Já na escultura, de muitos séculos depois, podemos perceber a somatoria de toda a bagagem cultural, e mais a carga nova da revolução industrial em andamento. Sinal dos tempos de então. Ninguem poderia dizer que não foi de forma alguma atingido por ela. Não saímos incólumnes. Ainda hoje estamos sentindo seus efeitos. A vida adquiria um momento mais parecido com o atual. Era uma época de mudanças rápidas, cada vez mais rápidas. O suporte era o moderno daquela época; o metal.
Mas, quem já fez uma escultura sabe; no começo é a idéia, depois a argila, os moldes e o metal. Nunca chegamos tão perto de Deus quanto no momento da criação artística, da criação cultural. Nos despimos de todas as roupagens que nos diferenciam uns dos outros e somos “idéia”. Tão frágeis e ao mesmo tempo muito mais poderosos que qualquer outra força na natureza. Somos, por um átimo, tudo ao mesmo tempo. E o gesto se transforma em verbo, e o verbo cria.
E acontece aqui que aquele “homo-habilis” que grafitou as cavernas não se diferencia do artista que forjou a peça em metal enquanto fontes de criação. Ambos foram gesto ao criar. A mesma essência ou força criadora que não tem forma em si, mas que existe para dar forma. Tendemos a esquecer que esta gelatina opáca, prenhe de relações quemo-elétricas, que chamamos corpo é parte integrante do universo. E estamos nós, e o universo por causa disso, em constante transformação.
É por isso que não havia a diferença entre todos os homo-habilis e todos os Duchamps que houve e haverá. Transformação. Ela existe e continua mesmo agora enquanto escrevo/lê estas “mal traçadas linhas”. Mudamos e mudamos constantemente. Não podiamos esperar que nossa produção não mudasse de acordo.
Entendido isso, partamos para outro assunto.
(calma, que ainda não acabou)
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