumes. Os softwares recolhem esta informação avidamente, nos famosos cookies. Aos poucos, sem perceber, criamos um 'avatar de pesquisa' -chamemo-lo assim- que nos identifica e marca nossos gostos e respostas.
Cada vez mais, vemos como respostas às nossas inquirições, o que gostaríamos de ter como resposta. Sim, pois modulados por nossas próprias perguntas e as respostas que escolhemos anteriormente para elas, os algoritmos favorecem as respostas que se enquadrem aos nossos padrões ou gostos.
Respostas feitas para nós... especificamente. Não importa (mais) a pergunta.
O que nos leva gentilmente a (não)perceber que, a cada escolha, abrimos mão das alternativas. Cada vez mais, menos somos apresentados a elas. Chega um tempo em que não farão mais parte do repertório imediato. Não porque não existam nem sejam válidas. Mas, porque não são (por falta de um melhor termo) lógicas.
Nós não as veremos mais. As eliminamos, pois foi isso que fizemos, das mais relevantes. Os algoritmos que nos respondem avaliam a frequência de rejeição (quantitativa) das opções e as relegam a posições mais afastadas (qualitativa). Nos levando assim para uma ignorância escolhida a dedo por nós mesmos.
Desculpem o trocadilho: uma "ignorância digital".
As relações pontuais e conscientes que são o aprender, na ausência destas opções ficam "biased" a respostas conhecidas. Percebe agora o horizonte que se descortina? A inovação será cada vez mais difícil. Dados e informação nova ou diferente, expostos ao que já achávamos conhecer, são a base para o aprendizado e a inovação.
Não defendo a hipótese de que não mais haverá o aprendizado e a inovação. Longe de mim tal mentecaptice. Mas sim, de que a falta, ou diminuição, desta salutar exposição e contato, fará com que um e outra sejam mais difíceis e estreitas.
Ainda mais, que se perca a percepção da relação entre as coisas (causas e efeitos) todas. Prevejo essa separação cada vez maior. Tran-Duc Thao nos diz: "os esboços simbólicos, providos pelo movimento de cooperação, prolongam a atividade própria do sujeito e abarcam a totalidade da tarefa comum, levando cada sujeito a tomar consciência de que a universalidade é o verdadeiro sentido de sua existência singular". (1951)
A tecnologia, que deveria nos fornecer asas, acaba por impor-nos grilhões. À resposta de milhares de opções, optamos imediatistas, pelos primeiros 3, 5 ou 10 apontes mostrados pelo Google, Ask ou Yahoo. Quando muito...
Não se ofenda com a ideia. Afinal, não é tanto um "pin-point pessoal", mas, um agrupamento por qualificação (se preencher certas características, el@-você-eu, será incluído). Uma segmentação comportamental, então. Lembra quando, faz pouco tempo, o Facebook ventilou a ideia de vender informação para marketing?
Acha que isso é novo? Acha que somente o Zuckerberg faz isso?
...
E ainda há outros 'senões' no processo.
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Nós, como gota de oceanos
Contos de Fada High-Tech
Altavista (15/12/95 até 08/07/13) veio antes do Google, Mosaic e Netscape bem antes do Explorer.
Faz alguns anos comentei com um amigo que "as informações novas eram, quase sempre, trazidas pelos nossos elos fracos." Uma vez que os elos fortes, quanto mais fortes fossem, mais pensavam e "sabiam" como nós.
Explico; elos fortes seriam, no caso de relacionamentos interpessoais, aqueles indivíduos com os quais temos contato rotineiro. Aqueles com os quais temos mais afinidades e um contato social muito mais intenso. Família ou a turma do churrasco do fim de semana, por exemplo.
Por outro lado, os elos fracos são aqueles conhecidos com os quais raramente encontramos ou com quem falamos de vez em quando. Estes, particularmente, são as fontes de notícias e ideias novas.
Por que?
Simples; porque diferente dos elos fortes, camaradas, amigos e família, eles não necessariamente pensam como nós. Pensam diferente, têm visões diferentes dos mesmos assuntos. Esta diferença é um dos germes de novas ideias na nossa cabeça.
Diferença faz bem... no caso.
Quando fazemos busca na internet e usamos os algoritmos inclusos nos softwares de pesquisa (todos eles desde 1995), deixamos trilhas sobre gostos e costumes. Os softwares recolhem esta informação avidamente, nos famosos cookies. Aos poucos, sem perceber, criamos um 'avatar de pesquisa' -chamemo-lo assim- que nos identifica e marca nossos gostos e respostas.
Cada vez mais, vemos como respostas às nossas inquirições, o que gostaríamos de ter como resposta. Sim, pois modulados por nossas próprias perguntas e as respostas que escolhemos anteriormente para elas, os algoritmos favorecem as respostas que se enquadrem aos nossos padrões ou gostos.
Respostas feitas para nós... especificamente. Não importa (mais) a pergunta.
O que nos leva gentilmente a (não)perceber que, a cada escolha, abrimos mão das alternativas. Cada vez mais, menos somos apresentados a elas. Chega um tempo em que não farão mais parte do repertório imediato. Não porque não existam nem sejam válidas. Mas, porque não são (por falta de um melhor termo) lógicas.
Nós não as veremos mais. As eliminamos, pois foi isso que fizemos, das mais relevantes. Os algoritmos que nos respondem avaliam a frequência de rejeição (quantitativa) das opções e as relegam a posições mais afastadas (qualitativa). Nos levando assim para uma ignorância escolhida a dedo por nós mesmos.
Desculpem o trocadilho: uma "ignorância digital".
As relações pontuais e conscientes que são o aprender, na ausência destas opções ficam "biased" a respostas conhecidas. Percebe agora o horizonte que se descortina? A inovação será cada vez mais difícil. Dados e informação nova ou diferente, expostos ao que já achávamos conhecer, são a base para o aprendizado e a inovação.
Não defendo a hipótese de que não mais haverá o aprendizado e a inovação. Longe de mim tal mentecaptice. Mas sim, de que a falta, ou diminuição, desta salutar exposição e contato, fará com que um e outra sejam mais difíceis e estreitas.
Ainda mais, que se perca a percepção da relação entre as coisas (causas e efeitos) todas. Prevejo essa separação cada vez maior. Tran-Duc Thao nos diz: "os esboços simbólicos, providos pelo movimento de cooperação, prolongam a atividade própria do sujeito e abarcam a totalidade da tarefa comum, levando cada sujeito a tomar consciência de que a universalidade é o verdadeiro sentido de sua existência singular". (1951)
A tecnologia, que deveria nos fornecer asas, acaba por impor-nos grilhões. À resposta de milhares de opções, optamos imediatistas, pelos primeiros 3, 5 ou 10 apontes mostrados pelo Google, Ask ou Yahoo. Quando muito...
Não se ofenda com a ideia. Afinal, não é tanto um "pin-point pessoal", mas, um agrupamento por qualificação (se preencher certas características, el@-você-eu, será incluído). Uma segmentação comportamental, então. Lembra quando, faz pouco tempo, o Facebook ventilou a ideia de vender informação para marketing?
Acha que isso é novo? Acha que somente o Zuckerberg faz isso?
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E ainda há outros 'senões' no processo.
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