quinta-feira, 5 de março de 2009

A Intenção do Gesto (parte 5)

(Continuação de Códigos, um pouco confuso, mesmo)
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Mas, nas artes visuais bi-dimensionais principalmente, os códigos são limitados a cor e formas. Sua posição depende únicamente dos padrões adotados pelo autor(a) para a execução da obra. E, ainda assim; modulados pelo que ele(a) sabe e consegue fazer. Podemos perceber diferenças de qualidade ou conhecimento de técnicas para a execução. Mas, isso também depende de nós mesmos conhecermos aqueles parámetros de qualidade e estas técnicas de execução. Criticar é facílimo; é só abrir qualquer publicação de meia-tijela e veremos amostras disso. Alguem assistiu o último filme do (sans nome), por exemplo? Mas, ele é crítico de cinema! Somos assim, que se vai fazer.
As vezes, ler tudo o que os críticos –ou alguns escrevinhadores sem eira nem beira– escrevem é um investimento muito caro em futilidades.

Os códigos usados com o passar do tempo nem sempre acompanham o desenvolvimento tecnológico ou industrial –cultural– do animal homem. Eles sempre ficam um pouquinho aquém ou além de nosso desenvolvimento. Como se houvesse, entre criador e criatura, um sutil erro de paralaxe. Um péndulo que nos mantém sempre fora de equilíbrio e nos força a ir em frente, a um moto perpétuo quase que imperceptível. Se eu percebo, você também pode. Em que às vezes nos perdemos e mudamos de posição, de eixo para extremo e de volta ao eixo outra vez. E aquí nos confundimos e nos perdemos. Não entendemos, e aprendemos coisas novas, diferentes.

Tomemos, como exemplo o Bauhaus do fim do século XIX e começos do XX. O que acontecia com a raça humana de então? Começavamos a usar máquinas em larga escala. Chamavamos a isso inovação tecnologica, invenções, revolução industrial. Era a era das invenções! A era da engenharia. Tudo medido, cotado, contado. Quase nada era por acaso. Nada mais natural que houvesse uma expressão nas artes. Nada mais natural que houvesse algo chamado de: Artes & Ofícios. E uma fosse misturada à outra e disso surgisse, logo na Alemanha, que adotou o espírito da época como o seu próprio; o Bauhaus. O Bauhaus era, sumariamente, o resultado de uma visão quadrada do mundo. Seco, sem enfeites, ou arroubos de paixão. Não se permitem as ondas ou curvas suaves e melosas da Art Nouveau. Isso não tem utilidade, logo não deve existir. Os estilos exatamente anteriores e posteriores a ele diziam algo diferente. O anterior; Art Nouveau e o posterior Art Decô, eram explosões de liberdade criadora. Uma busca desenfreada após a pausa. A diferença entre o Decô e o Liberty era a soma ou a falta, respectivamente, do recato extremo do Bauhaus. Sinta como “mudamos” de eixo para extremo e dai voltamos. Perceba, se quiser, como este movimento pode existir em todas as outras manifestações humanas. Um círculo que não acaba. Só mudam os atores, as formas. O essencial está lá, continua lá. Podemos morrer, como o “homo-habilis” das cavernas ou o Duchamp da escultura e ainda assim nossa passagem, como parte da raça, ficará marcada.
E os códigos que compartilhamos ficam guardados na memória de todos.

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